Por Memória Globo

Eduardo França/Globo

'Anarquistas, Graças a Deus' foi concebida originalmente como novela para o horário das 18h. A emissora também cogitou lançar a história às 20h, indo ao ar após o término de 'Sol de Verão', cujo final foi antecipado por causa da morte do ator Jardel Filho. A equipe chegou a gravar a trama como novela, mas o programa só foi exibido um ano depois e em formato de minissérie.

O elenco de 'Anarquistas, Graças a Deus' teve aulas para exercitar o sotaque do norte da Itália, uma exigência do diretor Walter Avancini.

Filmes antigos da época da imigração, trazidos de Roma, ajudaram a contextualizar a trama ambientada no início do século XX.

Zélia Gattai autora do livro Anarquistas, Graças a Deus, 1984 — Foto: Eduardo França/Globo

Ao contrário de seu marido, Jorge Amado, que declarava não gostar de assistir a suas histórias na TV, Zélia Gattai acompanhou toda a série e gostou do resultado. A autora elogiou o desempenho do ator Ney Latorraca, que deu vida a seu pai, Ernesto Gattai. Através de um telegrama, o parabenizou pela interpretação, dizendo que o pai certamente ficaria orgulhoso em se ver na televisão.

Esse trabalho me trouxe tanta coisa boa na vida. 'Anarquistas' me trouxe a Zélia Gattai e o Jorge Amado. E Jorge me autografou todos os livros: ‘Para minha sogra’. No Anarquistas, Graças a Deus, eu fazia o papel da mãe da Zélia Gattai. Foi impressionante, porque a Zélia me confessou: ’Olha, Débora, quando eu soube que era você que ia fazer, eu falei: 'Ah, legal. Eu acho ela muito boa atriz. Mas, que pena porque é tão diferente. Ela não tem absolutamente nada a ver com a minha mãe. Mas eu queria te agradecer porque você trouxe a minha mãe de volta. E cacoetes que só eu sabia que minha mãe tinha, você tinha’. Eu amava aquele personagem. Não sabia fazer uma mulher tão forte, no sentido da família, da matriarca, do amor, do casamento que deu certo, daqueles filhos, a ideia política. Eu não tinha essa mulher dentro de mim e aprendi com a Angelina. Foi legal que o Avancini botou a gente para estudar o sotaque vêneto, que é um sotaque específico. Era uma coisa que você tinha que estudar, e eu conseguia inventar palavras, aquela música entrou em mim. Éramos eu e o Ney Latorraca, a gente se dava muito bem. Acho que foi um dos melhores trabalhos que eu fiz.”
— Débora Duarte

Débora Duarte e Ney Latorraca em Anarquistas, Graças a Deus, 1984 — Foto: Eduardo França/Globo

Em função da minissérie, o livro de Zélia Gattai teve as vendas aumentadas em 15 vezes.

'Anarquistas, Graças a Deus' foi tema de inúmeras reportagens na imprensa italiana.

A minissérie foi reapresentada de dezembro de 1985 a janeiro de 1986, às 16h50, em versão compacta.

Em 2008, a minissérie foi lançada em DVD e foi vendida para vários países, como Angola, Argentina, Bolívia, Estados Unidos, Itália, Honduras, Portugal, Suíça e Venezuela.

Prêmios

Pela minissérie, o diretor Walter Avancini recebeu o prêmio Presença da Itália no Brasil, em 1985, entregue durante as comemorações da Festa Nacional Italiana, em São Paulo, no Círculo Italiano. Os atores Ney Latorraca, Débora Duarte e Daniele Rodrigues também foram homenageados na cerimônia.

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