Malu Gaspar
PUBLICIDADE
Malu Gaspar

Análises e informações exclusivas sobre política e economia

Informações da coluna
Por — Brasília

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) divulgou uma nota em que “reforça a confiança” na atuação de todos os seus sete juízes e afasta “hipóteses de impedimento e suspeição” em torno da desembargadora Cláudia Cristina Cristofani no julgamento das duas ações que podem levar à cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

Cristofani pediu vista na última quarta-feira (3) e suspendeu o julgamento, após o desembargador José Rodrigo Sade votar pela condenação de Moro por abuso de poder econômico e defender a perda do mandato do parlamentar, o que empatou o placar em 1 a 1. O caso será retomado na próxima segunda-feira (8) com o voto de Cristofani.

Antes mesmo de o caso ser pautado, a desembargadora levantou discussão nos bastidores sobre a sua participação no julgamento, após o colunista do GLOBO Lauro Jardim revelar uma foto em que ela aparece ao lado de Moro, então juiz federal.

“A desembargadora prestou ao TRE-PR o esclarecimento de que se trata de uma imagem antiga de magistrados que trabalhavam no mesmo prédio e que não possui relação de amizade com o investigado, ficando isenta das hipóteses de impedimento e suspeição estabelecidas em lei”, informou o tribunal na nota.

Em resposta enviada ao blog logo após pedir vista no julgamento, Cristofani disse que nunca foi amiga de Moro. “Nunca me privei de qualquer contato particular com ele, mas tão só o encontrei acidentalmente entre colegas”, escreveu a desembargadora.

“A fotografia de um grupo de sete juízes federais foi tirada há mais de 30 anos - se foram até a longínqua década de 90 para pinçar uma foto em que aparecem juntos colegas que trabalharam por anos no mesmo prédio, a ausência de material recente na era digital mais revela que não são amigos pessoais do que o oposto.”

Próxima a votar no julgamento de Moro, a desembargadora também disse que, em 35 anos de carreira como juíza, está “acostumada a contrariar interesses, indiferentemente de quem seja”.

Em entrevista à equipe da coluna publicada em fevereiro, o presidente do TRE paranaense, Sigurd Bengtsson, já havia saído em defesa da colega, ao ser questionado sobre a foto dela com Moro.

“Eu não vejo nenhum descrédito. Quando tomei posse no dia 1º, eu disse publicamente que tenho confiança na desembargadora. Não tem como imaginar um descrédito só de um juiz aparecer ao lado de outro juiz”, afirmou Bengtsson.

O plano do presidente do TRE paranaense é concluir o julgamento até a próxima terça-feira (9).

Conforme informou a coluna, nem o PT nem o PL pretendem tentar o impedimento da desembargadora. Para os dois partidos, um eventual impedimento da desembargadora pode ser um “tiro pela culatra”.

Isso porque se Cristofani não pudesse votar nas ações que atingem Moro, o TRE do Paraná teria que convocar o substituto: o desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Gebran e Moro são amigos há mais de 20 anos. Além disso, o desembargador não apenas validou as decisões de Moro no âmbito da Lava-Jato, como em alguns casos defendeu até mesmo o aumento da pena de condenados pelo ex-juiz, como na ação do triplex do Guarujá.

Mais recente Próxima Ministros de Lula selam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras