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Por Redação do ge — Luxemburgo


A empresa de desenvolvimento esportivo A22, que foi formada para ajudar na criação da Superliga Europeia de futebol, divulgou nesta quinta-feira uma proposta para a nova competição com 64 times masculinos e 32 femininos disputando partidas no meio da semana em um sistema de liga em toda o Velho Continente (Assista abaixo).

Veja como é o formato da Superliga Europeia

Veja como é o formato da Superliga Europeia

A proposta foi anunciada logo depois de o Tribunal de Justiça Europeu ter dito que os órgãos dirigentes do futebol , Uefa e Fifa, infringiram a lei da União Europeia ao impedir a formação de uma Superliga. A decisão, entretanto, não significa necessariamente que o torneio deva ser autorizado, dizendo que a deliberação tem a ver com as normas da Uefa e da Fifa, de forma geral, e não com este projeto específico.

Fifa e Uefa já se pronunciaram contra a decisão e deverão tomar atitudes em conjunto nas próximas horas. A LaLiga, que administra o Campeonato Espanhol, inclusive divulgou um vídeo rechaçando a Superliga (assista abaixo). Clubes como Real Madrid e Barcelona, por sua vez, se mostraram a favor, enquanto o Manchester United, Bayern de Munique e Atlético de Madrid, se colocaram ao lado da Uefa e Fifa.

Qual é o formato proposto pela Superliga?

O formato proposto para a competição masculina inclui 64 equipes em três ligas – Estrela, Ouro e Azul. As Ligas Estrela e Ouro terão 16 clubes cada, enquanto a Liga Azul terá 32 clubes.

As equipes jogarão em casa e fora em grupos de oito, o que significaria um mínimo de 14 partidas por ano. Haverá promoção anual e rebaixamento entre ligas, enquanto as equipes podem se classificar para a Liga Azul com base no desempenho da liga nacional.

A competição feminina, por sua vez, teria duas ligas de 16 clubes cada. No entanto, seja para o masculino ou feminino, a A22 não divulgou exatamente quais seriam os critérios para participação na Superliga, limitando-se a dizer que no "primeiro ano da competição os clubes serão selecionados em função de um índice de critérios transparentes baseados em rendimentos nas suas respectivas ligas nacionais".

“Os clubes participantes permanecem nas suas ligas nacionais, que continuam a ser a base do futebol europeu. Agora que os clubes podem determinar o seu próprio futuro a nível europeu, esperamos um maior envolvimento com um amplo conjunto de intervenientes no futebol para alcançar o objetivo de todas as grandes competições esportivas”, diz um comunicado da A22, que também propôs a transmissão gratuita de todos os jogos ao vivo em um streaming da própria Superliga.

Joan Laporta, presidente do Barcelona, e Florentino Pérez, do Real Madrid: estusiastas da Superliga — Foto: Getty Images

Especialistas analisam decisão: "Bomba"

Especialistas em direito e marketing esportivo ouvidos pelo ge opinaram sobre a decisão que, a princípio, pode ajudar na criação de uma Superliga Europeia.

- O futebol é a única grande indústria na qual decisões que movimentam bilhões ainda são tomadas por amadores, que se apresentam como não remunerados, mas que se beneficiam de diversas formas, mais do que questionáveis, do controle de processos relacionados diretamente aos clubes, torneios e direitos associados a eles. Essa decisão, tardia, é de suma importância para o desenvolvimento do futebol como negócio em todo o mundo – opinou Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.

- É uma bomba. Os efeitos desta decisão quebram a espinha vertebral do sistema piramidal do futebol mundial, pelo qual FIFA, confederações continentais e federações nacionais controlam com exclusividade o direito de organizar as competições oficiais no futebol. As palavras usadas pelo tribunal são bem claras e caracterizam a existência de um monopólio dentro do sistema do futebol, e este monopólio frente as regras da União Europeia é ilegal – disse Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo e sócio do Carlezzo Advogados.

- A partir de agora se abre um novo horizonte para os clubes de futebol da Europa, já que não necessitam mais da anuência da UEFA ou FIFA para criar uma competição entre eles. Também será relevante considerar a possibilidade de expansão global destas novas diretrizes para outros continentes, ainda que eles não estejam inicialmente dentro do raio de abrangência da decisão, que se aplica aos países da União Europeia. Poderíamos ter uma superliga com clubes do Brasil, México, Estados Unidos e Argentina? O tempo dirá, porém quando lembramos do caso do Bosman, ele iniciou pela União Europeia e acabou se aplicando globalmente, mediante a extinção do passe - observou Eduardo Carlezzo.

Bandeiras na sede da Uefa, em Nyon, na Suíça — Foto: Getty Images

Entenda o imbróglio da Superliga

Nesta quinta, o Tribunal de Justiça da União Europeia avaliou que a Uefa e a Fifa, por organizarem o calendário de competições e aplicarem punições, estariam prejudicando a concorrência na Europa.

Em abril de 2021, 12 dos principais clubes da Europa (Real Madrid, Barcelona, Atlético, Arsenal, Chelsea, Manchester United, Liverpool, Manchester City, Tottenham, Juventus, Milan e Inter de Milão) anunciaram a criação de um novo torneio continental, por fora da estrutura da Uefa, de modelo fechado e participantes fixos.

Porém, a reação negativa do mundo do futebol foi imediata, principalmente na Inglaterra, e a maioria dos clubes integrantes abandonou a ideia da Superliga. Só restaram Real Madrid, Barcelona e Juventus — que recentemente também pulou fora do barco, a princípio.

O imbróglio foi parar na Justiça. A Uefa tentou punir os três clubes que continuavam a trabalhar pela criação da Superliga, mas isso foi anulado por ordem judicial.

A federação de futebol da Itália (FIGC) já anunciou que é totalmente contra o projeto e que vai excluir das competições domésticas todos os clubes que queiram fazer parte da Superliga.

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