Memória Globo

A trama se desenrola a partir das lembranças do protagonista Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), que, à beira da morte, relembra aventuras, festas, amores e sua luta para manter vivas na Bahia as culturas negra e mestiça. A história começa em 1930, quando Pedro Arcanjo sente-se mal e, desmaiado, é levado às pressas para a casa de Cesarina (Ângela Leal). Com fortes dores no peito, ele revive seu passado, fazendo com que a narrativa retorne ao ano de 1913.

Abertura da minissérie Tenda dos Milagres (1985).

Abertura da minissérie Tenda dos Milagres (1985).

Autoria: Aguinaldo Silva Escrita por: Aguinaldo Silva e Regina Braga Direção-geral: Paulo Afonso Grisolli Direção: Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio Coqueiro Direção de núcleo: Ary Grandinetti Nogueira. Supervisão: Daniel Filho Período de exibição: 29/07/1985 – 06/09/1985 Horário: 22h / Nº de capítulos: 30

Nessa época, quando os negros eram discriminados e perseguidos em Salvador, a mãe de santo Magé Bassã (Chica Xavier) revela a Pedro Arcanjo sua missão: ser “a luz de seu povo”. Junto com seu pai, Xangô, Magé Bassã guia o protagonista em sua missão. A partir de então, a história acompanha as ações de Pedro Arcanjo em defesa dos negros e sua relação com mães e pais de santo, prostitutas e mestres de capoeira. O principal antagonista de Arcanjo é o racista Nilo Argolo (Oswaldo Loureiro), um médico-legista influente que tenta provar a superioridade da raça branca através de pesquisas científicas com a ajuda do inescrupuloso delegado Francisco Mata Negros (Francisco Milani). Depois de 14 capítulos, a história volta para 1930, quando Pedro se envolve com a bela Rosa de Oxalá (Dhu Moraes), mulher de seu fiel amigo e companheiro Lídio Corró (Milton Gonçalves). Outra mulher que cruza o caminho do ogã é a jornalista Ana Mercedes (Tânia Alves), por quem Arcanjo se apaixona. Ela funda o jornal Tenda dos Milagres para lutar contra a discriminação racial. Ao longo da história, Pedro Arcanjo começa a trabalhar como bedel na faculdade de medicina e acaba descobrindo, ironicamente, que é primo de Nilo Argolo. Este, por sua vez, nega o parentesco de todas as formas e consegue convencer os professores e diretores do curso de medicina a expulsarem Arcanjo da faculdade. Os alunos se revoltam e uma grande confusão toma conta das ruas próximas ao Pelourinho. Pedro Arcanjo é preso, e Lídio Corró morre, após levar um tiro de um policial. Durante o conflito, Ana Mercedes também é presa. Com as prisões, o mandante da operação, delegado Sarmento (Ivan Candido), pretende enfraquecer o movimento negro, mas a população está mais revoltada do que nunca. Com a ajuda de Jerônimo (Cláudio Marzo), João Reis (Mário Lago) e do professor Fraga Neto (Gracindo Junior), homens influentes e simpatizantes ao movimento negro, o delegado Sarmento se convence de que é melhor libertar Pedro e Ana, caso contrário, haverá uma guerra urbana. Pedro Arcanjo sai da prisão e é aclamado pelo povo. Nesse momento, nas cenas finais da minissérie, a história retorna ao primeiro capítulo, onde o grande líder agoniza. Ele morre, mas sua missão fora cumprida. A cultura mestiça que ele tanto defendera prevalece não só na Bahia, como em todo o Brasil. Seu principal rival, o professor Argolo, sofre um derrame cerebral ao saber do casamento de sua filha, Luísa (Julia Lemmertz), com um negro e, com graves seqüelas, acaba inválido, preso a uma cama.

TRAMAS PARALELAS

Romance inter-racial

Joel Silva e Julia Lemmertz em Tenda dos Milagres, 1985 — Foto: Jorge Baumann/Globo

Já Damião (Joel Silva) e Luísa (Julia Lemmertz), a filha de Nilo Argolo, enfrentam os preconceitos da sociedade por ela, branca, ser namorada de um negro. Além da oposição do pai, Luísa é duramente criticada pelo irmão, Astério (Daniel Dantas), um jovem extremamente preconceituoso. No fim da trama, os dois se casam.

Desencontro espiritual

Antonio Pompeu e Solange Couto em Tenda dos Milagres, 1985 — Foto: Jorge Baumann/Globo

O romance proibido de Budião (Antonio Pompeo) e Sabina (Solange Couto) também movimenta a trama da minissérie. Eles não podem ficar juntos pela incompatibilidade entre seus santos.

CURIOSIDADES

Embora Jorge Amado fosse um dos autores brasileiros mais vendidos, Tenda dos Milagres era até então uma obra pouco lida. Em agosto de 1985, enquanto a produção da TV Globo era exibida, a venda do livro aumentou cerca de dez vezes em comparação à média dos meses anteriores.Jorge Amado é o autor brasileiro mais adaptado para a televisão. Entre outras obras suas, exibidas como novelas, minisséries ou especiais, a TV Globo também adaptou Gabriela, Terras do Sem Fim, Tieta, Tereza Batista, Dona Flor e seus Dois Maridos, Pastores da Noite, Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos (os dois últimos na novela Porto dos Milagres). Tenda dos Milagres já havia sido adaptado para o cinema, em 1977, com direção de Nelson Pereira dos Santos.A minissérie foi vendida para Angola, Argentina, Bolívia, Colômbia, Cuba, França, Macedônia, Moçambique, Paraguai, Portugal, Uruguai e Venezuela, entre outros.  Os 30 capítulos de Tenda dos Milagres foram gravados ao longo de 76 dias, com locações em

Salvador e Cachoeira, na Bahia, e cenas em estúdio no Rio de Janeiro. Este era um período de tempo relativamente curto para um projeto que apresentava muitas dificuldades, como grandes movimentações de pessoas, reconstituição do porto da capital baiana e minucioso levantamento arquitetônico em dois períodos (1913 e 1930), além de uma detalhada pesquisa de figurinos, costumes e rituais do candomblé.As gravações no Pelourinho, em Salvador, exigiram um apurado levantamento da arquitetura local nas décadas de 1910 e 1930. Para reproduzir com fidelidade o cenário da época, foi preciso pintar as casas com as cores antigas e, em seguida, pintá-las novamente com as cores originais. Além disso, algumas placas modernas das ladeiras foram trocadas por pedras antigas.A produção teve assessoria do estudioso e pai de santo Eduardo Adjiberu, responsável pelo levantamento de rituais, vestimentas e costumes do candomblé. 

VÍDEOS

Cena em que Lídio Corró (Milton Gonçalves) apresenta sua esposa Rosa (Dhu Moraes) a Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), e um logo se encanta pelo outro.

Cena em que Lídio Corró (Milton Gonçalves) apresenta sua esposa Rosa (Dhu Moraes) a Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), e um logo se encanta pelo outro.

Magé Bassã (Chica Xavier) revela a Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) que o Afoxé tem uma missão além do Carnaval.

Magé Bassã (Chica Xavier) revela a Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) que o Afoxé tem uma missão além do Carnaval.

Francisco Mata Negros (Francisco Milani), a pedido de Nilo Argolo (Oswaldo Loureiro), invade uma reunião onde, liderados por Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), Lídio Corró (Milton Gonçalves) e Budião (Antonio Pompeo), negros organizam um bloco.

Francisco Mata Negros (Francisco Milani), a pedido de Nilo Argolo (Oswaldo Loureiro), invade uma reunião onde, liderados por Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), Lídio Corró (Milton Gonçalves) e Budião (Antonio Pompeo), negros organizam um bloco.

O Afoxé sai às ruas, enquanto a polícia se prepara para repreender o bloco.

O Afoxé sai às ruas, enquanto a polícia se prepara para repreender o bloco.

Cena em que Lídio Corró (Milton Gonçalves) morre, após levar um tiro de um policial.

Cena em que Lídio Corró (Milton Gonçalves) morre, após levar um tiro de um policial.

Cena em que a jornalista Ana Mercedes (Tânia Alves) e Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) se despedem.

Cena em que a jornalista Ana Mercedes (Tânia Alves) e Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) se despedem.

Cena em que o juiz João Reis (Mário Lago) ordena a Sarmento (Ivan Cândido) a libertação de Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), que é aclamado pelo povo.

Cena em que o juiz João Reis (Mário Lago) ordena a Sarmento (Ivan Cândido) a libertação de Pedro Arcanjo (Nelson Xavier), que é aclamado pelo povo.

Cena em que Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) relembra momentos marcantes da sua trajetória e morre.

Cena em que Pedro Arcanjo (Nelson Xavier) relembra momentos marcantes da sua trajetória e morre.

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