"A vida do brasileiro é de luta. A minha vida foi de luta". Nascido e criado na Bahia, Hebert Conceição se esquivou das dificuldades e usou toda a sua força em prol de uma carreira vitoriosa e digna de um brasileiro lutador. O "Nobre Guerreiro" protagonizou um dos momentos mais espetaculares e surpreendentes das últimas Olimpíadas. Perdendo nos dois primeiros rounds da final, Hebert nocauteou o adversário e conquistou a medalha de ouro de boxe para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que foi realizado em 2021. O quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular, relembrou esses momentos de ouro do baiano neste domingo.
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Hebert Conceição relembra conquista da medalha de ouro nas Olimpíadas de Tóquio
Todo lutador, antes de entrar no ringue, é guiado por uma música inspiradora. É um momento de reflexão, de focar na estratégia e entrar na briga consciente do caminho a ser seguido. Em Tóquio, Hebert foi embalado por uma canção da banda Olodum em homenagem ao Nelson Mandela, mas que poderia ser facilmente a história de muitos brasileiros: "Nobre guerreiro negro de alma leve. Nobre guerreiro, negro lutador. Que os bons ventos calmo assim te levem pra onde você for".
- Uma banda que fala sobre cultura afro, eu que sou de salvador. Uma das cidades mais negras fora da África no mundo. Não à toa eu escolhi para ser a trilha sonora que me ajudasse a caminhar do vestiário até os ringues - disse Hebert Conceição.
Hebert Conceição x Oleksandr Khyzhniak boxe Olimpíadas de Tóquio — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Hebert enfrentou o ucraniano Oleksandr Khyzhniak na categoria de peso médio, até 75 quilos, no ringue da arena Kokugikan, sede do boxe na capital japonesa. O brasileiro teve dificuldades e perdeu nos dois primeiros rounds. No último round da disputa, ele não tinha escolha: tinha que nocautear ou ficaria com a medalha de prata. Conceição não se acomodou com a segunda colocação e foi com tudo para trazer o ouro para o Brasil.
- O mais provável dos improváveis era um nocaute, o que não acontecia em uma final há mais de 50 anos. Era a única opção que a gente tinha. Um atleta, ainda mais um atleta brasileiro que luta para caramba. A vida do brasileiro é uma vida de luta. A minha vida foi uma vida de luta. Nada nunca foi fácil para mim. E não seria o ouro que seria fácil. Eu falei então: "É isso. Eu vou buscar e vou nocautear agora. Quando eu vejo aquele corpo desabando na minha frente quando eu conectei aquele cruzado, eu comemorei antes mesmo do corpo cair no chão - lembrou Hebert Conceição.
Hebert Conceição ouro boxe Olimpíadas de Tóquio — Foto: Wander Roberto/COB
Um desfecho digno do "nobre guerreiro". Hebert acertou um cruzado de esquerda no queixo do adversário, acabando a luta e conquistando a medalha de ouro do boxe para o Brasil.
- Era para ser desse jeito. Em casa, eu ficava assistindo às Olimpíadas do Rio. A trajetória, colocava Robson Conceição, Rafaela Silva, Thiago Braz. Eu me emocionava, ficava vendo ali e falava: "Caramba, deve ser muito legal essa sensação. Eu tenho que treinar para um dia eu chegar nesse lugar também, porque eu me sentia orgulhoso e representado como brasileiro. Era o que eu pensava nos meus momentos difíceis - desabafou.
Este foi o segundo episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, um novo quadro no programa que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Zanetti - que participou do primeiro episódio - e Hebert Conceição, o quadro ainda vai contar com mais dez campeões olímpicos: Fabi Alvim, Luísa Stefani, Fernando Scherer, Rafaela Silva, Ricardo Lucarelli, Italo Ferreira, Pedro Barros, Janeth Arcain, Shelda e Isabel Swan.
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