Malu Gaspar
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Por Rafael Moraes Moura — Brasília

A Advocacia-Geral da União (AGU) vai recorrer contra a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que determinou que os presentes e brindes recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2023 sejam fiscalizados e auditados.

A decisão do plenário, tomada em menos de 30 segundos, contrariou o parecer da área técnica do próprio TCU, mas seguiu o entendimento do relator, o ministro bolsonarista Augusto Nardes, conforme revelou o colunista Lauro Jardim.

A AGU vai alegar que esse tipo de auditoria deve ser feita após o mandato, e não após o primeiro ano de gestão, porque o objetivo seria justamente apurar se o presidente incorporou os bens ao patrimônio pessoal.

Mas a equipe do ministro Jorge Messias ainda avalia a melhor estratégia jurídica: se vai tentar convencer Nardes a reconsiderar a própria decisão ou tentar fazer com que o plenário do TCU reverta o entendimento.

A auditoria foi proposta pelo deputado federal Junio Amaral (PL-MG) e encaminhada ao TCU pela presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, a deputada Bia Kicis (PL-DF).

A ofensiva foi vista como um troco da oposição, depois que o TCU fechou o cerco contra Jair Bolsonaro no caso do desvio do patrimônio de presentes milionários recebidos por integrantes da comitiva de Bolsonaro em viagens oficiais a Arábia Saudita e aos Emirados Árabes.

Em áudio disparado a amigos no WhatsApp no final do ano passado, Nardes disse ter conversado "longamente" com auxiliares de Jair Bolsonaro e alertou para um "movimento muito forte" na caserna, de consequências "imprevisíveis", após a vitória de Lula nas urnas.

O parecer da Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado do TCU sustenta que “há previsão para a realização de auditoria, ao final do mandato do presidente de República, momento considerado oportuno e conforme a atuação costumeira deste tribunal”.

“É uma questão de lógica administrativa. Só faz sentido auditar se o presidente catalogou os presentes corretamente no fim do mandato. Porque até lá o acervo público pode ser utilizado pelo mandatário”, disse reservadamente à equipe da coluna um ministro da Corte de Contas, ao ver espaço para o plenário reconsiderar a decisão.

Segundo esse magistrado, ninguém do governo Lula alertou os ministros do TCU sobre a inclusão do caso na pauta da última quarta-feira, nem o relator Augusto Nardes foi claro no brevíssimo voto sobre as medidas que estava propondo.

Com a pauta carregada de uma série de outros processos, o caso acabou passando batido, e muitos ministros acabaram seguindo o relator sem se debruçar sobre as consequências políticas e jurídicas da abertura de uma fiscalização.

Procurada pela equipe da coluna, Bia Kicis disse que "não se trata de uma ofensiva bolsonarista, mas do exercício de uma prerrogativa constitucional de fiscalização". A deputada destaca que o requerimento foi aprovado com o apoio de dois parlamentares da base lulista: Jorge Solla (PT-BA) e Tadeu Veneri (PT-PR).

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