Malu Gaspar
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Malu Gaspar

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Informações da coluna

Por Malu Gaspar e Johanns Eller

Os dois criminosos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) no último dia 14 e têm despistado as autoridades nas últimas duas semanas foram avistados nesta quinta-feira (29) em uma fazenda a cerca de oito quilômetros do sítio onde os fugitivos se esconderam na semana passada, próxima à divisa com o estado do Ceará.

Segundo fontes da área operacional da força-tarefa que comanda a caçada, duas mulheres viram os bandidos, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento, comendo frutas dentro da propriedade – que, assim como o sítio, fica na cidade de Baraúna (RN). Assustados, eles teriam pulado uma cerca e fugido na direção de uma mata.

Integrantes do setor operacional não descartam que os presos, ligados ao Comando Vermelho, sejam recapturados ainda nesta quinta-feira.

A força-tarefa mobilizou policiais militares especializados em buscas em ambientes de mata e caatinga. Os agentes iniciaram as buscas às 17h30m e os trabalhos ainda estavam em curso até a última atualização desta matéria.

A pista sugere que a dupla permaneceu na região de Baraúna (RN) nos últimos dias. Rogério e Deibson foram vistos pela última vez em um vilarejo da cidade na última terça-feira. Na ocasião, o comando da força-tarefa estimou que os fugitivos estavam circunscritos a um raio de 14 quilômetros – cálculo que se confirmou pela nova localização dos suspeitos nesta quinta-feira.

Como mostramos no blog, as tentativas anteriores de localizar e prender os fugitivos foram frustradas por vazamentos de informações tidas como estratégicas pela força-tarefa.

A caçada já dura quase 16 dias e tem colocado o Ministério da Justiça do recém-empossado Ricardo Lewandowski sob pressão. No governo, há queixas de desarticulação no comando da força-tarefa e dos consequentes vazamentos.

A última ocasião em que os bandidos estiveram próximos de serem capturados foi na última sexta-feira (23), quando a polícia chegou atrasada ao sítio em que a dupla permaneceu escondida por oito dias.

A informação de que os fugitivos estavam na propriedade chegou à força-tarefa em uma barreira de estrada que abordou o dono do sítio, o mecânico Ronaildo Fernandes, e levou à montagem de um cerco de emergência que reuniu helicópteros e viaturas.

Mas quando os agentes chegaram ao esconderijo, não encontraram mais os fugitivos. A conclusão de que eles tinham escapado havia pouco tempo veio, por exemplo, do fato de que os presos deixaram o facão para trás ao correr para a mata.

Os fugitivos ficaram oito dias escondidos na propriedade e pagaram R$ 5 mil ao dono, o mecânico Ronaildo Fernandes, preso preventivamente pela PF na última segunda-feira (26) por suspeita de colaborar com os bandidos.

Outra pista que reforçaria essa tese é que os foragidos não buscaram a última leva de comida deixada diariamente pelo dono do sítio em uma área próxima ao esconderijo dos criminosos. Os alimentos foram deixados no mesmo local quando a polícia vasculhou a propriedade.

Depois do episódio, uma ala da força-tarefa passou a dizer que o barulho dos helicópteros da PF alertou os fugitivos, enquanto policiais federais dizem que os presos já tinham a informação sobre o cerco antes mesmo de os helicópteros subirem.

As discussões internas sobre o estrago provocado por vazamentos de informações sensíveis começaram logo no início das buscas, mais precisamente no dia seguinte à fuga, quando o secretário de Políticas Penais, André Garcia, declarou em uma entrevista coletiva que a polícia estava utilizando drones com sensores de calor para localizar pessoas no meio da mata.

Àquela altura, os investigadores acreditavam que os drones ajudariam a localizar os fugitivos rapidamente, mas aos poucos concluíram que eles, ao saber dos drones, passaram a se esconder nas muitas cavernas da região e cavar buracos para dormir e descansar sem ser identificados pelos drones.

Um desses buracos foi encontrado no sítio, na última sexta-feira. Nele cabiam com folga duas pessoas ajoelhadas.

Em outro episódio nos últimos dias, policiais que participavam da procura teriam compartilhado em um grupo de WhatsApp da força-tarefa composta para a busca dois números de celular que, segundo a investigação indicava, estavam sendo usados pelos presos na fuga.

Depois disso, os números rapidamente foram desligados ou abandonados e o monitoramento foi prejudicado.

Para investigadores de diferentes instituições ouvidos pela equipe da coluna, esses tropeços foram causados pela falta de uma coordenação eficiente entre as diferentes equipes envolvidas no trabalho.

Além da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), fazem parte da força-tarefa que atua na região policiais penais federais, agentes da Polícia Civil e da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, além das PMs do Piauí e do Ceará, e ainda a Força Nacional.

Cada instituição tem duas pessoas na coordenação da força-tarefa, que não segue uma hierarquia.

Mas, nos últimos dias, foram feitas reuniões internas para organizar o trabalho e unificar o comando da área operacional, que ficou com a PF.

O grupo de cerca de 20 pessoas se reúne todo dia pelo menos duas vezes – bem cedo pela manhã, antes do início dos trabalhos, e no final do dia. Reuniões de emergência são convocadas sempre que surge alguma pista relevante.

Nessas reuniões todos os dados disponíveis são compartilhados mas, apesar da recomendação de sigilo, é difícil controlar o fluxo de informações e vazamentos em um grupo tão amplo e variado.

Além da coordenação há 600 homens, quatro helicópteros e dezenas de viaturas empregadas nas buscas, bem como drones.

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