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Gabriela e a bomba de insulina
(Foto: Guto Gonçalves/Estúdio13)

"Meu nome é Gabriela Arantes, tenho 29 anos e, junto com minha irmã gêmea, Daniela tenho uma empresa de assessoria esportiva na qual atuamos, inclusive com alunos diabéticos, pois somos especialistas em prescrição de atividade física para diabéticos.

Sempre fui muito esportista, já pratiquei de tudo quando criança. Meu pai (já falecido) era fanático por atividade física e sempre incentivou muito eu e meus irmãos (os três são personais). Entre os esportes que mais gostava, o futebol tinha destaque. Eu e minha irmã chegamos até a seleção brasileira sub-17, mas tivemos que parar, pois não dava para conciliar com a faculdade de Educação Física. Então começamos a disputar os campeonatos universitários pela faculdade.

No meio do primeiro ano de faculdade, nosso pai foi diagnosticado com câncer e isso foi muito impactante em nossas vidas. Ele faleceu seis meses depois, e foi aí que eu e minha irmã entramos de cabeça na corrida. Era uma forma de “esquecermos” um pouco dos problemas.

Passados três meses, eu descobri a diabetes, mais um choque para mim e minha família. Tive muito apoio da minha mãe e de meus irmãos para iniciar o tratamento.

Já vinha correndo bastante e comecei a estudar muito sobre diabetes (sempre junto com a minha irmã) para entender o que estava acontecendo comigo e saber me cuidar. Desde então, passei a querer correr mais e mais, pois começava a descobrir o quanto ajudava em meus controles de glicemia.

Quem sempre esteve ao meu lado, e que me deu a segurança necessária, foi minha irmã Daniela. Desde o meu diagnóstico, ela era quase diabética, pois seguia a rotina igual a minha,
com exceção das aplicações de injeções e dos incansáveis testes de glicemia (hoje, depois de 10 anos do meu diagnóstico até isso ela compartilha, pois também ficou diabética). Sempre correndo ao meu lado e me ajudando nas tomadas de decisões necessárias em relação à suplementação de carboidrato e administração de insulina, que fica um pouco mais complicada quando se pratica atividade física por conta de aumentos e ou reduções de alimento e dosagem de insulina.

Gabriela  e o marido Marcus  (Foto: Arquivo Pessoal)

Acredito que meu primeiro grande desafio foi quando decidi fazer minha primeira maratona. Tive que fazer vários ajustes na medicação e dieta que foram muito bem orientadas pela minha
endocrinologista, dra. Denise Reis Franco, e minha nutricionista, Luciana Bruno. Depois dessa, acabei adquirindo mais experiência e já corri outras duas. Pretendo correr a quarta, agora em outubro, nos Estados Unidos. Também fiz uma ultramaratona com uma equipe de diabéticos, na qual percorri 60 km, foi uma experiência incrível.

Além disso, tenho muitos amigos diabéticos que me motivam a querer mais e ter a certeza de que tudo é possível. Em especial, queria agradecer ao meu grande amigo e ultramaratonista Emerson Bisan que eu admiro muito. Também não poderia esquecer do meu marido Marcus, que além de me apoiar em tudo é um super companheiro e sempre está comigo em todas as provas para me fazer companhia!

O conselho que dou para qualquer pessoa, mas especialmente os diabéticos, é que escolha um objetivo e corra atrás dele, pois não existe nada nem ninguém que possa impedir um sonho!