TIMES

Por Mateus Freitas Teixeira

Cardiologista e médico do esporte, é diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro e coordenador médico da Clínica Fit Center

Rio de Janeiro


Em 29 de abril, o Lancet publicou ótimo trabalho sobre o importante papel da intervenção baseada em exercícios em 45 doenças crônicas que já atingem todos os países. Essas doenças impactam na sobrecarga do sistema de saúde e no valor de investimento no setor.

Exercício físico pode servir como medicamento — Foto: iStock

O objetivo principal desta visão contemporânea foi avaliar diferentes aspectos ligadas à saúde, ou seja, mortalidade, hospitalização, capacidade de exercício, incapacidade, fragilidade, qualidade de vida e atividade física. O objetivo secundário foi considerar as implicações potenciais da multimorbidade ou comorbidade do paciente. Lembrando que artigos de revisão trazem algumas limitações, porém vamos aos pontos principais.

Intervenções baseadas em exercícios demonstraram efeitos diretos nos sistemas de saúde física e mental. Notavelmente, os impactos no sistema cardiovascular, na função cognitiva, no humor, na saúde mental, na saúde metabólica, no sistema respiratório e no sistema músculo-esquelético tornam-na uma terapia potencialmente eficaz para uma variedade de doenças crônicas.

O grande número de artigos relata melhorias nos resultados de saúde, incluindo capacidade de exercício, qualidade de vida e reduções na mortalidade, lembrando que, a cada MET (equivalente metabólico) que ganhamos, a mortalidade cai.

Os resultados demonstram a necessidade dos sistemas de saúde expandiram o acesso a intervenções baseadas em exercícios, incluindo uma vasta uma variedade de doenças crônicas.

No Brasil, são poucos os centros de reabilitação cardiometabólica no SUS. Na rede particular, idem. No Reino Unido e outros países desenvolvidos e em desenvolvimento, o acesso a serviços baseados em exercícios é atualmente limitado a um pequeno grupo; por exemplo, serviços de reabilitação cardíaca e pulmonar encomendados que visam o encaminhamento de exercícios para aqueles com diagnóstico de doença coronariana, insuficiência cardíaca ou crônica doença obstrutiva.

O estudo estimou cerca que 2,4 bilhões de indivíduos em todo o mundo que se beneficiariam da reabilitação (incluindo exercício), contribuindo para melhor qualidade de vida, diminuição de internações hospitalares e redução de custos no sistema de saúde.

Assim sendo, hoje não se pensa saúde populacional se gestores de saúde, sejam eles privados ou públicos, não derem importância aos exercícios como tratamento e prevenção de doenças. Não se pensa saúde se médicos não prescreverem exercícios. E não se pensa saúde se sociedades médicas só buscarem e derem importância a tratamentos medicamentosos.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

Veja também