TIMES

Por Rafael Carmo, Tiago Reis e Gabrielle Gomes — Salvador


Me blindei nesse tempo, fiquei bem chateado porque sei do meu potencial".
— Everaldo após hat-trick contra o Goiás, em outubro de 2023

Foi sob desconfiança e blindagem que Everaldo viveu durante boa parte da temporada passada para rebater as pesadas críticas do torcedor. Mas, apesar das oscilações, ele continuou dono da camisa 9 do Bahia e agora vê a maré artilheira voltar a subir neste início de 2024.

Artilheiro da série A, Everaldo supera críticas e celebra boa fase no Bahia

Artilheiro da série A, Everaldo supera críticas e celebra boa fase no Bahia

Em 2023, "ano zero" da gestão do Grupo City no Bahia, Everaldo foi um atletas mais criticados pela torcida, apesar de ter marcado 20 gols - melhor marca da carreira. Mas isso não foi o suficiente, as expectativas eram muito altas para o que foi mostrado em campo. E o próprio jogador reconhece isso.

Na última quinta-feira, o ge teve a oportunidade de conversar exclusivamente com "Eve", que elucidou algumas questões sobre a turbulência do ano passado. O atleta atribuiu a instabilidade pessoal e do grupo a um conjunto de fatores (não quis especificar quais) e deixou claro que, para a má fase do Bahia passar, não dependia só dele.

"Tenho ciência que ano passado não foi um ano muito bom para mim porque sei da minha qualidade, mas é que tinham muitas coisas que não dependiam só de mim, mas prefiro segurar".

- Quando se fala do ano passado não dá pra falar só de mim, temos que falar do grupo inteiro. Foi um ano complicado para todo mundo, e esse ano é a mesma coisa, temos que pensar no coletivo, eu estou bem e o coletivo também, só assim o individual se sobressai, com exceção de peças como Cauly e Biel, que se destacaram ano passado. Mas são dois anos diferentes. Agora o individual está se sobressaindo, não só comigo. Tem o Thaciano, o Biel, o Cauly, Ratão… - afirmou Everaldo.

Everaldo em entrevista ao ge — Foto: Rafael Carmo

Bom momento

O clima da entrevista, inclusive, reflete bem a mudança que Everaldo passou no Bahia em alguns meses (para alguns, semanas). O atacante fazia algumas brincadeiras pontuais e passava uma sensação de alívio, principalmente quando respondia perguntas que tratavam da retomada da confiança.

Everaldo brinca ao falar da influência de Ceni nos golaços que fez — Foto: Reprodução / TV Bahia

E, de fato, a história agora é diferente. O Bahia começa a corresponder às altas expectativas da torcida com uma boa campanha no Campeonato Brasileiro. E muito disso se deve a Everaldo. Com três gols decisivos nos últimos três duelos, o atacante participou diretamente de sete dos 10 pontos conquistados pelo Tricolor e ajudou o time a chegar à vice-liderança. Além disso, é artilheiro da Série A.

Everaldo faz primeiro gol Bahia contra o Botafogo, pela 5ª rodada do Campeonato Brasileiro — Foto: André Durão

E, claro, Everaldo colocou o Bahia como um possível protagonista do campeonato, com chances de terminar no topo da classificação. A equipe de Rogério Ceni encontrou um "norte" no Brasileiro e pode chegar à liderança neste domingo, em confronto contra o Bragantino.

- Com certeza [Bahia será protagonista], e estamos demonstrando isso. Ganhamos do Fluminense, campeão da Libertadores no ano passado. Batemos o Botafogo fora de casa, que foi bem também e é um grande time. Contra o Inter, perdemos mais por erros nossos do que por mérito do Internacional. E nosso objetivo é esse, ser protagonistas do Campeonato Brasileiro, estamos fazendo por merecer. Quem disse que a gente não pode? Podemos sim. É fruto do nosso trabalho no dia dia e da sincronia em campo.

Recuperação eficiente

Everaldo explica como se recuperou de lesão antes do previsto e os impactos no campo

Everaldo explica como se recuperou de lesão antes do previsto e os impactos no campo

A boa fase de Everaldo, por sinal, não vem do nada. Depois de um começo de temporada apagado, o atacante voltou "voando" após o tratamento que fez para se recuperar de lesão muscular. E não, não foi coincidência. A recuperação rápida e diferenciada fez do camisa 9 um jogador mais leve, m��vel e com maior explosão. Os três golaços nas últimas três rodadas não foram à toa.

- Isso acontece porque um dia eu fazia trabalho de força, saía moído. No outro dia fazia core. No outro dia era de força de novo. Eu trabalhava muito a força, a potência… Tanto na fisioterapia quanto na academia. Eram atividades feitas especialmente para mim. Era só eu e o fisioterapeuta, ou o fisiologista. Hoje eu até cobro a galera para fazer a manutenção na fisioterapia e fisiologia, para não perder mais jogos importantes no meio dessa maratona.

"Acabei de voltar de uma lesão e não quero ter outra. Eu só estou bem quando fico com o físico bom. O desafio é manter o físico nesse nível".

E ainda deu tempo para mais. Everaldo comparou os diferentes contextos da duas temporadas mais goleadoras, por Bahia e Chapecoense, falou da influência de Rogério Ceni nos golaços que marcou e contou a situação da sua família diante das enchentes no Rio Grande do Sul.

Everaldo em entrevista ao ge — Foto: Reprodução / TV Bahia

Confira outros trechos da entrevista exclusiva de Everaldo:

ge: As críticas pesadas contra você chegaram a lhe chatear?
[Everaldo]
- O que chateia são as críticas vazias, isso não ajuda em nada, não me faz melhorar em nada. Agora se você chegar com argumentos e fizer uma crítica construtiva é diferente. Muitas vezes as pessoas vinham com críticas vazias e eu não dava importância, mas quando a pessoa vinha com uma crítica construtiva eu dava atenção.

Apesar das críticas, você fez sua temporada mais artilheira em 2023, com 20 gols. Foi até mais do que na Chapecoense, em 2019. Você acha que vive sua melhor fase da carreira com a camisa do Bahia?
- Com certeza. Eu não gosto de ser individualista, eu sempre coloco o coletivo na frente. É a minha melhor fase porque o coletivo está muito bem. Nós que somos atacantes dependemos muito do time também. Neste ano o grupo está muito fechado, todo mundo em prol de um único objetivo. Ano passado estava um pouco desconexo, algumas coisas aconteceram que fugiam do nosso controle. Agora não. Todo muito muito dedicado, treina bem, disputa a vaga no time de forma saudável… Pô, ganhamos do Botafogo com um ambiente maravilhoso. O Ratão não jogava há algumas partidas, entrou e fez a diferença. É mérito dele, estava com a cabeça no lugar e aproveitou a união do grupo que proporciona tudo isso. A mesma coisa no Ba-Vi, comigo e Biel.

Everaldo dá entrevista no CT Evaristo de Macedo — Foto: Rafael Carmo / ge

Na temporada passada, você foi um dos pilares do time e um dos jogadores de confiança de Renato Paiva e Ceni, tanto é que você fez 60 jogos e marcou 20 gols. É comum no futebol que a torcida procure alguém para colocar a culpa em um momento ruim, e você estava ali sempre presente. Acha que depois dos últimos três gols conseguiu retomar a confiança do torcedor?
- Com certeza, porque às vezes a torcida olha muito o resultado, não vê o olhar tático do jogo. É o que o jogador tem, treinador tem, comissão tem. O torcedor não, o Everaldo é o 9, o centroavante, tem que fazer gol. E, infelizmente, ano passado aconteceram algumas coisas que não possibilitou. Fiz bastante gols, mas era para ter feito mais, mas por outras circunstâncias não aconteceram. Só que esse ano é um ano diferente, ano passado já passou. Foi o ano zero, foi o momento onde o clube se reestruturou, time, tudo, enfim. Tudo que se refere ao Bahia. Mudou muita coisa. Foi um ano difícil, não só para mim, para todo mundo, mas passou. Como tu falou, fui um dos que mais foi cobrado, não tenho problema nenhum com cobrança, a gente está aqui para isso, para ser cobrado. Futebol no Brasil a gente sabe que é complicado. Mas sempre ressalto, desde que seja uma crítica construtiva, algo que nos coloque para cima. Ou seja, que tente nos fazer melhor. Não só por violência ou coisa parecida, isso já não compactuo, não acho legal isso. Acho difícil alguém achar isso legal, mas enfim.

- Esse ano está sendo um ano muito bom, a gente está colhendo o que plantou tanto no ano passado, temos um time-base e vamos assimilando o que o professor Rogério vem nos passando desde o começo da pré-temporada. A gente demorou um pouco para pegar o que ele queria, mas agora se vê dentro dos 90 minutos que a gente está conseguindo fazer o que ele quer, pelo menos na maior parte do tempo. Estou muito feliz por isso, feliz pelo meu momento, pelo momento do clube, do grupo também. A gente sabe que é difícil, cada vez vai ser mais difícil. Falei esse dias no vestiário, antes do jogo, que cada vez vai ser mais difícil porque a gente vai ser um time a ser batido. Então, cabeça no lugar, foco no trabalho e pensar positivo, demonstrar que a gente pode ser protagonista do campeonato.

Um paralelo interessante é que, em 2019, quando você despontou como artilheiro na Chapecoense, o time foi rebaixado, mas você saiu bem de lá, deixou o clube de cabeça erguida. Só que ano passado você marcou mais gols, mas mesmo assim foi muito criticado. O que você acha que aconteceu lá que não aconteceu aqui?

- Na Chape fiz 13 gols em Campeonato Brasileiro, e aqui fiz nove. Fiz alguns gols em Baiano, Copa do Nordeste, mas tenho ciência que ano passado não foi um ano muito bom para mim porque sei da minha qualidade, mas é que tinham muitas coisas que não dependiam só de mim, mas prefiro segurar".

Everaldo compara as duas melhores temporadas em número de gols e relembra pressão de 2023

Everaldo compara as duas melhores temporadas em número de gols e relembra pressão de 2023

Você tem tudo para bater seus recordes nesta temporada, já tem seis gols, três deles nos últimos três jogos do Brasileiro. Depois do Ba-Vi você atribuiu seu momento à recuperação que teve da lesão recente. Essa recuperação foi um divisor de águas? Detalhe um pouco mais como foi esse trabalho para você voltar a campo.
- Assim, a gente sabe que o calendário brasileiro é complicado. Às vezes a gente fala, mas quem não está no dia a dia pensa que é só besteira, que o jogador é mimado, mas não é cara, principalmente aqui no Nordeste. Ano passado também tive que parar por dez dias por conta de uma dor no púbis que tinha. Coincidência ou não, também parei, tratei, só que aqui no Bahia a gente não para e trata no departamento médico como era antigamente em outros clubes, como era antigamente. Botar o chinelinho, deitar na maca e os fisioterapeutas virem com os aparelhos. Não. Aqui é diferente, é uma recuperação ativa.

- Tive um problema de adutor esse ano, um mês e pouco atrás, onde foi diagnosticado uma lesão de grau 3 C. Diz o médico que precisa de cinco a seis semanas. Eu adiantei que não duraria todo esse tempo. Felizmente recuperei antes, em três semanas já estava jogando. Mas por quê? Não é só por minha causa, eu sou profissional, me cuido na alimentação, descanso e tal. Mas muito por conta do clube e da estrutura que o clube contou. Fisioterapeutas, fisiologistas, médicos, tudo. Porque eu machuquei o adutor, ok, mas tinha outros membros que eu podia trabalhar tranquilamente. Então, fiz muito trabalho de força, de posterior, anterior, de potência, que não envolviam o adutor, ou seja, o músculo machucado. Então, isso fez com que eu ganhasse mais força, ficasse mais rápido, me sinto mais leve também. Porque parei por três semanas e trabalhei todo dia. Teve dia que não precisava ter trabalhado. No Ba-Vi, na final, na Fonte Nova, era meu dia de folga. Entrei em acordo com a Natália, com o departamento médico, os fisioterapeutas. Eu falei: "Se bater tal meta vocês me deixam voltar antes?". No caso, contra o Inter, em Porto Alegre, não era para eu ir. Como bati as metas, conseguir ir, mas volto a repetir. Fiquei três semanas só trabalhando a parte física. E os meus colegas não conseguiram fazer isso porque a cada três dias tem um jogo.

- E aí, quando não é em Salvador, é fora de casa, e aí vai jogar em Jequié, por exemplo, viagem de seis, sete horas de ônibus. Jogamos à tarde, na semifinal, e chegamos aqui no outro dia a gente chegou de madrugada, cinco, seis horas da manhã aqui. Como treina no outro dia? Não tem como, vai machucar o atleta. Que vai tentar fazer o melhor em campo, e pode machucar. Tem que dar folga. O cara que foi para o banco e não jogou, aqueceu durante o jogo, no outro dia, se não buscar fazer algo por ele, e a cada dois, três dias tem um jogo, fica difícil. Isso desde o começo, em janeiro, até a final do Baiano. Vem acontecendo no Brasileiro, mas tivemos pelo menos semanas abertas, bom para o descanso. A gente precisa descansar o corpo, a cabeça, o tempo todo futebol, futebol entra em paranoia. E consegue curtir um pouco a família também. Fui bem extenso agora, mas quero deixar bem claro porque não é fácil. Voltei melhor, todos me elogiaram, mas a culpa disso não é só minha, é do departamento médico, dos fisioterapeutas, fisiologistas que me acompanharam ali e fizeram o melhor trabalho deles para mim, e eu consegui bater minhas metas e hoje estou colhendo aquilo que plantei. Infelizmente, por conta do calendário é difícil fazer isso por todos, mas faz parte.

Você falou que sente que voltou mais leve, mais rápido. E às vezes dá pra ver isso em campo, com suas movimentações pela ponta dando suporte a Arias. E alguns veículos publicaram que você atingiu o recorde de velocidade de um centroavante neste Campeonato Brasileiro. Isso chegou até você?
- Na verdade, a gente usa o GPS do clube, que marcou 34,9 km/h. São os dados do clube. Não sei de onde tiraram esse 33,6 km/h. No ano passado bati em um jogo, não lembro contra quem foi, pós-lesão, bati 36,4 km/h, que é meu recorde no Bahia. Estou buscando, isso não vai acontecer em qualquer jogo, depende do que o jogo pede. Isso não vai acontecer em dez, vinte metros. Para alcançar a velocidade tenho que ter 50, 60 metros para correr. Contra o Botafogo, se não me engano, foi um lance de contra-ataque no primeiro tempo, que até lancei a bola para o Arias, acho que foi isso. Não lembro direito. Mas porque tinha uma distância longa para percorrer, então consegui chegar nessa velocidade.

Everaldo dá pique contra o Botafogo, no Engenhão — Foto: Letícia Martins/EC Bahia

Pelo ritmo que você adquiriu, você se movimenta mais pelas pontas, principalmente pela direita em dobradinha com Arias. Como funciona essa sincronia, vocês treinam muito essas movimentações? Como é sua relação com ele?
- O Arias tem duas Copas do Mundo, é muito experiente. Sou fã dele, muito gente boa. Ele faz a leitura das jogadas antes do lance acontecer. Procuro ajudar ele porque falo espanhol também, a gente tem uma comunicação muito boa durante os jogos e durante os treinos. A gente sempre facilita o trabalho um do outro. Quando ele chega na linha de fundo eu peço exatamente onde eu quero a bola. Na parte defensiva eu falo para ele não desmanchar a linha de quatro, porque eu consigo recompor. É muito fácil lidar com ele, é super tranquilo e humilde. A gente se dá por conta disso, a gente se comunica bem, às vezes um companheiro ou outro não entende muito, mas eu consigo, com todos os gringos. Isso faz bem para o time.

Você igualou Régis e é o 5º maior artilheiro da Arena Fonte Nova. Isso o motiva a permanecer no Bahia? Acha que dá para buscar a liderança do ranking nesta temporada? Faltam 16 gols. Como você vê essa marca?
-
Os recordes foram feitos para serem batidos, estou aqui para isso. Não é fácil, é complicado. Mas é um dos objetivos também, vou sempre fazer meu melhor. Meu objetivo principal é sempre fazer o gol, então vou em busca disso aí.

Você fez três gols nas últimas três rodadas. Qual o segredo dos gols bonitos? Ceni passa algumas dicas? Ou foi pura sorte?
-
Sorte pode ter certeza que não foi. É trabalho. A gente sempre treina finalizações com o Rogério após o treino. É incrível ver o Rogério Ceni batendo na bola. Ele trabalha finalização com a gente e às vezes fica cruzando a bola. Onde ele fala que a bola vai, pode ter certeza que vai chegar. Nas faltas também. A batida dele é diferente. É difícil tentar imitar, mas cada um tem o seu jeito. Acho que tem muito a ver com esses treinos que a gente faz.

Everaldo fala da influência de Rogério Ceni e relembra treinos de finalização com técnico

Everaldo fala da influência de Rogério Ceni e relembra treinos de finalização com técnico

Fala um pouco do quanto a tragédia no Rio Grande do Sul impactou você
- Eu sou de Garibaldi, na Serra Gaúcha. A cidade foi um pouco afetada, mas só alguns pontos. Como lá tem muito morro, não tem essa preocupação de inundar, mas mesmo assim muita gente perdeu bens e teve a casa prejudicada. Mas a preocupação maior é com as pessoas que ficam nos vales. No Vale do Taquari, por exemplo, onde várias cidades foram afetadas e desapareceram. Meus amigos e familiares que são de lá do Sul não chegaram a perder casa ou bens, mas a gente vê histórias assustadoras. Vai demorar para o Rio Grande do Sul se reerguer. Muitas casas desapareceram, pessoas perderam entes queridos… A gente está aqui e às vezes não temos noção do que acontece lá.

- Tem o lado bom da solidariedade, todo mundo está tentando ajudar, mas sempre tem aquelas pessoas que aproveitam a fragilidade do outro. Roubam voluntários, barcos… Minha esposa faz campanha no Instagram para doações e a gente vê muitos caminhoneiros que não querem ir para Porto Alegre com medo de serem roubados nas estradas. É difícil lidar com isso em uma tragédia desse tamanho. O ser humano tem o lado bom, ajuda, mas tem esse lado triste também. Não é algo que o estado vai se recuperar rápido, vai demorar para o Rio Grande do Sul voltar ao normal. O pior mesmo são as mortes, as perdas são irremediáveis. O resto a gente dá um jeito. Eu queria estar lá, ajudar as pessoas e colocar a mão na massa. Não posso por conta do meu trabalho, mas apoio como posso, com doações. Espero que esse momento passe o mais rápido possível. Assim como os baianos, o povo gaúcho é muito orgulhoso e aguerrido. Creio que vão dar a volta por cima.

Veja também

Mais do ge