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Por Carol Oliveira e Henrique Arcoverde — Rio de Janeiro


"Quando eu fico em pé em cima do bloco, eu vejo meu pai, minha mãe e meus dois irmãos." Faltando poucos segundos para começar a final dos 50m livre nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, Fernando Scherer contou com o apoio da família para conquistar a medalha de bronze na natação. Neste domingo, o nadador brasileiro relembrou tudo que viveu no dia de sua primeira medalha olímpica e dividiu momentos únicos no quadro do Esporte Espetacular "Minha Medalha".

Relembre os episódios anteriores do quadro "Minha Medalha" ao fim desta reportagem.

Minha medalha: O bronze de Fernando Scherer nas Olimpíadas de 1996

Minha medalha: O bronze de Fernando Scherer nas Olimpíadas de 1996

- Atlanta é uma que está sempre na memória, né. Não tem como não lembrar. Eu sempre acabo me emocionando - contou Fernando.

Em 1996, as atenções do mundo estavam voltadas para a capital da Geórgia, nos Estados Unidos. Atlanta foi palco de grandes momentos para o Brasil, especialmente na natação. Gustavo Borges conquistou medalhas de bronze nos 100m e prata nos 200m livre, e Fernando Scherer, mais conhecido como "Xuxa", garantiu o bronze nos 50m livre. Para Xuxa, o fim da história foi feliz, mas comentou a dificuldade para chegar até lá. Depois de não começar bem nas eliminatórias dos 50m livre, o brasileiro precisou participar de um desempate para poder disputar a final.

- Eu não gostei do que estava acontecendo na Olimpíada, nada estava fluindo. Então eu fiquei em 5º nos 100m e em 4º no revezamento 4x100m. Nos 50m, eu lembro que nadei de manhã. Fiz 22s74. Aí, ao meio-dia, no desempate, quando todo mundo já estava de braço cruzado, descansando para a final, eu tinha que desempatar com mais dois nadadores. Aí eu falei que iria dar tudo de novo e alcancei 22s74. E aí eu tinha quatro horas para abaixar meio segundo. Se tu perguntar para qualquer um, eles iam falar que é quase impossível. Mas o que fez a diferença foi não desistir. Por pior que estivesse me sentindo, por pior que eu visse que os resultados não estavam vindo, eu não parei. Eu fui fazendo o meu máximo o tempo todo, porque se fosse para ser, ia ser. E só ganha quem está na final - comentou Fernando Scherer.

Fernando Scherer conquistou a primeira medalha do Brasil nos 50m livre em Olimpíadas, em Atlanta 1996 — Foto: Divulgação/COB

É sempre um momento de tensão e de foco total durante a final de um campeonato, ainda mais valendo medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Para os atletas, esse é um daqueles momentos cruciais na carreira. Uma vida inteira de luta e dedicação para ter a oportunidade de subir no pódio do maior evento esportivo do mundo, e, quando chega na hora da decisão, o nervosismo vem junto.

- E no dia dos 50, já estava sem dormir e ansioso ao extremo. Não comi, não tomei café da manhã. Fui para a prova. Aí eu me troco e dois cubanos que ganharam a medalha um dia antes estavam de cabeça raspada também. Eu tinha raspado para essa Olimpíada, foi a primeira competição que eu raspei. Eu coloco a mão na cabeça deles para dar sorte e brinquei de que agora seria minha vez de ganhar medalha olímpica - relatou Xuxa.

1996 - Atlanta: Fernando Scherer conquista o bronze no 50m

1996 - Atlanta: Fernando Scherer conquista o bronze no 50m

Assim como Arthur Zanetti nas Olimpíadas de Londres, alguns atletas relatam uma lembrança seletiva do dia da conquista. O que mais marcou Fernando antes da final foi o contato com a família. Poucos segundos antes de começar a final, Xuxa olhou para o telão da competição e viu nos olhos dos pais e dos irmãos a força para ir mais rápido.

- Quando eu chego na prova, tem 10 mil americanos, tem o presidente Bill Clinton, tem as celebridades da época. E eu resolvo pela primeira vez na minha carreira ficar em pé olhando. Quando eu fico em pé em cima do bloco, eu olho no telão e no telão está meu pai, minha mãe e meus dois irmãos. Eu abaixo e atravesso a piscina. Depois de 22 segundos eu olho para o placar e fico muito feliz. Aí eu olho e estou a três centésimos da prata e eu penso que poderia ter sido a prata. Mas então olho para baixo e fico três centésimos do chinês em quarto - lembrou Fernando.

- Foi a primeira vez na minha carreira que eu fiquei de pé no bloco de partida. E por que a televisão internacional iria passar a minha família bem no momento que estou olhando para o telão? Foi um resultado de abaixar cinco décimos no tempo dos 50 metros, tendo nadado duas vezes para 22s74 no dia. Realizei o sonho da minha carreira e o sonho da minha família, né? - continuou.

Fernando Scherer relembra medalha de bronze em Atlanta nos 50 metros livre — Foto: Carol Oliveira

Cada atleta olímpico tem uma história de vida, um motivo para chegar no topo do mundo. A experiência de alcançar um sonho deve ser um dos momentos mais gratificantes dentro do esporte. Para Xuxa, a medalha traz lembranças de uma conquista especial e que vai ficar marcada na memória dele, da família e de muitos brasileiros. Xuxa ainda conquistou mais uma medalha de bronze nos Jogos de Sydney no revezamento 4x100m.

- Por isso eu me emociono tanto quando falo de 96. Porque não é a medalha em si, a medalha é só o objeto que te lembra de toda a trajetória, é só um marco. Mas a importância não está na medalha, está na história vivida, na experiência de vida, e é isso que eu levo para mim - comemorou Fernando.

Este foi o sétimo episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, quadro no programa que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Zanetti, Hebert Conceição, Fabi Alvim, Luísa Stefani, Pedro Barros, Shelda e Fernando Scherer, o quadro ainda vai contar com mais medalhistas olímpicos: Rafaela Silva, Ricardo Lucarelli, Italo Ferreira, Janeth Arcain e Isabel Swan.

Confira os episódios anteriores do quadro "Minha Medalha"

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