Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna
Por — Brasília

A análise de aliados do presidente Lula de que seria melhor que o senador Sergio Moro (União-PR) não fosse cassado para não dar espaço à eleição de bolsonaristas radicais como Michelle Bolsonaro levou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, a reagir.

Em conversa com a equipe da coluna, ela disse que o partido não vai encampar essa estratégia e que vai trabalhar pela cassação do ex-juiz da Lava-Jato. Gleisi tem interesse direto no resultado do julgamento, marcado para os dias 16 e 21 de maio no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Se Moro for cassado e forem convocadas novas eleições, ela pretende se candidatar e disputar a vaga.

“Não consigo conceber alguém do PT pensar que tem gente pior do que Sergio Moro. Se houver nova eleição, como esperamos, o caminho correto é apresentar um nome do campo democrático e disputar nas urnas contra qualquer oponente da extrema direita. Ninguém vence eleição de véspera, mas correr de medo do adversário é o caminho certo da derrota”, afirmou Gleisi.

Conforme informou o blog, aliados do presidente Lula temem que, se Moro perder o mandato, acabe pavimentando o caminho para Michelle ou algum outro bolsonarista que possa dar mais trabalho no Senado ao Palácio do Planalto do que Moro, visto como um “cadáver político” por petistas do Congresso.

Tanto o PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro uniram forças na Justiça Eleitoral e apresentaram ações acusando o ex-juiz de caixa 2, abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social e estão de olho na vaga de Moro.

O que será julgado a partir do próximo dia 16 são os recursos apresentados por esses dois partidos ao Tribunal Superior Eleitoral, uma vez que Moro foi absolvido no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná por 5 a 2.

Os dois votos pela cassação vieram de desembargadores indicados pelo presidente Lula: José Rodrigo Sade e Julio Jacob Junior.

O argumento usado por alguns petistas – de que seria melhor deixar Moro no cargo do que trocá-lo por alguém que possa fazer mais barulho e ter mais relevância no campo da direita – vem se disseminando na base do governo no Senado Federal.

A tese vem reforçando o movimento de bastidores que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem feito para tentar evitar que os processos contra senadores da direita na Justiça Eleitoral resultem em cassação. Estão na fila Jorge Seif (PL-SC), Moro e Magno Malta (PL-ES).

Precedente Selma Arruda

O PT e o PL querem usar o precedente da ex-juíza cassada Selma Arruda (Podemos-MT) para convencer o TSE de que a exposição e os recursos de Moro na pré-campanha para a Presidência da República deram a ele uma vantagem indevida na campanha para o Senado em 2022.

A tese foi rechaçada pelo Ministério Público Eleitoral, em parecer enviado nesta semana ao TSE pelo vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa, para quem “não há qualquer similitude fática” do caso Moro com o de Selma.

Moro tem tentado dissociar seu caso da ex-senadora, cassada pelo TSE por caixa 2 e abuso de poder econômico nas eleições de 2018, sob a alegação de que no seu caso, as acusações giram em torno de recursos públicos despejados pelo Podemos e pelo União Brasil por meio do Fundo Partidário.

Conhecida como "Moro de saias", Selma foi condenada em dezembro de 2019 pelo plenário do TSE por ter antecipado despesas de campanha, como contratação de empresas de pesquisa e de marketing, para a produção de vídeo e jingles, em período de pré-campanha, o que é proibido pela legislação eleitoral.

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