• Alexandra Forbes
Atualizado em
Alberto Landgraf veste Ermenegildo Zegna (Foto: Pedro Dimitrow)

Alberto Landgraf veste Ermenegildo Zegna (Foto: Pedro Dimitrow)

Em setembro deste ano, um ricaço paulistano fã de vinhos e boa comida levou em seu jatinho três amigos para almoçar no Oteque, no Rio. Foi um bate-e-volta em que o restaurante abriu excepcionalmente só para que eles consumissem garrafas de milhares de dólares. Não foi um caso isolado. Os maiores colecionadores de vinho do país elegeram esse restaurante de Botafogo, do chef paranaense Alberto Landgraf, o melhor lugar para beber e comer bem.

Landgraf vem de origem humilde, é filho de um lavrador e uma professora neta de japoneses. Seu primeiro restaurante, o extinto Épice, em São Paulo, ganhou uma estrela Michelin, mas nunca foi visto como “o” lugar. Não era onde o ambicioso chef queria chegar. Para estar perto da sua namorada Natalie Passos (chef-proprietária do restaurante vegetariano Naturalie), mudou-se para o Rio. Obstinado, foi amadurecendo os planos para a sua segunda empreitada. Estudou todos os erros do passado e imaginou o que seria o restaurante perfeito – pequeno, mesas espaçadas, taças do melhor cristal, serviço de vinhos de alto nível, cozinha aberta e cozinheiros servindo os clientes nas mesas.

+ Douglas McMaster é o chef que você deve ficar de olho
+ Conheça o Aponiente, novo restaurante hypado que une aventura e boa comida

A ascensão do Oteque foi fulminante. Abriu em fevereiro e logo veio uma enxurrada de elogios rasgados. É claro que o lindo (e sóbrio) ambiente e o cuidado especial com o serviço de vinhos e com o conforto absoluto dos clientes ajudaram. Mas o sucesso veio principalmente pela comida. Ele soube fazer uma cozinha dificílima: ao mesmo tempo audaz, autoral, gostosa e simples o bastante para ser entendida por todos. Lá não tem aqueles pratos que levam três minutos para serem explicados. O cozinheiro chega à mesa e diz de um golpe: “lagostim com creme de castanhas”, ou “boudin de foie gras com pupunha e tucupi”. Seus pratos são de uma pureza ímpar: sardinha e foie gras sobre brioche (tem forma de sushi) e sorvete de leite de castanhas sem açúcar e nem leite de vaca.

“Meu estilo de cozinha não mudou, só passei a fazer mais peixes e frutos do mar por estar perto da praia”, diz. “O que mudou foi que eu cresci e aprendi a ser restaurateur, a dominar os detalhes que fazem um cliente sair do meu restaurante feliz”. Para ele, isso vai desde os produtos Aesop (cada qual com um aroma diferente) nos banheiros à sonorização perfeita que usa o mesmo isolamento da casa do cineasta Walter Salles. Alex Atala definiu Alberto como “uma das maiores promessas da cozinha brasileira” –, mas, na verdade, Landgraf é o cara que fez nascer no Rio o novo melhor restaurante do Brasil.

...

Foto: Pedro Dimitrow
Styling: Marcio e Flaminío Vicentini
Grooming: Vanessa Sena (ODMGT)
Assistentes de fotografia: Adrian Ikematsu e Thaisa Nogueira
Agradecimento: 3T Locadora