Como plantar

Por João Mathias — São Paulo

Alimento que sacia a fome e com muitas propriedades benéficas, a batata-doce tem frequentado mais os pratos dos brasileiros ao se popularizar a recomendação de seu consumo na dieta diária de praticantes de esportes e alunos de academias de ginástica. Embora já fosse bem aceita pelo mercado, a raiz tuberosa ganhou ainda espaço nas vendas em hortas, feiras de ruas, mercearias e outros pontos de venda do varejo graças à fama de ser uma excelente fonte de energia, sobretudo para quem tem uma rotina de exercícios físicos.

Se já não bastasse o elevado teor de nutrientes, vitaminas, fibras e minerais da batata-doce convencional, o Instituto Agronômico (IAC) e a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) – Regional de Presidente Prudente lançaram nos últimos anos duas cultivares em versão biofortificada. Trata-se de uma solução sustentável e eficaz para melhorar a qualidade dos alimentos e a ingestão de micronutrientes, como vitamina A, ferro e iodo, que são as três maiores carências nutricionais no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para os produtores da raiz tuberosa – os pequenos agricultores compõem a maior parte da base de produção –, há ainda muitas vantagens econômicas, além do baixo custo de plantio e da possibilidade de colheita o ano inteiro.

Com propagação fácil e adaptada a diferentes condições climáticas e de solo, a batata-doce biofortificada tem ciclo de produção que pode variar de 120 a 150 dias na primavera e no verão e, no outono e no inverno, de 150 a 180 dias.

A produtividade, por sua vez, chega a ser mais que o dobro da média, de cerca de 14 toneladas por hectare nas lavouras do país. Rio Grande do Sul e São Paulo são os estados que mais produzem a batata.

Indicada para uso na gastronomia, a batata-doce biofortificada reúne um conjunto de características que também agradam à indústria de processamento, como coloração de polpa e casca, sabor e textura, que a tornam versátil para compor receitas de doces e salgados.

A polpa de tonalidade alaranjada, por exemplo, é a que tem a concentração mais alta de betacaroteno, pigmento que permite obter a vitamina A, essencial para fortalecer o sistema imunológico.

A roxa, por sua vez, é a que tem o maior teor de antocianinas – antioxidante que protege as células saudáveis contra os danos causados pelo excesso de radicais livres, o que ajuda na prevenção contra a ocorrência de derrame e o surgimento de câncer e doenças degenerativas.

Mãos à obra

Início

Escolha mudas sadias e de acordo com as características de cada batata-doce biofortificada. A IAC 134 AL01 tem potencial produtivo de mais de 35 toneladas por hectare e teor de matéria seca próximo a 25%. Com polpa alaranjada, tem concentração de carotenoides – provitamina A – mais de 82 vezes maior do que as cultivares mais plantadas no país.

De casca avermelhada, formato longo elíptico, e peso médio de 200 gramas, ela destina-se à culinária para consumo cozida ou assada e à indústria de compotas e doces. A IAC ametista, que tem polpa roxa, também é indicada para a fabricação de processados.

Ela tem potencial produtivo de 30 toneladas por hectare e teor de matéria seca próximo a 30%. Como diferencial, a polpa roxa tem substâncias bioativas, entre elas as antocianinas e os compostos fenólicos, ambos elementos associados à diminuição do risco de doenças degenerativas. Sua casca também é roxa, mas em um tom mais escuro, e seu formato, longo elíptico. Boa para a gastronomia, a ametista também serve para a produção de doces e farinhas processadas na indústria.

Ambiente

De fácil adaptação climática, as batatas-doces biofortificadas podem ser cultivadas a até 3 mil metros acima do nível do mar. Elas não toleram geadas, e seu crescimento atrasa sob temperaturas de menos de 10ºC. A produtividade da cultura é mais alta em regiões onde o ciclo vegetativo conta com quatro meses com temperatura média de mais de 20ºC. Também recomenda-se plantá-las em áreas com 750 a 1.000 milímetros de chuva por ano. Na fase de crescimento, são necessários cerca de 500 milímetros.

Propagação

Ocorre por meio de ramas-sementes com 30 a 40 centímetros de comprimento. Como algumas se quebram facilmente, é necessário mantê-las em local sombreado para que murchem um pouco. Plante-as somente um dia depois da retirada da planta-mãe.

Plantio

Solos com boa drenagem e textura arenosa ou areno-argilosa são os melhores. Eles devem ainda ser levemente ácidos ou neutros, já que a planta cresce e produz bem quando o pH fica entre 4,5 e 7,7, com ótimo desenvolvimento no intervalo entre 5,6 e 6,5. Ressalte-se que os terrenos compactados alteram o formato e a uniformidade das raízes tuberosas, diminuindo o valor comercial do produto.

Espaçamento

Entre plantas, tem relação com o tamanho da ramasemente que se usou e a profundidade em que ela for enterrada – o que pode ser até dois terços do comprimento da muda, deixando a porção apical exposta. A distância entre plantas na leira deve ser de 40 centímetros e entre leiras, de 100 centímetros, o que permite o cultivo de 25 mil plantas por hectare.

Produção

Em regiões quentes, a IAC 134 AL01 tem ciclo de produção de 120 a 150 dias na primavera e no verão e de 150 a 180 dias no outono e no inverno. A IAC ametista, por sua vez, tem ciclo de 120 a 150 dias na primavera e no verão e de 150 a 180 dias no outono e no inverno.

Outras informações

  • Solo: com boa drenagem e textura arenosa ou areno-argilosa
  • Clima: pelo menos quatro meses com temperatura média superior a 20ºC durante o ciclo vegetativo.
  • Área mínima: plantio pode ocorrer em canteiros de hortas.
  • Colheita: o cultivo pode se estender por 120 dias a 180 dias, a depender da cultivar e da estação do ano.
  • Custo: o preço da bandeja com 50 células de batata-doce é de R$ 100, e o feixe com 50 ramas sai por R$ 15.
  • Onde comprar: no departamento Cati Sementes e Mudas da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) , por meio do Whatsapp (15) 99845-9056 ou marcos.franco@sp.gov.br.

Consultor: Valdemir Antonio Peressin é pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA)

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