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Por Mateus Freitas Teixeira

Cardiologista e médico do esporte, é diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro e coordenador médico da Clínica Fit Center

Rio de Janeiro


O uso de cannabis como medicação vem sendo cada vez mais estudado pela comunidade médica e científica. A medicação é usada em várias linhas terapêuticas com bons resultados. Porém, em recente editoral da European Society of Cardiology, lançado em janeiro de 2024, foi observado que o cannabidiol pode levar a riscos cardiovasculares.

Cannabis de uso medicinal — Foto: iStock

Os riscos relatados são:

  • Hipotensão e bradicardia, pelo aumento do efeito no sistema parassimpático;
  • Ateromatose, placas nas coronárias, pois aumenta inflamação sistêmica;
  • Trombose, por ativação plaquetária;
  • Arritmia, pelo efeito adrenérgico;
  • Isquemia arterial, pois causa vasoespasmo e vasoconstricção;
  • AVC, por diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.

Médico explica uso da cannabis medicinal

Médico explica uso da cannabis medicinal

Atualmente, os estudos observacionais e epidemiológicos e as séries de casos sugerem uma associação temporal com cannabis e infarto do miocárdio, particularmente em homens mais jovens sem doença isquêmica, e acidentes cerebrovasculares, também relatados em adultos mais jovens.

Associações semelhantes têm sido documentada entre cannabis e risco de arritmia. Observa-se que todos efeitos cardiológicos estão relacionados à exposição ao THC, substância essa que é encontrada em algumas formulações do cannabidiol.

O tema é controverso e o editorial se pauta em estudos com grande número de participantes, chegando a 2 milhões de avaliações. Além disso, o artigo questiona até o termo "medicinal", defendendo que seria melhor o termo "terapêutico", uma vez que inclui tanto produtos de cannabis derivados de fitoquímicos como também canabinóides sujeitos a receita médica aprovados na União Europeia.

Logo, é importante salientar que os laboratórios devem estar dentro das normas mais rigorosas de fabricação da substância terapêutica e aprovados pelas agências responsáveis e que mais estudos sejam lançados a fim de elucidar novos efeitos benéficos ou não.

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do ge / Eu Atleta.

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