Caminhos da Safra

Por Gabriella Weiss — São Paulo

O avanço da colheita de milho e a intensificação da comercialização da soja impulsionaram os preços dos fretes rodoviários em importantes regiões produtoras do Brasil, segundo o Boletim Logístico de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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O avanço da colheita, especialmente da segunda safra de milho, e o aquecimento nos embarques de soja influenciaram a procura por serviços de transporte, elevando os preços dos fretes em Estados produtores como Mato Grosso. O boletim destaca o aumento na demanda por caminhões devido à necessidade de liberar espaço nos armazéns, impulsionada por uma melhoria nos preços da soja.

"Para junho, a tendência era de aquecimento no mercado e elevação dos preços, em linha com a sazonalidade do mercado de fretes rodoviários", explica, em nota, Thomé Guth, superintendente de Logística Operacional da Conab. "No entanto, as condições de preço do milho podem influenciar esse mercado, diminuindo a pressão na demanda por transporte dos produtos", completa.

Em Minas Gerais, a intensificação da colheita do café foi um dos principais fatores para o aumento dos fretes. Nos Estados do Maranhão, Piauí, Goiás, Paraná e Bahia, as cotações também registraram elevação na maioria das rotas.

Em contrapartida, em São Paulo e Mato Grosso do Sul, os preços dos fretes se mantiveram estáveis com ligeiras altas. No Distrito Federal, houve uma queda média de 8% nas rotas pesquisadas, motivada principalmente pela menor demanda de soja e milho, além do comportamento estável do preço do diesel.

A Conab divulgou uma redução significativa na produção brasileira de grãos para o ciclo 2023/24, totalizando 297,54 milhões de toneladas. Este volume representa uma queda de 7% em relação à safra anterior, resultando em 22,27 milhões de toneladas a menos.

A produção de soja, estimada em 147,3 milhões de toneladas, sofreu uma diminuição de 4,7%, enquanto a safra de milho, considerando as três colheitas anuais, atingiu 114,1 milhões de toneladas, uma queda de 13,5%.

A colheita da soja no país se aproxima do fim, com 99,8% da área plantada já colhida até a semana finalizada em 9 de junho, segundo os dados da Conab. No entanto, o cenário não é uniforme em todo o país.

No Rio Grande do Sul, as chuvas intensas do final de abril e maio causaram perdas significativas nas lavouras, levando ao abandono de algumas áreas. Nas regiões que puderam ser colhidas, a operação enfrenta dificuldades devido à erosão do solo causada pelas chuvas, além da alta umidade e presença de grãos avariados na produção. Em contrapartida, a colheita avança de forma satisfatória na região Leste do Maranhão.

No âmbito das exportações, maio de 2024 registrou um aumento na participação dos portos do Arco Norte, que escoaram 36,4% do total nacional contra 37% no mesmo período do ano passado. Já o porto de Santos, historicamente importante para o escoamento da soja, viu sua participação diminuir de 38,9% para 36%.

O porto de Paranaguá também apresentou crescimento, passando de 10,7% para 12,7% do total exportado, enquanto São Francisco do Sul registrou um aumento de 4,7% para 6,4%. A origem da soja destinada à exportação se concentra nos estados do Mato Grosso, Goiás, Paraná e Minas Gerais.

As exportações de soja em maio alcançaram 13,47 milhões de toneladas, uma redução de 8,3% em comparação com as 14,7 milhões de toneladas exportadas em abril. Esta queda reverte um movimento recorde observado no mês anterior.

O mercado de soja tem sido influenciado por fatores globais e regionais, incluindo um clima favorável nos Estados Unidos, que tem beneficiado o plantio, e a conclusão da colheita na Argentina. No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, as exportações de soja somaram 50,2 milhões de toneladas.

A colheita da primeira safra de milho no Brasil segue em ritmo acelerado, com 85,2% da área já colhida até a semana finalizada em 9 de junho, segundo dados da Conab. No Rio Grande do Sul, a colheita foi retomada após o término da colheita da soja e vem sendo favorecida pela redução das chuvas, apesar das produtividades estarem abaixo do esperado devido às enchentes que atingiram o estado.

Já a colheita da segunda safra de milho ainda está no início, com 7,5% da área colhida até o momento, e tem evoluído, de forma geral, com boa produtividade, segundo a companhia. Em Mato Grosso do Sul, o clima seco e quente antecipou o ciclo do cereal.

Já em São Paulo, a colheita começou de forma incipiente, com baixas produtividades observadas devido aos períodos de restrição hídrica durante o ciclo da planta. Em Minas Gerais, a falta de chuvas afeta as lavouras tardias.

O milho registrou exportações de 0,42 milhão de toneladas em maio, contra 0,07 milhão no mês anterior e 0,47 milhão no mesmo período de 2023. Apesar da safra reduzida, a queda nos preços internos está associada ao avanço da colheita da segunda safra, com a demanda interna absorvendo lotes previamente negociados e diminuindo a atividade no mercado disponível da nova safra. As exportações de milho acumuladas de janeiro a maio alcançaram 7,5 milhões de toneladas.

Adubos e fertilizantes

Com o encerramento do plantio da segunda safra de milho e das lavouras de inverno no Brasil, e os olhos voltados para o desenvolvimento das lavouras de soja e milho nos Estados Unidos, o mercado de adubos e fertilizantes se movimenta para atender a próxima safra brasileira.

As previsões de uma safra recorde de soja nos EUA, em contrapartida à menor produção de milho, influenciam o mercado brasileiro. Mesmo diante da instabilidade geopolítica internacional, o câmbio favorável e a retomada da confiança no setor agrícola impulsionam a busca por insumos.

Em maio, as importações brasileiras de adubos e fertilizantes registraram uma leve reversão na queda, em comparação com os meses anteriores. A participação dos portos do Arco Norte na internalização dos insumos segue crescendo, facilitando a logística e otimizando custos.

No acumulado de janeiro a maio, os portos brasileiros receberam 13,64 milhões de toneladas de adubos e fertilizantes, volume ligeiramente superior às 13,61 milhões de toneladas do mesmo período em 2023.

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