Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna
Por — Brasília

A desembargadora Cláudia Cristina Cristofani, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), votou nesta quarta-feira (3) para absolver o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) das acusações de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022.

Com o voto de Cristofani, o placar provisório do julgamento é de 2 votos pela absolvição de Moro e, portanto, pela manutenção de seu mandato, contra 1 voto pela condenação e cassação do parlamentar. Ainda faltam se manifestar quatro juízes.

“Vou votar acompanhando o relator e vou dizer por quê. Não me parece ser um hard case (caso difícil). Os gastos milionários não estão comprovados nos autos", disse a desembargadora, que ainda está fazendo a leitura do voto.

“Em sã consciência, tal relação não pode ser objetiva e seguramente afirmada que ele só conseguiu ganhar nas urnas porque gastou nessa pré-campanha. Se a gente tem duvida que ele conseguiu o cargo com esse dinheiro a mais, essa dúvida é conversível em favor da soberania das urnas."

O PT e o PL acusam o senador de prática de caixa 2, abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação social. Os dois partidos querem convencer o TRE do Paraná de que a exposição e os recursos de Moro na pré-campanha para a Presidência da República deram a ele uma vantagem indevida na campanha para o Senado Federal, uma tese que foi abraçada por Sade no julgamento desta quarta-feira.

Conforme informou o blog, o consenso entre aliados e adversários de Moro era que Cristofani seria um voto certo pela absolvição do senador, antes mesmo da retomada do julgamento. A expectativa com a definição do resultado do julgamento paira sobre os últimos três desembargadores, a se manifestarem no plenário nessa ordem: Anderson Fogaça, Guilherme Denz, e o presidente do TRE-PR, Sigurd Roberto Bengtsson, o último a se posicionar.

Antes mesmo de o caso ser pautado, Cristofani levantou discussão nos bastidores sobre a sua participação no julgamento, após o colunista do GLOBO Lauro Jardim revelar uma foto em que ela aparece ao lado de Moro, então juiz federal.

No mesmo dia, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) divulgou uma nota em que “reforça a confiança” na atuação de todos os seus sete juízes e afasta “hipóteses de impedimento e suspeição” em torno da desembargadora por conta da foto com o ex-juiz federal da Lava-Jato.

“A desembargadora prestou ao TRE-PR o esclarecimento de que se trata de uma imagem antiga de magistrados que trabalhavam no mesmo prédio e que não possui relação de amizade com o investigado, ficando isenta das hipóteses de impedimento e suspeição estabelecidas em lei”, informou o tribunal na nota.

Em resposta enviada ao blog logo após pedir vista no julgamento, Cristofani disse que nunca foi amiga de Moro. “Nunca me privei de qualquer contato particular com ele, mas tão só o encontrei acidentalmente entre colegas”, escreveu a desembargadora.

“A fotografia de um grupo de sete juízes federais foi tirada há mais de 30 anos - se foram até a longínqua década de 90 para pinçar uma foto em que aparecem juntos colegas que trabalharam por anos no mesmo prédio, a ausência de material recente na era digital mais revela que não são amigos pessoais do que o oposto.”

Em entrevista à equipe da coluna publicada em fevereiro, o presidente do TRE paranaense, Sigurd Bengtsson, saiu em defesa da colega, ao ser questionado sobre a foto. "Eu não vejo nenhum descrédito. Quando tomei posse no dia 1º, eu disse publicamente que tenho confiança na desembargadora. Não tem como imaginar um descrédito só de um juiz aparecer ao lado de outro juiz", afirmou.

Conforme informou a coluna, nem o PT nem o PL pretendiam tentar o impedimento da desembargadora. Para os dois partidos, um eventual impedimento da desembargadora pode ser um “tiro pela culatra”.

Isso porque se Cristofani não pudesse votar nas ações que atingem Moro, o TRE do Paraná teria que convocar o substituto: o desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Gebran e Moro são amigos há mais de 20 anos. Além disso, o desembargador não apenas validou as decisões de Moro no âmbito da Lava-Jato, como em alguns casos defendeu até mesmo o aumento da pena de condenados pelo ex-juiz, como na ação do triplex do Guarujá.

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