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Por Juliana Baptista, para o Eu Atleta — São Paulo


Com uma rotina agitada tentando conciliar trabalho, compromissos pessoais, familiares, tarefas do dia a dia, é muito comum nos sentirmos cansados. E em alguns dias, mesmo que você se esforce, as tarefas parecem não render, pois a sensação de exaustão é muito grande. Saiba que este sentimento de cansaço pode ser normal se você teve alguma alteração de rotina recente, como uma viagem ou noites de sono mal dormidas e até mesmo se descuidou da alimentação. Mas quando saber se a sensação de cansaço é normal ou um sinal que sua saúde precisa de atenção? Abaixo, veremos 15 motivos que podem exigir ajuda profissional, seja de médico, psicólogo, nutricionista ou professor de educação física.

O cansaço pode ser normal. Mas quando saber se é um sinal que sua saúde precisa de atenção? — Foto: Istock Getty Images

De anemia a síndrome de burnout, de sedentarismo a apneia do sono, diabetes e doenças cardíacas, os motivos são variados. É importante lembrar que se sentir cansado é uma experiência muito subjetiva, por isso, não é tão simples perceber quando estamos passando do limite. A primeira coisa a é avaliar se esta sensação de fadiga está atrapalhando a execução das tarefas rotineiras.

- Quando a sensação de cansaço se prorroga por um período muito longo ou quando começa a atrapalhar algumas atividades que normalmente a pessoa “dava conta”, deve-se procurar uma ajuda. Digo ajuda (em geral) porque não necessariamente precisa ser inicialmente uma ajuda médica. Um bom profissional da área de psicologia ou educação física, por exemplo, pode perceber o quanto aquele problema necessita de ajuda médica e sinalizar isso para a pessoa - esclarece a médica endocrinologista Patrícia Teixeira, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, e presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Patrícia também explica que é necessário buscar ajuda médica quando, juntamente com a fadiga, notamos:

  • Alterações de peso, principalmente emagrecimento,
  • Taquicardia e
  • Alterações nas rotinas fisiológicas como evacuação, urina ou sono.

Estes fatores podem estar associados a doenças e por isso, precisam de uma investigação por parte de um médico. Confira abaixo algumas doenças que podem promover sensação de fadiga.

15 motivos para o cansaço

Teixeira explica que qualquer doença que leve a anemia, depressão, alteração do sono, desidratação ou retenção de líquido com sobrecarga cardíaca, dentre um imenso leque de doenças podem causar cansaço. Mas a médica destaca que muitas das vezes não há uma causa orgânica, ou seja, não há uma doença específica que cause o cansaço. Qualquer pessoa que não durma bem, não coma bem, que não se exercite, que não consiga praticar alguma atividade de relaxamento pode ser acometida por um cansaço extremo. E nesses casos o principal papel do médico é tranquilizar e não medicar esse paciente, o ideal é entender os fatores que envolvem a rotina da pessoa. Seguem 15 motivos:

1- Anemia

A anemia por deficiência de ferro é uma doença que ocorre devido falta deste mineral no organismo e acomete principalmente as crianças, as mulheres em idade fértil e as gestantes. O médico cardiologista e nutrólogo Edmo Atique Gabriel explica que durante a anemia, ocorre uma redução dos glóbulos vermelhos, os quais são responsáveis pelo transporte de oxigênio e nutrientes aos nossos órgãos. Por isso, há uma sensação de cansaço no corpo. Estratégias nutricionais, com mudanças na dieta e inclusive de suplementação de ferro, podem ser necessárias.

2 - Hipotireoidismo

A glândula tireoide é responsável por controlar o nosso metabolismo. Por isso, a queda na produção dos hormônios da tireoide (a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4)) afeta todo o organismo. O hipotireoidismo interfere nos batimentos cardíacos, funcionamento intestinal, humor, no ciclo menstrual e também na sensação de fadiga.

3 - Depressão

O cardiologista comenta que a condição de depressão pode estar associada ao hipotireoidismo, já que os hormônios da tireoide atuam nos sistemas noradrenérgico e serotoninérgico, que são responsáveis por secretar neurotransmissores como noradenalina e serotonina e pela regulação do humor e de outras funções do nosso cérebro.

Outro fator é que pessoas com depressão geralmente apresentam distúrbios de sono e alimentação inadequada, que podem contribuir para a sensação de desânimo e cansaço. Edmo também explica que algumas situações específicas que nos causam frustração podem diminuir os níveis de serotonina no corpo, provocando esta sensação.

4 - Doenças autoimunes

As doenças autoimunes acontecem quando nosso sistema imunológico produz anticorpos contra ele mesmo. Os tipos mais comuns são artrite reumatóide, lúpus, doença celíaca, esclerose múltipla e diabetes tipo 1. Edmo Gabriel ressalta que não existe uma causa específica para isto, pode ser genético em boa parte dos casos e mesmo que os sintomas variem de acordo com cada doença, a fadiga é comum em todos eles.

5 - Diabetes tipo 2

A diabetes afeta os níveis de glicose no sangue e contribui para a falta de energia para o corpo — Foto: Divulgação Getty Images

O diabetes tipo 2 é uma doença metabólica crônica em que ocorre uma grande concentração de glicose no sangue, chamada hiperglicemia. A doença se desenvolve devido à baixa produção de insulina pelas células pancreáticas e pela resistência à ação do hormônio em órgãos como fígado e músculo.

Como a doença afeta os níveis de glicose no sangue, contribui para a falta de energia para o corpo realizar as funções e atividades da rotina.

6 - Apneia do Sono

Este distúrbio faz com que a respiração durante o sono seja superficial ou ocorram interrupções completas da respiração por alguns segundos ou minutos, ao longo da noite. A apneia pode estar relacionada a alterações da anatomia interna do nariz e costuma ocorrer em pessoas com sobrepeso ou obesas. O cardiologista explica que é muito recorrente que os portadores de apneia se sintam cansados, já que a qualidade do sono é afetada e também apresentem falta de fôlego, o que acaba sobrecarregando o coração.

7 - Infecções

Edmo comenta que as infecções como gripes ou resfriados e outras viroses, ou até mesmo inflamações graves, são caracterizadas pela liberação de toxinas na corrente sanguínea e tais toxinas geram este efeito de cansaço. O corpo tenta utilizar todas as energias para combater os micro-organismos, assim causando o sentimento de prostração. Além da fadiga, as infecções têm outros sintomas como febre e dores no corpo.

8 - Doenças cardíacas

Em vários casos de doenças cardíacas, o coração não tem forças suficientes para fazer uma boa contração e enviar sangue para todo o corpo, e por isso a pessoa sente uma fadiga constante — Foto: Istock Getty Images

O médico cardiologista ressalta que doenças cardíacos e doença de Chagas podem deteriorar a força do coração de forma gradativa, gerando cansaço. Nestes casos, o coração não tem forças suficientes para fazer uma boa contração e enviar sangue para todo o corpo, e por isso a pessoa sente uma fadiga constante.

9 - Insuficiência renal

Não é raro que casos de insuficiência renal estejam associados à anemia. Mas além disso, o acúmulo de toxinas no organismo, assim como o aumento da acidez no sangue - chamado de acidose - também podem causar cansaço.

10 - Covid longa

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a covid longa ocorre em indivíduos com histórico de infecção por SARS CoV-2, geralmente em até três meses após o início da doença e seus sintomas podem durar pelo menos dois meses ou se estender por mais de um anos. Entre os diversos sintomas relatados pelos pacientes estão a fadiga, falta de ar, palpitações, perda de memória e dificuldade de raciocínio. A covid longa pode afetar diferentes órgãos e sua duração e gravidade dependem de cada caso.

11 - Intoxicação medicamentosa

A intoxicação medicamentosa ocorre quando há a ingestão de altas doses de um medicamento ou quando é ele administrado em conjunto com outra medicação, bebida ou alimento que resulta em uma interação que causa toxicidade. Edmo comenta que os sintomas da intoxicação são vômitos, diarréia, palpitações, sonolência e tontura.

12 - Deficiência de vitaminas ou nutrientes

O cardiologista ressalta que a falta de ingestão de substâncias como vitaminas do complexo B, magnésio e potássio pode apresentar como sintoma a intensa prostração. Por isso, é importante ter uma alimentação saudável e balanceada e fazer exames com regularidade.

13 - Menopausa

A endocrinologista Patrícia Teixeira explica que o cansaço é muito comum na menopausa precoce. E esta indisposição acontece devido aos desequilíbrios hormonais e também por fatores como alteração de humor e falta de sono.

14 - Sedentarismo

O sedentarismo pode ser observado por dois diferentes aspectos. Se olhado como causa, a falta de estímulo musculares, nas articulações e no fluxo sanguíneo gera redução da capacidade cardiopulmonar e consequente cansaço mais frequente. Já se analisarmos como consequência, devemos entender que a inatividade física pode reduzir os estímulos hormonais naturais do corpo, como testosterona e noradrenalina, por exemplo, e desta forma resultar em desânimo e prostração. Além disso, o médico cardiologista também ressalta que é possível enfatizar que a inatividade física causa maior retenção de líquidos e toxinas em nosso corpo, os quais são indutores de muito cansaço e desânimo.

- Até mesmo para pacientes com doenças crônicas a prática de atividade física é um ótimo remédio para os mais diferentes sintomas. Ajuda na reabilitação cardiopulmonar, no ganho de força muscular, flexibilidade, melhora da qualidade de vida e autoestima. E o mais legal, pode “desmedicalizar”. Não existe recompensa melhor do que perceber um melhor controle do peso, da glicose e da pressão levando a uma redução progressiva nas doses dos remédios - comenta a endocrinologista Patrícia Teixeira.

15 - Síndrome de Burnout

A síndrome de burnout é um distúrbio psíquico caracterizado por esgotamento, ansiedade e depressão. É uma reação ao estresse causado pelo trabalho, suas cobranças e a rotina. Cansaço profundo e apatia são dois dos sintomas associados à síndrome.

Fontes:
Edmo Atique Gabriel é médico especialista em Cirurgia Cardiovascular pela SBCCV, com pós-doutorado em Cirurgia Cardiovascular pela UNIFESP e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.
Patrícia Teixeira é médica endocrinologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, presidente do Departamento de Tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

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