Míriam Leitão
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Míriam Leitão

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GERADO EM: 28/06/2024 - 09:17

Apelo por ações governamentais contra mudanças climáticas

Cientistas e pesquisadores brasileiros pedem ações permanentes do poder público diante da emergência climática. Carta aberta destaca a necessidade de medidas efetivas para prevenção e adaptação, visando evitar tragédias e promover a justiça social e climática. A mobilização busca sensibilizar governo e sociedade para a urgência do combate às mudanças climáticas.

Uma carta aberta assinada por 326 cientistas e pesquisadores brasileiros, capitaneada pela frente Justiça Climática do Greenpeace Brasil, será divulgada nesta sexta-feira pedindo medidas efetivas e permanentes do poder público diante dos desafios complexos e estruturais da crise climática. A comunidade científica - representada por profissionais de universidades, centros de pesquisas e entidades como o Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) - chama atenção para o fato que não é mais possível que os governos aleguem surpresa frente a eventos extremos com as ferramentas de diagnósticos disponíveis. Atuar somente na catástrofe, como acontece agora na tragédia provocada pelas chuvas no Rio Grande do Sul, sai mais caro e é menos eficiente, dizem. A carta pretende mobilizar governo e sociedade sobre a necessidade iminente de tirar os programas de mitigação e adaptação do papel para a prática.

- Todos os programas, como o plano do clima e o de atuação nacional da Defesa Civil, por exemplo, ainda estão na fase de planejamento. Até aqui o que temos são medidas emergenciais, provisórias, decretos de calamidade pública, decretos de situação de emergência, esses recursos saem de um orçamento para atender a necessidade da população em termos de socorro, de resgate, de abrigo, de acompanhamento. Mas precisamos pensar em projetos perenes que se estendam a cidades que ainda não tiveram episódios de eventos extremos, de grande impacto como o do Rio Grande do Sul, mas estão em risco e não estão fazendo nada para evitar que sejam uma nova Porto Alegre no futuro. Temos que avançar num trabalho constante de prevenção em detrimento de reconstrução, em detrimento da necessidade da urgência - destaca Rodrigo Jesus, porta-voz da frente Justiça Climática do Greenpeace Brasil.

O texto destaca a importância do investimento público prioritário para as ações de prevenção e adaptação climática que estejam relacionados com a consolidação da regularização fundiária, a infraestrutura dos equipamentos urbanos, o acesso igualitário aos serviços de saneamento básico e moradia, a incorporação das metodologias de mapeamento, monitoramento e percepção dos riscos das comunidades.

Jesus diz que é necessário endereçar aos Três Poderes suas reponsabilidades nesse tema, assim como que haja uma governança compartilhada por estados e municípios de União.

- A gente tem um avanço na agenda do governo, frente a retrocessos que vimos em governos anteriores. Mas observa vindo do Legislativo projetos de lei de retrocesso ambiental. Essa carta nasceu de uma necessidade de que a comunidade científica se posicione, porque durante muito tempo a gente vem contribuindo com relatórios, aprimoramento do sistema de previsão do desastre, mas a gente percebe que a força, a vontade política, ela não conflui na mesma energia, no mesmo sentido. Então não adianta nada a gente ter pesquisas rebuscadas, dados sistematizados, qualificáveis, se não for de uso público para o coletivo - ressalta.

O porta-voz do Greenpeace pondera ainda que a atuação de forma emergencial retira a obrigatoriedade da licitação e reduz a transparência dos gastos, o que é preocupante. Ressaltando ainda a baixa qualificação do debate nessas situações.

A carta está aberta para a assinatura da sociedade, basta clicar aqui para acessar. A ideia do Greenpeace Brasil é criar uma grande mobilização sobre o tema, mostrando que justiça climática e social caminham juntas.

- Temos que aproveitar essa tragédia gaúcha que chamou a atenção do Brasil inteiro pra isso, pra realmente ter um despertar. Entendemos que o tema é complexo, mas ele precisa de um tratamento sistêmico, ambicioso. E isso não se restringe a questões climáticas, mas também sociais. Não à toa em todos esses eventos Brasil afora os mais prejudicados são os mais vulneráveis, populações ribeirinhas, indígenas, moradores de áreas de risco, quilombolas - ressalta Jesus.

Entre os cientistas que assinaram a lista estão: Prof. Dr. José Marengo (Coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais - Cemaden), Profa. Dra. Mercedes Bustamante Universidade de Brasília - UnB, Profa. Dra Luciana Gatti Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais CCST/INPE, Prof. Dr. Alexandre Araújo Costa Universidade Estadual do Ceará - UECE, Prof. Pedro Roberto Jacobi Universidade de São Paulo/IEA/IEE/GovAmb, Profª Drª Irene Carniatto - UNIOESTE, Prof. Dr. Paulo Cesar Zangalli Junior UFBA/IGEO/Colpso- Natureza e Sociedade, Prof. Dr Pedro Henrique Campello Torres Universidade de São Paulo/GovAmb, Profa. Dra. Natacha Cíntia Regina Aleixo Universidade Federal do Amazonas - UFAM, Dra. Rachel Trajber - Cemaden/MCTI, e Prof. Dr Victor Marchezini do Cemaden/ Unesp

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