Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna
Por e

Os estrategistas do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), prepararam uma uma “vacina” contra a estratégia de aliados de Jair Bolsonaro de usar o show da cantora americana Madonna na Praia de Copacabana para desgastá-lo junto aos eleitores evangélicos na campanha deste ano: divulgar o investimento da prefeitura em megaeventos religiosos. .

Como publicamos na última quarta-feira, a cúpula da campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), candidato de Bolsonaro no Rio, aposta nos ataques a Paes por ter dado R$ 10 milhões ao show que teve cenas de erotismo.

De acordo com um material preparado pela campanha e que já vem sendo usado em pílulas pelo próprio Paes em suas redes sociais, a prefeitura já aplicou R$ 11,3 milhões em eventos cristãos desde o início deste terceiro mandato dele, em 2021.

O dinheiro financiou eventos como a Marcha para Jesus (R$ 3,3 milhões), Louvorzão da 93FM (R$ 1,5 milhão) e o centenário das Assembleias de Deus (R$ 3,3 milhões). A prefeitura também destinou R$ 2,8 milhões para diversos eventos culturais católicos da Arquidiocese do Rio e R$ 316 mil para a Conferência Nacional de Louvor e Adoração, celebrada no Museu do Amanhã, um dos espaços culturais da prefeitura.

“Em meus governos sempre patrocinamos a Marcha para Jesus, a vinda do Papa [Francisco, em 2013], shows dos mais variados artistas, louvorzão da 93FM (antiga rádio El Shaday), procissão de São Sebastião, Centenário das Assembleias de Deus, festa de Iemanjá, festa de São Jorge… E por aí vai”, escreveu o prefeito na última quarta-feira (8) em um post replicado no Instagram, Facebook e X (ex-Twitter).

A postagem foi uma resposta direta a ataques como os do pastor Silas Malafaia e o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que depois do show de Madonna divulgaram fotos da cantora beijando uma de suas dançarinas na boca para dizer que o prefeito financiou uma "Sodoma e Gomorra" em Copacabana.

Por enquanto, a ordem na campanha de Paes é responder aos ataques na medida em que forem acontecendo, para não ampliar seu alcance. Mas os marqueteiros também guardam, para o caso de ser necessário, fotos dos bolsonaristas na plateia de Madonna — como o advogado de Bolsonaro e ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten e do senador Jorge Seif (PL-SC), que chegou a pedir desculpas aos eleitores por ter ido ao show.

O governador Cláudio Castro (PL-RJ), outro financiador do evento , também assistiu a apresentação ao lado do prefeito."

Vantagem entre evangélicos

A meta dos bolsonaristas é tentar diminuir a vantagem de Paes sobre Ramagem entre os evangélicos, constatada por pesquisas como a da Atlas Intel de abril, que mostrou o prefeito com 47% dos votos do segmento, contra 32% do candidato de Jair Bolsonaro.

O próprio Ramagem também fez postagens críticas ao prefeito em suas redes sociais, obedecendo a orientação dos marqueteiros de não citar erotismo ou sexo, como os pastores.

“Com milhões de reais de dinheiro público investidos nesse ‘espetáculo’, vale a pergunta ao cidadão. Qual a construção ou desenvolvimento intelectual, moral ou familiar desse show?”, escreveu o bolsonarista.

Embora aliados de Ramagem tentem minimizar a liderança do prefeito entre evangélicos nas pesquisas, tanto Paes quanto o PL calculam que a disputa pelo voto evangélico será um elemento crucial na disputa pela prefeitura.

Em 2020, na última eleição municipal, o atual prefeito derrotou o então incumbente, Marcelo Crivella (Republicanos), que é pastor da Igreja Universal a despeito do apoio do então presidente Bolsonaro, de Silas Malafaia, ex-desafeto, e lideranças evangélicas de outros segmentos.

Nas últimas semanas/nos últimos meses, Paes também tem reforçado sua agenda junto ao segmento. No último dia 1º, o político do PSD divulgou nas redes registros de uma visita à Igreja Unida Deus Proverá, liderada pelo bispo Luciano Neves.

Em abril, esteve na Assembleia de Deus em Madureira, onde discursou para os fieis. No Instagram, chamou o líder da denominação, bispo Abner Ferreira, de “querido amigo” e se disse “inspirado” por “suas bênçãos”.

Mais recente Próxima Chuvas no RS: Arriscada situação das urnas em bairro alagado lança incerteza sobre eleições