Malu Gaspar
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Informações da coluna

Por Rafael Moraes Moura — Brasília

Os bolsonaristas do Senado tiraram uma difícil lição da aprovação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF): hoje eles não conseguem reunir votos suficientes para o impeachment de integrantes do tribunal, uma de suas principais bandeiras na guerra com o Judiciário.

Aliados de Jair Bolsonaro reconheceram, em conversas reservadas com a equipe da coluna, que a votação de Dino deve levá-los a rever as estratégias e o discurso para fazer o embate com o Supremo no Congresso.

Apesar da mobilização nas redes sociais e da promessa de transformar a sabatina de Dino em uma espécie de “terceiro turno”, a bancada conservadora não conseguiu impedir que o ministro da Justiça alcançasse os 41 votos necessários no Senado para chancelar a indicação feita pelo presidente Lula.

Dino foi aprovado com 47 votos – mesmo placar de André Mendonça, o ministro “terrivelmente evangélico” de Jair Bolsonaro foi aprovado pelo plenário em 2022.

Houve, ainda, 31 votos contrários ao ministro da Justiça de Lula e duas abstenções — abaixo, portanto, dos 34 votos estimados por senadores da oposição.

Para conseguir o impeachment de um ministro do Supremo e destituí-lo do cargo, é preciso o aval de ao menos 54 senadores, o equivalente a dois terços da Casa.

“Precisamos dobrar de tamanho”, diz um senador bolsonarista.

Para isso, aliados de Bolsonaro defendem como estratégia priorizar a ampliação da bancada no Senado em 2026, quando dois terços das cadeiras serão renovadas.

Outra preocupação derivada da vitória de Dino no plenário do Senado é desenhar estratégias para lidar com ele na Suprema Corte, onde tramitam uma série de inquéritos contra Jair Bolsonaro e seus aliados – que hoje estão sob a relatoria de Alexandre de Moraes, um dos padrinhos da candidatura de Dino.

“Agora ele virou ministro”, disse o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à equipe da coluna. “Vamos cobrar a fala dele na sabatina de que não é mais um ator político e sim um membro da magistratura. Vamos ver como vai ser esse Dino magistrado.”

Segundo a Constituição, é no Senado que são abertos processos de impeachment contra ministros do Supremo.

Uma lei de 1950 prevê que são crimes de responsabilidade dos ministros do STF “exercer atividade político-partidária”, “proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro de suas funções” e participar de julgamento quando seja suspeito, por exemplo.

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