Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna
Por — São Paulo

O coach e influencer Pablo Marçal (PRTB), que lançou no fim de maio sua pré-candidatura à prefeitura de São Paulo, se reuniu na semana passada com o ex-prefeito da capital e ex-governador João Doria (sem partido) em busca de conselhos para a sua campanha.

Os dois conversaram durante duas horas na última sexta-feira (7) à noite, na casa de Doria, em um encontro do qual também participaram o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, e o marqueteiro de Marçal, Tassio Renam.

De acordo com o relato que ambos fizeram a interlocutores, o influencer queria dicas para repetir o desempenho de Doria na eleição de 2016, quando o então candidato do PSDB saiu de 3% nas pesquisas para a vitória sobre Fernando Haddad (PT) já no primeiro turno.

Diferentemente de Doria, Marçal já largou na corrida em terceiro lugar nas pesquisas — aparece com 10% das intenções de voto no levantamento da Atlas Intel e com 9% em um dos cenários testados pelo Datafolha.

Mas os conselhos que o coach ouviu do ex-tucano não foram muito animadores para ele.

Depois de fazer um relato sobre como venceu as prévias do partido e buscou apoios entre lideranças na periferia, Doria ligou o modo sincerão. Disse a Marçal que ele ainda é jovem, tem apenas 36 anos e deveria tentar ser vice do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), ao invés de insistir na candidatura e dividir a direita .

“Se acelerar demais nessa campanha, você vai dividir a direita e acabar favorecendo o [Guilherme] Boulos [pré-candidato do PSOL]”, disse Doria. “Vai colocar em risco não só a campanha do Ricardo, mas a democracia em São Paulo.”

Impacto nacional

Doria ainda argumentou que a eleição para a prefeitura paulistana costuma ter impacto nacional e que o movimento de Marçal poderia ser copiado por outros influenciadores Brasil afora — o que poderia provocar estragos para a direita em todo o Brasil.

Para o ex-governador e empresário, como vice de Nunes,, o coach estaria em uma posição privilegiada para disputar a prefeitura daqui a quatro anos.

Isso porque, se eleito, o atual prefeito não poderá concorrer à reeleição, uma vez que já estará no segundo mandato. Nunes era vice de Bruno Covas (PSDB) e assumiu o cargo em maio de 2021, depois que o prefeito morreu. Covas, por sua vez, chegou ao comando da cidade após Doria renunciar em 2018 para disputar o Palácio dos Bandeirantes e se reelegeu em 2020.

O ex-governador avalia que, por não poder concorrer em 2028, Nunes poderá disputar as eleições de 2026, o que o levaria a se desligar da prefeitura. Nunes pode por exemplo tentar uma vaga na Assembleia Legislativa ou concorrer a deputado federal, senador, governador ou presidente.

Pela estratégia sugerida por Doria, Marçal poderia convencer o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados a indicá-lo para a vaga de vice e trabalhar para se tornar viável daqui a quatro anos, “sem causar dano à direita”.

Marçal, que relatou ter tido um encontro “produtivo” com Bolsonaro dias antes, não disse nem que sim nem que não. Afirmou apenas que não tinha a intenção de dividir a direita e muito menos de ajudar Boulos. E prometeu refletir sobre a sugestão de Doria.

Não deixa de ser irônico Doria sugerir uma aproximação com Bolsonaro, de quem se tornou um dos mais ferrenhos adversários quando estava no governo de São Paulo, principalmente em razão da postura negacionista do então presidente da República na pandemia de Covid-19.

Doria, porém, parece ter aprendido com a própria experiência, ao sugerir ao coach uma tática que ele mesmo não adotou quando pré-candidato: a de preferir dar a vez a outro companheiro de partido ao invés de dividir o próprio campo político.

Capa do audio - Malu Gaspar - Conversa de Bastidor
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