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Por Lucas Magalhães — Brasília


O médico do Brasiliense, Jorge Oliva, se tornou personagem central da curiosa vitória do seu time sobre o Real Brasília, pela Série D do Brasileirão, nesse domingo. Depois que o técnico Paulo Roberto Santos, incomodado com as críticas do presidente do clube, o ex-senador Luiz Estevão, pediu demissão em pleno vestiário, no intervalo da partida, coube ao profissional de saúde comandar o time no segundo tempo.

Em entrevista exclusiva ao ge, Jorge Oliva explicou que só tomou conhecimento de que teria de comandar o time pouco antes do início do segundo tempo, quando Paulo Roberto Santos e sua comissão técnica já tinham pedido demissão.

Médico do Brasiliense, Jorge Oliva comandou o time no segundo tempo da vitória sobre o Real Brasília — Foto: Mateus Dutra/Divulgação

— O vestiário do Defelê é pequeno e estava muito calor na hora, então eu apenas segui o protocolo de perguntar se algum dos jogadores tinha alguma queixa clínica, como eu faço em todos os jogos. Como ninguém relatou nada, eu preferi esperar do lado de fora, então não vi o que aconteceu para ocorrer a demissão do treinador e, consequentemente, da comissão técnica — detalha.

O médico também explicou que o Brasiliense possui uma comissão técnica permanente. Os membros, entretanto, não assinaram a súmula antes do jogo, e, portanto, não poderiam ficar na beira do campo depois do pedido de demissão do então treinador. Coube então ao diretor de futebol, Marcelo Laitano, pedir que o médico assumisse a prancheta para os 45 minutos finais do encontro contra o Real Brasília, vencido pelo Jacaré pelo placar de 2 a 1.

— Posso dizer que foi a experiência mais inusitada da minha carreira até hoje. Obviamente, primeiro a gente recebe com surpresa, depois a gente fica um pouco apreensivo, porque a minha função ali não é essa, eu não sou preparado pra isso, muito pelo contrário. Como o estádio é pequeno, fica tudo muito próximo, então acaba que todas as orientações foram dadas pela comissão permanente — destaca.

Diversão com a repercussão

Jorge Oliva está habituado ao ambiente esportivo. Durante anos, ele serviu à seleção brasileira feminina de basquete, estando com o grupo, inclusive, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. O currículo do médico conta ainda com atuações na Copa América de futebol, e o Rio Open de tênis. Desta vez, entretanto, a repercussão veio de uma forma que ele jamais esperava que pudesse ocorrer.

Médico Jorge Oliva (segundo, à esquerda) atuou junto a Lionel Messi na Copa América — Foto: Arquivo pessoal

— Assim que acabou o jogo meu telefone já estava cheio de mensagens de outros colegas. Eu sou do Rio e até os médicos do Vasco, que estavam me mandaram mensagens. Também vi vários memes na internet. Na hora eu fiquei apreensivo, mas agora eu estou me divertindo — garante.

Com a vitória, o Brasiliense assumiu a liderança do Grupo 5, com seis pontos. Já o Real Brasília se manteve na lanterna da chave, com zero ponto conquistado em três rodadas da Série D.

O próximo compromisso do Brasiliense é em casa: no próximo domingo, a equipe recebe o Mixto, no Estádio Serejão, em Taguatinga. Já o Real Brasília, que busca os primeiros pontos no torneio, vai até o Mato Grosso, enfrentar o União Rondonópolis.

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