Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embarca nesta terça-feira (9) para a Bolívia após participar da cúpula dos chefes de Estado do Mercosul no Paraguai, terá um esquema de segurança rigoroso no país, que sofreu uma tentativa de golpe contra seu presidente, Luis Arce, no último dia 26. É o que prevê o planejamento da Polícia Federal (PF), responsável pela segurança de Lula.

É de praxe que a corporação planeje com antecedência os protocolos durante viagens presidenciais ao exterior, mas o caso da Bolívia exige cuidados adicionais, segundo apurou a equipe do blog. E não só pelo golpe fracassado contra Arce, que elevou a tensão política no país.

De acordo com fontes da PF que participam do planejamento da Segurança, está sendo levada em conta também a forte atuação do crime organizado na Bolívia, em especial na cidade de Santa Cruz de la Sierra, onde Lula cumprirá agendas. Reduto conservador e de oposição a Luis Arce e seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), a região também tem a presença de facções brasileiras como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Na cidade, uma das mais violentas do país, Lula participará com Arce do Fórum Empresarial Brasil-Bolívia. Será a primeira visita do petista ao país vizinho neste terceiro mandato – já seu contraparte boliviano já esteve em Brasília por três ocasiões desde o ano passado. A Bolívia foi formalmente integrada ao Mercosul na última sexta-feira (5).

A província de Santa Cruz, onde Santa Cruz de la Sierra está situada, foi governada pelo direitista Luis Fernando Camacho, considerado o “Bolsonaro boliviano”. O político manteve linha direta com o Itamaraty de Jair Bolsonaro durante a crise política que levou à queda do então presidente Evo Morales, fundador do MAS de Arce, em 2019.

O que preocupa a segurança de Lula é a histórica instabilidade da política boliviana.

No último dia 26, o general Juan José Zúñiga, recém-demitido do comando do Exército após ameaçar prender o ex-presidente Evo Morales, liderou uma tentativa de golpe com blindados militares e tropas avançando sobre o palácio presidencial com o objetivo de derrubar Arce, que o enfrentou pessoalmente.

O governo e da cúpula das Forças Armadas resistiram, e houve rápida reação da comunidade internacional – incluindo por parte do Brasil. A intentona militar acabou debelada e Zúñiga, preso.

Na ocasião, Lula decidiu manter a viagem ao país, apesar da tensão política.

Informes da PF aos quais tivemos acesso revelam que a equipe que cuida da segurança do presidente da República também acompanhará com lupa a repercussão da visita de Lula ao país nas redes sociais e nos veículos de imprensa sob a alegação de que o histórico de instabilidade justifica o monitoramento.

Histórico de golpes

A Bolívia tem um histórico de golpes de Estado. O movimento ocorreu no contexto de uma forte divisão dentro do MAS, cujo domínio hoje é disputado por Arce e Morales, seu padrinho político e com quem está rompido atualmente. A rivalidade coloca o futuro político do país sob indefinição, o que aumenta a preocupação da PF com a repercussão da visita de Lula ao país e, segundo essas fontes nos relataram, justifica o monitoramento atento.

Lula, aliás, também é muito próximo de Evo Morales. Os dois conviveram como presidentes entre 2006 e 2010, quando o petista concluiu seu segundo mandato. O boliviano ainda ficaria no poder até 2019, quando foi deposto e se exilou no exterior até a vitória de Arce nas urnas, em 2020. Não há, por enquanto, previsão de um encontro entre os dois políticos.

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