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Por Alexandre Fernandes — Rio de Janeiro


Nesta semana, o influencer digital Iran Ferreira, conhecido como Luva de Pedreiro, anunciou que iria apagar das suas redes sociais seus vídeos de "melhor do mundo", que o levaram a ser reconhecido internacionalmente no ambiente do futebol, e que iria "seguir sua vida normal". Nesta quinta-feira (15), Luva de Pedreiro usou seu perfil em uma rede social para dar sua versão, após um colunista dar a informação de que a notícia da "aposentadoria" do influencer seria uma jogada de marketing para deixar a agência do ex-jogador de futsal Falcão, que cuida de sua carreira, para acertar com o tiktoker senegalês Khaby Lame.

Se soubesse que a internet era tão tóxica, perigosa, eu não teria entrado. Não sabia que era assim, tão ruim. É bom para um lado, mas do outro só se queima.
— Luva de Pedreiro, em live.

Luva de Pedreiro anunciou "aposentadoria" das redes sociais — Foto: Reprodução Internet

Luva de Pedreiro, certamente, não é o primeiro a reclamar das "armadilhas" das redes sociais e suas consequências. Recentemente, o ator Tom Holland, astro dos filmes Homem-Aranha, afirmou que estaria "dando um tempo" na internet. Segundo o psiquiatra Higor Caldato, sócio da Nutrindo Ideais e especialista em psicoterapias, todas as pessoas - famosas ou não, esportistas ou não - são afetadas de alguma maneira pelas redes sociais. A pressão, seja pela necessidade de alcançar um objetivo ou simplesmente por expor uma opinião, seja por likes e seguidores, traz consequências e, por vezes, influencia as decisões e a vida de quem decide criar um perfil na internet.

- A ansiedade é a emoção que tende a dominar nas redes sociais. Para muitas pessoas um post gera preparo, escolhas, retoques e após realizar a postagem a checagem constante das curtidas, comentários, reações e visualizações. Tudo o que é postado nas redes sociais tem como objetivo ser mostrado para alguns seguidores privados ou para a infinidade de pessoas em um perfil aberto - comenta Caldato.

10 dicas

Em entrevista ao Eu Atleta, o psiquiatra Higor Caldato indicou 10 dias para proteger a saúde mental das redes sociais.

  1. Desative as notificações das redes sociais;
  2. Oriente familiares, colegas de trabalho ou pessoas próximas a ligarem em situações emergenciais, assim não terá a necessidade de checar constantemente as mensagens à espera de algo a ser resolvido imediatamente;
  3. Evite acessar as redes em seu despertar e rotina inicial pela manhã;
  4. Não acesse as redes sociais durante o período de "higiene do sono", momento em que você deve se preparar para dormir;
  5. Tenha olhar crítico sobre o que se posta nas redes: a foto ou o vídeo divulgado nem sempre reflete o estado de espírito da pessoa, também pode não mostrar a real situação financeira de alguém.
  6. Supere seus próprios objetivos;
  7. Inspire-se em pessoas que você admira, buscando conhecer a história dessa pessoa. provavelmente encontrará conquistas, mas também desafios;
  8. Valorize seus potenciais nas redes, mas principalmente fora dela;
  9. Busque praticar atividades e encontrar pessoas, fora do mundo virtual;
  10. Entenda os seus limites e os aceite. Olhe mais para você e menos para os outros.

Excesso de uso das redes sociais podem levar a distúrbios emocionais — Foto: Georgijevic/istock Getty Images

Não se sabe ao certo o que motivou Iran Ferreira a deletar os vídeos do Luva de Pedreiro. De acordo com o psiquiatra Higor Caldato, os sintomas emocionais podem se revelar aos poucos e, por um gatilho, acabam levando à decisões por vezes não compreendidas.

- Transições bruscas na vida das pessoas podem ocasionar estresse emocional relacionado à adaptação ou ajustamento daquela situação; sendo assim, pode ocorrer um desequilíbrio do funcionamento psíquico e orgânico. Podem ocorrer sintomas emocionais e comportamentais, extremamente angustiantes, como falta de prazer, desesperança, irritabilidade, preocupação excessiva com o futuro, entre outros. Os sintomas causam um comprometimento significativo nas atividades sociais ou ocupacionais.

A saúde mental começa a ser afetada quando a pessoa começa a ficar disfuncional na vida social além do mundo virtual, nas relações amorosas, familiares ou quando a pessoa começa a ter efeitos em sua saúde física devido a ansiedade desproporcional gerada pelo seu desempenho nas redes. No caso, o transtorno de ansiedade pode ser um diagnóstico, por exemplo.

Pessoas com sentimento de inferioridade e desesperança podem ficar ainda mais deprimidas, se não entenderem que as imagens felizes encontradas em outros perfis, podem ser pontuais ou momentos; não imunizando o dono do post de ter problemas e desafios ao longo da vida.

Fonte:
Higor Caldato é médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais, especialista em psicoterapias e transtornos alimentares (Instagram @drhigorcaldato). Graduado em medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC/FAHESA) e fez sua residência médica em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), bem como suas especializações de psicoterapias e transtornos alimentares também pela universidade carioca.

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