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Jovem usa a corrida de rua como meio para divulgar doença sem cura

Portadora de fibrose cística, que causa pneumonia e interfere no crescimento, Thamiris começou a correr inspirada em exemplo argentino

Por Rio de Janeiro

euatleta - header minha história (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM)
Thamiris Sabas - Eu Atleta (Foto: Arquivo Pessoal)Thamiris encarando uma prova de 5km
(Foto: Arquivo Pessoal)

"Meu nome é Thamiris Sabas, tenho 21 anos e sou estudante de Educação Física, já trabalho na área e amo o que faço. Sou portadora de fibrose cística, que é uma doença genética, ainda sem cura, que pode ser diagnosticada já no teste do pezinho. Seus principais sintomas são pneumonia de repetição, desnutrição, tosse crônica, dificuldade em ganhar peso e estatura, diarreia, pólipos nasais e alongamento das pontas dos dedos das mãos e dos pés. É também conhecida como Mucoviscidose ou ainda como ‘doença do beijo salgado’, pelo suor mais salgado que os pacientes têm.euatleta - header minha história mudança (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM)

Quero ver um por um fazendo atividade física. É essencial para nós."
Thamiris Sabas

Em março de 2012, fui convidada pela Associação Carioca de Apoio à Mucoviscidose ou Fibrose Cística (Acam) para realizar uma palestra contando minha história, como foi desde que descobri a Fibrose Cística e como consigo conciliar o tratamento na vida adulta com trabalho, estágio e faculdade. E foi nessa palestra que conheci o Cristiano Silveira, coordenador da Equipe de Fibra (clique aqui e saiba mais sobre a equipe). Ele me convidou e eu aceitei logo de cara fazer parte da equipe corrida, levei como um desafio para mim. A partir daí comecei a treinar. Tive três meses de treino e em julho participei da minha primeira prova de 5 km, que completei em 36 minutos. Depois disso, eu me apaixonei pela corrida de rua.

Achei um máximo aquele monte de pessoas de várias idades misturadas e incentivando um ao outro para não desistir. Em agosto, participei da Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro na categoria 5km e novamente fiz o mesmo tempo. Então comecei a mudar meus treinos e decidi que iria reduzir meu tempo. Dito e feito. No dia 16 de setembrpo, na etapa carioca do Circuito das Estações, completei a prova de 5km em 33:02 correndo todo o percurso sem parar para descansar.euatleta - header minha história desafio (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM)

Tive apoio dos meus professores da faculdade, amigos, namorado e a família, enquanto outros não acreditavam no meu potencial. Meus professores sempre acreditavam que eu tinha algo a mais, que eu poderia mudar e tiveram a prova viva disso. Um argentino, Marcos Marini, também portador de Fibrose Cística, é um grande incentivo para mim, pois ele já corre há alguns anos e o desempenho dele só aumenta. Mas apoio maior eu tive dos pais e portadores de Fibrose Cística, que me incentivam e me dizem que sou exemplo para eles. Penso que, como exemplo, eu devo fazer o melhor para que eles sigam e façam também. Quero ver um por um fazendo atividade física. É essencial para nós.Galeria Fibra (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)

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Desistir, eu nunca pensei. Medo? Tenho sempre. Medo de não conseguir correr todo o percurso, de passar mal no caminho, mas isso é bem psicológico. E estou conseguindo trabalhar isso bem direitinho. Venci o medo de correr 5km sem parar para caminhar ou descansar. A sensação de desafio completo é a melhor. A meta? Correr 10 km em dezembro. Estou me empenhando para isso e acredito no meu potencial.euatleta - header minha história compartilhar (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM)

Thamiris Sabas - Eu Atleta (Foto: Arquivo Pessoal)Na chegada da prova de 5km da Meia Maratona
Internacional do RJ (Foto: Arquivo Pessoal)

Me senti como se tivesse ganho o troféu de 1º lugar por ter conseguido bater minha meta de diminuir o tempo e correr todo o percurso sem parar. Isso pra mim é uma grande evolução. Ser portador de Fibrose Cística e terminar um prova de 5km com temperatura entorno dos 35º sem sentir nada de anormal, com frequência cardíaca e saturação normais, é um grande prêmio. Aprendi muita coisa. Principalmente que o psicológico nunca pode tomar conta de você. É você quem precisa tomar conta dele e controlá-lo.

Um conselho para todos que buscam na atividade física, seja ela qual for, um incentivo: vá em frente! Conheça seus limites, dê o melhor de si. E se existir alguém que diga que você não é capaz, não desanime. Use como incentivo e prove que você é muito mais do que ela acredita ser. Acredite no seu potencial".

euatleta card qual é a minha história (Foto: Editoria de Arte / GLOBOESPORTE.COM)