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Por Rodrigo Lois* — Bilbao, Espanha


O técnico Luis de La Fuente anuncia nesta sexta-feira, às 7h30 (horário de Brasília) a sua primeira lista de convocados da Espanha. Pouco conhecido do público geral, mas com mais de uma década de experiência com as equipes de base e uma identidade futebolística formada no Athletic Bilbao, o treinador começa a tentativa de colocar "La Roja" entre as principais seleções do mundo.

Luis de la Fuente é o novo técnico da seleção da Espanha — Foto: RFEF

A convocação será para os jogos contra Noruega e Escócia, marcados para os dias 25 e 28 de março, respectivamente, e válidos pelas eliminatórias para a Eurocopa de 2024. A seleção espanhola começa a concentração na próxima segunda-feira.

Depois disso, a Espanha tem no dia 15 de junho a semifinal da Liga das Nações 2022/23, contra a Itália. Se vencer, a equipe disputa o título no dia 18 contra Holanda ou Croácia.

— A palavra ilusão é a que mais marca essa nossa chegada à seleção absoluta, com toda a comissão técnica. A curto prazo, queremos ganhar os jogos de março, e a médio prazo competir e ganhar a Nations League — declarou Luis de la Fuente, durante o encontro de Natal de treinadores promovido pela Federação Espanhola de Futebol (RFEF).

Confiança da RFEF após sucesso na base

Escolhido após votação interna da direção, Luis foi anunciado como alguém que conhece "o presente e o futuro do futebol espanhol". Em sua apresentação oficial, em dezembro, ele afirmou que pretende resgatar o "espírito de 2010", ano em que a seleção foi campeã do mundo, na África do Sul. Seu contrato vai até meados de 2024.

De la Fuente não chegou ao cargo com a mesma bagagem do futebol profissional como alguns de seus antecessores: Luis Enrique, Vicente Del Bosque ou Luis Aragonés. Também não teve a mesma carreira de "jogador de seleção" como o ex-interino Fernando Hierro.

Sua ascensão na federação se deve principalmente ao sucesso com as seleções de base. Ele assumiu a sub-19 em 2013 e foi campeão europeu em 2015. Em 2018, venceu os Jogos Mediterrâneos com a sub-18. No mesmo ano, subiu para o time sub-21 e, em 2019, ganhou a Eurocopa.

De la Fuente também conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos Tóquio-2020, quando a Espanha perdeu na final para o Brasil.

Luis De la Fuente levou a Espanha à medalha de prata nos Jogos Olímpicos Tóquio-2020 — Foto: Getty Images

Formação no Athletic Bilbao

Luis De la Fuente Castillo nasceu em Haro, cidade com menos de 15 mil habitantes a cerca de uma hora de carro de Bilbao. Irmão mais novo de uma família com cinco, ele foi formado nas categorias de base do Athletic, começou a carreira profissional no time B e chegou ao principal em 1981.

Ao todo foram nove temporadas como lateral-esquerdo do Athletic, com 235 jogos e cinco gols marcados. Conquistou dois títulos do Campeonato Espanhol, um da Copa do Rei e outro da Supercopa da Espanha. Fez parte da última equipe considerada histórica em Bilbao.

— Ele sempre me pareceu uma pessoa de diálogo, extrovertida, simpática e sorridente. Quando você recebe um cargo como esse, de técnico da selação, pode te fazer perder um pouco o sorriso. Espero que ele não perca isso. Desejo o melhor para ele — contou o ex-zagueiro Andoni Goikoetxea, companheiro de Luis no Athletic Bilbao dos anos 1980.

O novo treinador da seleção espanhola principal também representou o país quando jogador, mas apenas na base: sub-18, sub-21 e sub-23.

Luis De la Fuente em 2019, no comando do Athletic, durante homenagem na cidade de Haro — Foto: Divulgação / Athletic Club

Como treinador, De la Fuente começou no Club Portugalete em 1997, comandou os times juvenis do Sevilla e do Athletic Bilbao entre 2001 e 2006. Dirigiu o Bilbao Athletic (time B do clube) nas temporadas 2006/07, 2009/10 e 2010/11. Passou pelo Alavés em 2011, só por 11 jogos.

Luis ajudou na formação, entre outros, do goleiro Simón, do zagueiro Sergio Ramos, do volante Rodrigo, do meia Asensio e do atacante Olmo.

— Ele sempre foi próximo dos jogadores, passava confiança, positividade. Ele fez por merecer estar na seleção principal. Já treinou vários jogadores que passaram pela base, e eles conhecem o modelo de trabalho dele. Isso é importante nesse momento de transição — contou o atacante Ibai Gómez, revelado pelo Athletic, e que jogou tanto no time B como na equipe principal, por quase uma década. Ele conviveu com La Fuente.

Suas equipes costumam atuar com uma linha de quatro defensores e três meio-campistas. Tem como ideal designar uma responsabilidade e uma exigência para cada jogador. Procura dar liberdade dentro de um contexto de ordem. É considerado educado, tanto no sentido de respeito no trato como de conhecimento futebolístico.

Luis De la Fuente, o novo técnico da seleção da Espanha — Foto: Getty Images

Primeiros desafios e possível lista

A fama de bom gestor de grupo foi colocada à prova na hora de explicar ao zagueiro Sergio Ramos — recordista de jogos da seleção (180), bicampeão da Euro e campeão do mundo — que ele não faz mais parte dos planos. O defensor do PSG o criticou publicamente.

Outro veterano que se aposentou de "La Roja" foi o volante Busquets, pouco depois da eliminação da Copa do Mundo de 2022.

A imprensa espanhola vem revelando nas últimas semanas vários dos 55 nomes que estavam na pré-lista da Espanha. Agora, a especulação é sobre quem figura na relação final. O atacante Oyarzabal, da Real Sociedad, ficou fora da Copa no Catar mas deve estar de volta. Quem também é cogitado para o ataque é Ansu Fati, do Barcelona.

Hoje a Espanha está em 10º lugar no ranking da Fifa. Há 10 anos, era a seleção no topo da lista.

* O repórter viajou a Bilbao a convite de LaLiga.

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