TIMES

Por Eu Atleta — Rio de Janeiro

Istock

Sedentarismo não é uma questão estética, mas sim de saúde. Apesar de estatísticas diferentes apresentarem números diferentes, todas as pesquisas são ruins. A modernidade, infelizmente, faz esses números aumentarem com o passar dos anos. Cada vez mais as pessoas utilizam transporte motorizado, em vez de usar uma bicicleta ou caminhar, além da disputa com as plataformas digitais. O cardiologista e médico do esporte, Eduardo Kopiler, aponta as complicações que essa condição pode gerar.

- O sedentarismo é um dos males do século. O indivíduo que é sedentário, aumenta muito os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, doença das artérias coronárias, onde pode ter uma obstrução. Mas não é só a doença cardiovascular. Então, muitas doenças como o câncer também estão relacionadas ao sedentarismo, como aumento das chances de você ter demência senil e outras alterações nesse sentido. Então, o sedentarismo e ruim para o corpo como um todo e afeta quase todos os sistemas do organismo – alertou o cardiologista durante entrevista para a Rádio Globo.

Jogos eletrônicos e a televisão são grandes aliados do sedentarismo — Foto: iStock

Recentemente, a Organização Mundial da Saúde lançou um novo plano de ação mundial sobre atividade física e saúde para 2018 a 2030. Junto ao primeiro ministro de Portugal, António Costa, o diretor-geral da OMS divulgou o documento para incentivar as pessoas a serem mais ativas para um mundo mais saudável.

- Ser ativo é fundamental para a saúde. Mas no mundo moderno, isso está se tornando cada vez mais um desafio, em grande parte porque nossas cidades e comunidades não são projetadas da maneira correta. Precisamos de líderes em todos os níveis para ajudar as pessoas a terem uma vida mais saudável. Isso funciona melhor em nível de cidade, onde a maior responsabilidade é criar espaços mais saudáveis. Você não precisa ser um atleta profissional para ser ativo. Usar as escadas em vez do elevador faz a diferença. Ou andar e usar a bicicleta em vez de dirigir até a padaria do bairro. São as escolhas que fazemos todos os dias que podem nos manter saudáveis. Os líderes devem ajudar a tornar essas escolhas mais fáceis - afirmou Tedros.

Por conta dos desafios diários e da rapidez dos resultados, o triátlon foi um dos esportes que cresceu muito no Brasil nos últimos anos. Mas o exagero não faz bem. Sair do sofá para praticar uma atividade extremamente desgastante aumenta muito o risco de lesões, por exemplo, como destaca a triatleta e professora de educação física, Patrícia Peixoto.

- O excesso não é saudável. Tanto é que o atleta profissional não é sinônimo de saúde. Por isso que é importante procurar um profissional para orientar e começar bem devagar, aos poucos, fazer um check-up antes de começar uma atividade e moderar porque uma pessoa ultra motivada costuma passar um pouco do ponto e a gente tem que orientar e dosar bem esse ritmo porque, com a dedicação você acaba tendo que acordar muito cedo, precisa dormir cedo, as vezes não consegue, ai o sono fica prejudicado também. Precisa equilibrar bem a atividade com o seu estilo de vida – afirmou Patrícia.

Dados de 2013 do IBGE mostram que mais de 50% da população brasileira adulta não faz atividade física de forma regular. Segundo a recomendação da Organização Mundial da Saúde, o ideal são 150 minutos de atividade aeróbica moderada ou 75 minutos de uma atividade intensa, com musculação pelo menos duas vezes na semana. Para sair do sedentarismo é necessário melhorar o equilíbrio nutricional, praticar atividade física regularmente e mudar hábitos que, a longo prazo, farão diferença.

Praticar uma atividade regular, mesmo que por pouco tempo, é essencial para a saúde — Foto: IStock

- A maior dificuldade é encontrar alguma atividade que a pessoa realmente goste e tenha acesso. E vale ressaltar que não é só o exercício físico na academia ou virar um triatleta, mas sim pequenas atividades no deslocamento para o trabalho a pé ou de bicicleta, em vez de usar o elevador, subir de escada – citou Patrícia.

- O que a gente tem que entender é que quando a gente fala de exercício é como se fosse um remédio. Porque você tem que estar tomando diariamente. Então, se por ventura você foi um atleta na infância, depois entrou na faculdade e parou de fazer atividade física, ficou mais velho, ficou anos sem fazer, você vai perder esses benefícios. O interessante é que a gente fala de indivíduos em termos de prevenção primária, quem não tem doença, mas a atividade física é um remédio também para doenças cardiovasculares. Existe treinamento intervalado e de alta intensidade mostrando resultados melhores do que os de treinamento contínuo – completou o Dr. Kopiler.

Pesquisas mostram que o sedentarismo pode ser tão ou mais perigoso do que o tabagismo para a saúde da população mundial.

- Uma pesquisadora americana mostrou em 2008 que cerca de um milhão de pessoas morriam nos EUA por conta do tabagismo, e um milhão e cem por conta do sedentarismo. Esse trabalho foi reproduzido em ouros locais no mundo com percentuais muito semelhantes mostrando que hoje, essa epidemia que é o sedentarismo, pode trazer consequências piores do que o tabagismo – afirmou o Dr. Daniel Kopiler.

Em São Paulo, pior cidade a nível de atividade física no Brasil, tem como meta aumentar a prática de atividade física em 20%. Solange Menxel, que trabalha na secretaria de esportes do município há 32 naos, afirma que muitas vezes quem mora na periferia pratica mais atividade física do que quem mora nas regiões mais nobres, apesar de não se dar conta.

- O que eu sinto na periferia é que as vezes as pessoas não sabem o que é atividade física. Então, ele vai andando, pedala até a estação de trem, anda bastante para acessar o transporte público e, às vezes, ele não considera isso como atividade física. E o pessoal mais da região central, mais nobre, utiliza muito mais o transporte individual, faz tudo de carro. Na periferia ele consegue andar mais.

Veja também

Mais do ge

Especialista responde dúvidas comuns sobre a questão como idade mínima para treino de força, benefícios, cuidados e riscos

Crianças podem fazer musculação? Endocrinologista explica

Confira quais alimentos podem ser congelados ou não na preparação de marmitas congeladas

Marmita congelada: o que pode ir ou não no congelador

Saiba os usos específicos das duas substâncias e como cada uma age no organismo

Suplemento ou remédio: entenda as diferenças e indicações

Especialistas explicam o que acontece com o metabolismo em baixas temperaturas e ensinam como obter saciedade sem ganho de peso

Por que sentimos mais fome no frio?

Corpo humano gasta mais energia para manter a temperatura durante o frio, o que aumenta a fome

Frio exige maior equilíbrio na ingestão dos alimentos; entenda

Saiba como treinar a perna de maneira efetiva e evitando lesões

Treino de perna: 15 melhores exercícios para fazer

Em período de festividades típicas, posturas também podem ajudar a manter o físico em forma; Adriana Camargo ensina asanas com benefícios para o exterior e o interior

Yoga no inverno: veja posturas para aquecer e queimar calorias

Confira quais os principais sinais que mostram como sua alimentação está pobre em frutas e saiba como incluí-las na rotina da sua família

11 sinais de que você precisa comer mais frutas

Dieta é capaz de influenciar a ocorrência de dor na cabeça, na barriga, na articulação, entre outras

Alimentação pode causar dor em partes do corpo? Veja exemplos

Cardiologista e médico do esporte aponta avanços e questões na prevenção da mortalidade em casos semelhantes ao do jogador da Dinamarca, que disputa torneio mil dias após quase morrer em campo

Retorno de Eriksen à Eurocopa após parada cardíaca deixa lições