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Por Daniel Fucs

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Saudações pugilísticas.
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Há alguns meses reluto em escrever este texto. Mas chega uma hora que não dá mais para segurar. Me impressiona a falta de conteúdo de pessoas que utilizam a internet como forma de tentar demonstrar para leigos que conhecem algum assunto.
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Vídeos que chegam no meu facebook gravados por pessoas que nunca vi, posicionando-se como grandes conhecedores, preocupados em falar sobre ex-boxeadores como se fossem atuais, ou pesquisas do tipo “quem é melhor?”
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Mas este não é o problema. O que afeta são as colocações de quem tem obrigação de efetivar colocações corretas e informativas e agem irresponsavelmente procurando demonstrar expertise, sem preocupações com a qualidade da análise ou com a veracidade da informação.
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Entrei em um site de lutas que aparenta ser escrito por pessoa fora do boxe. Erro básico sobre o regulamento ou base de outros artigos escritos por quem também não milita no meio chamam a atenção.
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Numa rede social de pessoa ligada indiretamente ao boxe, as fakes news rolam soltas. Quando alguém descobre a verdade e questiona, a culpa é jogada para cidadão não identificado que teria passado a notícia, e não de quem escreveu sem investigar. Eu mesmo já fui vítima de notícia falsa deste cidadão.
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Em outra rede social, de pessoa envolvida diretamente com o universo das lutas, verifiquei as últimas 30 postagens sobre boxe. Vinte e sete postagens estavam divididas sobre Mike Tyson, a atriz de filme pornô que lutou recentemente boxe, Popó, Anderson Silva, Sonnen ou sobre ambos, duas sobre vídeos de alguns segundos com golpes que geraram KOs, sem identificação, e apenas três sobre boxe de verdade entre Esquiva Falcão e Hebert Conceição.
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Três em 30. Parei por aqui. O resultado não seria muito diferente em mais 30. Nenhuma análise ou mesmo simples informação sobre as lutas por títulos mundiais realizadas nas últimas semanas foi realizada. Nem mesmo sobre a luta pelo título mundial do brasileiro Robson Conceição que acontecerá no início de julho.
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Como fazem falta mais textos de pessoas com conhecimento e que sabem escrever como Paulo Roberto Godinho, Jorge Luis Tourinho e Eduardo Ohata.
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Quando penso em terminar o artigo, me vem na lembrança a indagação de um jornalista de outra área esportiva que cruzei num corredor da Globo há poucas semanas:
“Fucs, não tem mais luta boa de boxe”? A culpa não é dele.

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