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Por Arcílio Neto — Novo Horizonte, SP


Em uma Série B com times de oito capitais e 16 cidades com mais de 200 mil habitantes, quem está na dianteira após 20 rodadas é o Novorizontino, da pequena Novo Horizonte, de apenas 38 mil moradores.

Novorizontino vence Vila Nova e reassume a liderança da Série B

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É o menor município a receber partidas desta edição da segunda divisão nacional, já que o Tombense - Tombos tem 8,6 mil habitantes - joga na vizinha Muriaé, de 110 mil moradores, pois o estádio da sua terra natal não tem estrutura para a Série B.

Estádio Jorge Ismael de Biasi e a cidade de Novo Horizonte — Foto: Thomaz Vita Neto/Divulgação Novorizontino

A quase cinco horas da capital São Paulo, Novo Horizonte tem como referências as cidades de São José do Rio Preto, a 86 quilômetros de distância e Bauru, a pouco mais de 100 quilômetros.

Se o feito já é surpreendente em uma Série B, qual seria o tamanho da conquista se o atual líder conseguisse um inédito acesso para a elite do Campeonato Brasileiro? O ge topou esse desafio e teve que fazer uma viagem no tempo diretamente para a década de 1970.

Cidade pequena, sonho gigante

O Novorizontino esteve no G-4 da Série B em 11 das últimas 12 rodadas. Após bater o Vila Nova no domingo passado, o Tigre do Vale assumiu a liderança da competição pela terceira vez.

Está numa sequência de três vitórias seguidas em um campeonato que já conquistou, anteriormente, a marca de sete triunfos consecutivos, segundo maior recorde da história da Série B. São apenas algumas credenciais que colocam o Novorizontino como um dos favoritos ao acesso para o Brasileirão.

Para se ter uma ideia do tamanho do feito para um time de uma cidade de 38.324 habitantes, o ge revisitou os últimos 45 anos da elite nacional. De 1980 em diante, em apenas uma vez a Série A teve um clube de um município com menos de 40 mil habitantes. O levantamento considera a população da época em questão.

Foi no Brasileirão de 1984, que teve a participação de 41 clubes. Um deles era o Catuense, da cidade de Catu, na Bahia, que terminou na vice-lanterna. O município, que fica na região metropolitana de Salvador, tinha cerca de 39,4 mil habitantes, na época. Ou seja, tinha mais moradores que Novo Horizonte tem em 2023.

Time da Catuense-BA em 1985 — Foto: Acervo/Catuense.net

O único time com população menor que Novo Horizonte foi o Villa Nova-MG, da cidade de Nova Lima. O clube mineiro disputou a Série A pela primeira vez em 1977. O censo do IBGE de 1970 indicava que o município da Região Metropolitana de Belo Horizonte tinha 34 mil habitantes. Em 1980, chegou aos 41.217 moradores.

Voltando ao século XXI, os único times de cidades abaixo de 200 mil habitantes na Série A foram São Caetano e Bragantino. O município de São Caetano do Sul fica na região do ABC Paulista e conta com 165.655 moradores, de acordo com o atual Censo do IBGE.

Vice-campeão brasileiro em 2000 e 2001, o Azulão também marcou presença na elite nacional em mais cinco edições entre 2002 e 2006.

Athletico x São Caetano, final Campeonato Brasileiro 2001 — Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Bragança Paulista, por sua vez, tem 176.811 habitantes. O Bragantino, vice-campeão em 1991, está na Série A desde 2020.

Outros times de cidades menores neste século na Série A foram Ipatinga, Grêmio Barueri/Prudente, Criciúma e Chapecoense, que disputaram o Brasileirão quando seus municípios tinham pouco mais de 200 mil habitantes.

4ª pior média de público da Série B

O Novorizontino leva para todo o país o gentílico da pacata Novo Horizonte. No primeiro turno, apesar da grande campanha, teve a quarta pior média de público da competição, com 1.619 torcedores por jogo.

Para a abertura do segundo turno, contra o Vila Nova, o clube fez promoção que dava um ingresso para quem levasse um quilo de alimentos. Deu resultado: público de 4.439 torcedores, que significa 11,6% da população da cidade dentro do estádio Jorge Ismael de Biasi.

Torcida do Novorizontino na partida contra o Vila Nova, pela Série B 2023 — Foto: Lucas Valeo/Divulgação/Novorizontino

Para outros times pode parecer pouco, mas definitivamente não é o caso que se aplica para o Aurinegro de Novo Horizonte.

Rei dos acessos

O Novorizontino disputa a Série B do Brasileiro pela segunda vez em sua curta história de 13 anos. A primeira foi no ano passado, quando o time só conseguiu escapar do rebaixamento na última rodada, contando com a ajuda do Cruzeiro, que virou nos minutos finais diante do CSA.

Em 2020, o Tigre do Vale subiu na Série D e, no ano seguinte, engatou um acesso para a Série B. O clube fundado em 2010 é uma nova versão do extinto Grêmio Esportivo Novorizontino, vice-campeão paulista de 1990 e que faliu em 1999. Os CNPJs são diferentes.

Ronaldo comemora gol do Novorizontino contra o Vila Nova pela Série B — Foto: Gustavo Ribeiro/Novorizontino

O time liderado pelo técnico Eduardo Baptista, aliás, busca seu segundo acesso em 2023, já que subiu na Série A2 do Paulista no primeiro semestre, quando foi vice-campeão, perdendo a decisão para a Ponte Preta nos pênaltis.

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