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Por Redação ge — Monte Carlo, Mônaco


O GP de Mônaco já teve de tudo em suas 69 edições na F1 - exceto um piloto de casa no alto do pódio. A marca indigesta se deve mais recentemente ao azar do local Charles Leclerc: desde que estreou em 2018, o piloto não converteu nenhuma de suas duas poles positions em vitória, e sequer chegou ao pódio. Largando pela terceira vez na frente neste domingo, porém, ele terá uma nova chance.

Charles Leclerc celebra pole position no GP de Mônaco na F1 em 2024 — Foto: Bryn Lennon - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Se vencer neste domingo que marca o GP de número 70 no principado, Leclerc não celebrará apenas sua primeira conquista no quintal de casa: ele também romperá um jejum de 74 anos sem um monegasco no pódio em Monte Carlo. O primeiro e o único piloto local a terminar uma corrida entre os três primeiros lá foi Louis Chiron, terceiro colocado em 1950 pela Maserati.

Louis Chiron venceu GP de Mônaco de 1931, ainda extraoficial à F1; registro é do GP de 1955. Piloto subiu no pódio em 1950 — Foto: Bernard Cahier/Getty Images

O piloto da Ferrari perdeu as duas oportunidades de ouro, em 2021 e 2022, por sequer conseguir largar após o eixo de transmissão de seu carro quebrar ainda no pré-corrida; no ano seguinte, a estratégia ruim da escuderia italiana pôs tudo a perder. Antes de 2022, por sinal, Leclerc ainda não não tinha terminado nenhuma corrida no principado, abandonando todas desde que debutou na F1 em 2018.

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A "zica" antecede sua estreia na F1; em 2017, quando corria na Fórmula 2 pela Prema, o monegasco conquistou a pole mas abandonou a corrida principal após bater com outros dois rivais. Na prova sprint, um novo abandono causado por uma quebra em seu carro.

2018 - primeira retirada na F1

Então calouro pela Sauber, Leclerc se tornou o primeiro piloto de Mônaco a correr em casa desde 1994 quando Olivier Beretta, da Larrousse, competiu e chegou em oitavo lugar no principado. O jovem vinha de duas corridas seguidas na zona de pontuação, feito marcante com um carro de meio de grid.

Ele conseguiu avançar ao Q2 na classificação e largou em 14º. Porém, sua corrida não durou muito: o disco de freio dianteiro esquerdo de seu carro quebrou na saída do túnel. Ele bateu em Brendon Hartley (da STR, atual RB) e deixou a corrida.

Leclerc e Hartley, Mônaco — Foto: Reprodução

2019 - Segundo abandono em casa

Charles largou apenas em 15º porque a Ferrari, sua nova equipe, não o mandou para a pista no fim do Q1, apostando que o tempo registrado no início do segmento garantiria sua ida ao Q2. Sua recuperação no domingo, porém, não passou da 16ª volta: o monegasco bateu em Nico Hulkenberg (então piloto da Renault, atual Alpine), rodou e saiu com um pneu furado.

Charles Leclerc recebe abraço da princesa Charlene de Mônaco no GP de 2019, mas nem gesto trouxe sorte — Foto: Marc Piasecki/WireImage

2021 - piloto sequer chegou a largar

O GP de Mônaco se ausentou da F1 em 2020 por causa da pandemia do coronavírus. No retorno da prova ao calendário, no ano seguinte, uma grata surpresa a Leclerc: a primeira pole position em casa. Para se tornar o primeiro monegasco a largar da posição de honra em Monte Carlo, ele superou o experiente colega de equipe Sebastian Vettel - e chegou a bater no Q3.

Charles Leclerc após o acidente na classificação para o GP de Mônaco de 2021 — Foto: Clive Rose/F1 via Getty Images

Os mecânicos viraram a noite para salvar o carro, e conseguiram. Mas se os tempos de volta dos rivais não foram capazes de parar Leclerc, a "maldição de Mônaco" o fez; nas voltas de reconhecimento antes da formação do grid, o eixo de transmissão da Ferrari quebrou e o piloto não largou.

2022 - Batida com carro de Niki Lauda e estratégia ruim

Dias antes do GP, Leclerc conseguiu a proeza de bater com a Ferrari de Niki Lauda da temporada 1972 em um desfile histórico em Monte Carlo. O monegasco guiava acompanhado pelo ex-ferrarista Jacky Ickx, perdeu a traseira após uma falha mecânica e colidiu no muro da curva Rascasse.

O estrago na Ferrari 312B3 de Niki Lauda de 1974 após o acidente de Charles Leclerc na Rascasse — Foto: Reprodução/Twitter

O incidente ao menos findou uma série de abandonos para o piloto, que conquistou uma segunda pole position em Mônaco naquele ano. Largando debaixo da chuva à frente do colega de equipe Carlos Sainz, ele abriu vantagem até a volta 18, quando trocou os pneus de chuva forte pelos intermediários.

Três giros depois a Ferrari o trouxe para colocar os compostos duros e Leclerc caiu para quarto lugar. Em seguida, Mick Schumacher bateu e acionou uma bandeira vermelha que cessou de vez as oportunidades na prova.

A comunicação de Leclerc com Xavi Marcos, seu engenheiro, no rádio, mostra a extensão da confusão: depois de falar para o piloto vir aos boxes na volta 21, o estrategista volta atrás e repete: "Não entre, não entre" quando Charles já está no pit lane. Em resposta, o monegasco grita: "P... P...! Que p... estamos fazendo?"

Charles Leclerc guia carro da Ferrari no GP de Mônaco da F1 2022 — Foto: Mark Thompson/Getty Images

A estratégia ideal teria sido postergar o stint com os pneus de chuva intensa; foi o que Sainz fez, trocando-os direto pelos slick apenas na volta 21 - quando Leclerc entrou nos boxes pela segunda vez. Com isso, o espanhol chegou em segundo lugar. A vitória ficou com Sergio Pérez, da RBR.

Na ocasião, Leclerc protagonizava uma intensa briga pela liderança do campeonato com Max Verstappen. Desperdiçar a vitória fez com que o holandês seguisse em primeiro na tabela com nove pontos de vantagem.

2023 - falha de comunicação causou punição

No ano passado, as coisas já começaram ruins na classificação: Leclerc foi punido por atrapalhar Lando Norris e largou em sexto lugar. E tudo graças a mais uma falha da Ferrari, que não o avisou da aproximação do rival da McLaren.

F1 2023: Charles Leclerc terminou na sexta colocação do GP de Mônaco com a Ferrari — Foto: Andrej Isakovic/AFP via Getty Images

Na corrida, ele cruzou a linha de chegada na mesma posição em que largou. Novamente debaixo de chuva, demorou a trocar os pneus, já que a escuderia aguardava por um safety car que nunca chegou. Leclerc ainda quase foi atingido por Sainz, que rodou na pista molhada pouco antes do pit stop duplo da Ferrari no 55º giro. Verstappen venceu a prova.

Recorde de Senna está a salvo

Em um fim de semana de homenagens ao tricampeão cuja morte completou 30 anos no último 1º de maio, além da McLaren verde e amarela em menção ao ídolo da F1, Senna ainda teve seu recorde de poles consecutivas resguardado neste sábado. Isso porque, com a pole position, Leclerc impediu Max Verstappen de chegar a nove poles seguidas e quebrar a marca do brasileiro, que igualou em Imola.

Charles Leclerc após pole position no GP de Mônaco da F1 em 2024 — Foto: ANDREJ ISAKOVIC / AFP

A conquista ainda fez de Leclerc o maior detentor de poles no GP de Mônaco em atividade, superando Lewis Hamilton, Fernando Alonso e Daniel Ricciardo - que tinham duas, cada. O recordista absoluto é Ayrton Senna, que largou cinco vezes do primeiro lugar nas ruas onde é conhecido como Rei até hoje.

Infos e horários do GP de Mônaco da F1 2024 — Foto: Infoesporte

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