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Por Bruno Ravazzolli — Curitiba


O Grêmio está à deriva e navega perigosamente na zona do rebaixamento do Brasileirão. E não é só falta de sorte, como insiste Renato Portaluppi. A derrota no Gre-Nal e suas repercussões escancaram os diversos problemas da equipe em meio à sequência de seis derrotas no campeonato. A crise se alastra do campo para o vestiário e o clube parece não entender a gravidade da situação.

Renato Portaluppi fala sobre sequência de derrotas do Grêmio e relembra desempenho em 2023

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O presidente Alberto Guerra apareceu por dois minutos em um corredor estreito e apertado do Couto Pereira para dar satisfações. Repórteres se amontoavam uns sobre os outros. Não havia espaço. Muitos sequer conseguiram entender o que era dito. Em um discurso direto, o dirigente descartou demissões e garantiu que "tudo ficará como está".

Os homens fortes do futebol, Renato, Antônio Brum e Luís Vagner Vivian, são os responsáveis pela montagem do grupo – criticado publicamente após a partida. Portaluppi nega ter exposto os atletas, mas concorda que faltam opções. E, de fato, há limitações nítidas. O resumo da insuficiência foi a aposta no contestado Rodrigo Ely, zagueiro, como centroavante no fim do jogo.

– Você colocaria quem? O Ely é um exímio cabeceador. A alternativa era jogar a bola na área para ver o que ia dar. Para tu ver o ponto que eu tenho que chegar – argumentou o treinador ao repórter.

Renato Portaluppi, técnico do Grêmio, derrota no Gre-Nal — Foto: Bruno Ravazzolli/ge

O técnico, com razão, reclama do desgaste e dos dias longe da família. Todavia não percebe que o rival vive exatamente o mesmo cenário e é sexto na tabela. As justificativas para a má fase volta e meia passam pelo folclórico "vai decolar" ou "faltou sorte" ou "daqui a pouco a bola entra".

Quando questionado sobre o trabalho da comissão técnica, Renato puxou o currículo vitorioso para disfarçar o que é visto em campo. A verdade precisa ser dita: o Grêmio não preenche uma mão de boas atuações em 2024. O time compete. Não falta determinação. A equipe carece mesmo é de qualidade e soluções que o técnico não tem conseguido apresentar para minimizar os danos.

O discurso pós-jogo, tanto de Renato quanto de Guerra, tira o peso da possibilidade de rebaixamento. A história já ensinou que subestimar o fantasma da Série B é brincar com o perigo. Memórias do ano de 2021 voltam à mente de torcida e imprensa. É preciso levar a sério os riscos e apresentar respostas imediatamente.

"Torcedor do Grêmio precisa de respostas, alguém tem que cair", diz Queki | Voz da Torcida

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O Grêmio conta as horas para a abertura da janela de transferências. Não há mais tolerância para erros nas avaliações e contratações. É preciso ir além de nomes como Iturbe, Besozzi, Nathan Pescador, Du Queiroz, JP Galvão e outros. O elenco urge por qualidade.

Simultaneamente a todos os problemas, Renato revelou ter tido uma conversa com os dirigentes no vestiário e, pela primeira vez, deu indícios de desgaste e até levantou a possibilidade de sair. Embora as críticas e contestações, uma saída abrupta poderia ser pior para o clube, que tem uma estrutura viciada e dependente de Portaluppi.

– A conversa que tive com o presidente agora. Não coloco multa nenhuma no meu contrato. Eu vou para o clube para trabalhar, não para roubar. Se amanhã se eu quiser ir embora, eu vou. Se o clube não me quiser, eu vou embora. Se eu estou atrapalhando, saio eu. Sem problema – disparou.

Grêmio 0 x 1 Internacional | Melhores momentos | 11ª rodada | Brasileirão 2024

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É preciso lembrar que o Grêmio tem dois jogos atrasados na tabela, contra Criciúma e Atlético-MG. Hoje, hipoteticamente, duas vitórias levariam a equipe para 13º, ainda em uma posição perigosa. A cada tropeço no campeonato, o cenário fica cada vez mais complicado.

O Grêmio traça um rumo perigoso. Parece perdido. Os atletas estão abalados emocionalmente. O desafio não será fácil. A maratona não dá trégua. Depois de perder para Bahia, Bragantino, Flamengo, Botafogo, Fortaleza e Inter, a tabela impõe um confronto direto contra o Atlético-GO, às 20h de quarta-feira. Não há outro caminho em Goiânia a não ser vencer.

Coletiva do presidente Alberto Guerra no Couto Pereira — Foto: Quetelin Rodrigues/ge

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