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Por Carol Oliveira e Henrique Arcoverde — Rio de Janeiro


"A vida do brasileiro é de luta. A minha vida foi de luta". Nascido e criado na Bahia, Hebert Conceição se esquivou das dificuldades e usou toda a sua força em prol de uma carreira vitoriosa e digna de um brasileiro lutador. O "Nobre Guerreiro" protagonizou um dos momentos mais espetaculares e surpreendentes das últimas Olimpíadas. Perdendo nos dois primeiros rounds da final, Hebert nocauteou o adversário e conquistou a medalha de ouro de boxe para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que foi realizado em 2021. O quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular, relembrou esses momentos de ouro do baiano neste domingo.

Hebert Conceição relembra conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio

Hebert Conceição relembra conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio

Todo lutador, antes de entrar no ringue, é guiado por uma música inspiradora. É um momento de reflexão, de focar na estratégia e entrar na briga consciente do caminho a ser seguido. Em Tóquio, Hebert foi embalado por uma canção da banda Olodum em homenagem ao Nelson Mandela, mas que poderia ser facilmente a história de muitos brasileiros: "Nobre guerreiro negro de alma leve. Nobre guerreiro, negro lutador. Que os bons ventos calmo assim te levem pra onde você for".

- Uma banda que fala sobre cultura afro, eu que sou de salvador. Uma das cidades mais negras fora da África no mundo. Não à toa eu escolhi para ser a trilha sonora que me ajudasse a caminhar do vestiário até os ringues - disse Hebert Conceição.

Hebert Conceição x Oleksandr Khyzhniak boxe Olimpíadas de Tóquio — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Hebert enfrentou o ucraniano Oleksandr Khyzhniak na categoria de peso médio, até 75 quilos, no ringue da arena Kokugikan, sede do boxe na capital japonesa. O brasileiro teve dificuldades e perdeu nos dois primeiros rounds. No último round da disputa, ele não tinha escolha: tinha que nocautear ou ficaria com a medalha de prata. Conceição não se acomodou com a segunda colocação e foi com tudo para trazer o ouro para o Brasil.

- O mais provável dos improváveis era um nocaute, o que não acontecia em uma final há mais de 50 anos. Era a única opção que a gente tinha. Um atleta, ainda mais um atleta brasileiro que luta para caramba. A vida do brasileiro é uma vida de luta. A minha vida foi uma vida de luta. Nada nunca foi fácil para mim. E não seria o ouro que seria fácil. Eu falei então: "É isso. Eu vou buscar e vou nocautear agora. Quando eu vejo aquele corpo desabando na minha frente quando eu conectei aquele cruzado, eu comemorei antes mesmo do corpo cair no chão - lembrou Hebert Conceição.

Hebert Conceição ouro boxe Olimpíadas de Tóquio — Foto: Wander Roberto/COB

Um desfecho digno do "nobre guerreiro". Hebert acertou um cruzado de esquerda no queixo do adversário, acabando a luta e conquistando a medalha de ouro do boxe para o Brasil.

- Era para ser desse jeito. Em casa, eu ficava assistindo às Olimpíadas do Rio. A trajetória, colocava Robson Conceição, Rafaela Silva, Thiago Braz. Eu me emocionava, ficava vendo ali e falava: "Caramba, deve ser muito legal essa sensação. Eu tenho que treinar para um dia eu chegar nesse lugar também, porque eu me sentia orgulhoso e representado como brasileiro. Era o que eu pensava nos meus momentos difíceis - desabafou.

Este foi o segundo episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, um novo quadro no programa que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Zanetti - que participou do primeiro episódio - e Hebert Conceição, o quadro ainda vai contar com mais dez campeões olímpicos: Fabi Alvim, Luísa Stefani, Fernando Scherer, Rafaela Silva, Ricardo Lucarelli, Italo Ferreira, Pedro Barros, Janeth Arcain, Shelda e Isabel Swan.

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