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Por g1


Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels

O dólar interrompeu uma sequência de altas e fechou em queda nesta quinta-feira (13), à medida que investidores repercutiam novas falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Após a reação negativa dos mercados vista na véspera, quando o dólar chegou a bater os R$ 5,42 na máxima do dia, o ministro afirmou nesta quinta-feira que a equipe econômica vai intensificar a agenda de trabalho em relação aos gastos públicos e que deve focar na revisão de despesas nas próximas semanas. (veja mais abaixo)

"Estamos dispostos a cortar privilégios", afirmou o ministro em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.

A decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), sobre os juros do país, divulgada ontem, também seguia repercutindo no mercado, bem como novos indicadores da maior economia do mundo.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, por sua vez, encerrou em queda.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

Ao final da sessão, o dólar recuou 0,73%, cotado a R$ 5,3670. Veja mais cotações.

Com o resultado, acumulou altas de:

  • 0,80% na semana;
  • 2,24% no mês;
  • 10,60% no ano.

Na quarta-feira, a moeda norte-americana subiu 0,86%, cotado a R$ 5,4066, no maior patamar desde janeiro de 2023.

Ibovespa

Já o Ibovespa fechou em queda de 0,31%, aos 119.568 pontos.

Na quarta-feira, o Ibovespa caiu 1,40%, aos 119.936 pontos.

Com o resultado, acumulou quedas de:

  • 0,69% na semana;
  • 1,77% no mês;
  • 10,62% no ano.

Entenda o que faz o dólar subir ou descer

Entenda o que faz o dólar subir ou descer

O que está mexendo com os mercados?

Com uma maior percepção de risco interno em meio às incertezas com o quadro fiscal, os investidores voltaram a monitorar falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Nesta quinta-feira, o ministro afirmou que a equipe econômica vai apoiar o Senado na análise de medidas para compensar a desoneração da folha de pagamentos e a redução da contribuição previdenciária de parte dos municípios brasileiros.

"Recebi a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e discutimos a nossa relação com o Senado, o apoio que vamos dar ao Senado para a compensação. Todas as propostas vão ser analisadas por nós para medirmos o impacto", declarou o ministro da Fazenda, em entrevista a jornalistas.

As falas vêm após crescer no mercado a percepção de "fritura" do ministro da Fazenda. Isso porque na última terça-feira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), havia anunciado a decisão de devolver ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins que restringiram a compensação de créditos do tributo.

A decisão de Pacheco foi vista como uma derrota para o governo e, em especial, para o ministro da Fazenda, que buscava com a MP cobrir perdas de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento. A expectativa era de que a MP fosse gerar aumento de R$ 29 bilhões na arrecadação em 2024.

Além disso, Haddad também afirmou, nesta quinta-feira, que a equipe econômica vai intensificar a agenda de trabalho em relação aos gastos públicos e que deve focar na revisão de despesas nas próximas semanas.

"Queremos também rever o gasto primário, estamos dispostos a cortar privilégios. Já voltaram à tona vários temas que estão sendo discutidos de novo, o que é bom, como supersalários, como correção de benefícios que estão sendo praticados ao arrepio da lei, melhoria dos cadastros, isso voltou para mesa, e nós achamos que é ótimo isso acontecer porque vai facilitando o trabalho de entregar as contas", declarou Haddad.

Segundo o analista da Empiricus Research Matheus Spiess disse em entrevista à Reuters, "o governo fracassou em todas as suas tentativas até agora de apresentar um plano crível para a execução do arcabouço fiscal".

"Até que nós tenhamos um vetor claro e confiável de que as coisas vão caminhar de volta para um ajuste, vamos continuar tendo essa pressão", acrescentou o especialista.

Vale lembrar que o mal-estar do mercado em torno da situação fiscal brasileira também foi agravado, na véspera, por falas do presidente Lula, que afirmou que o aumento da arrecadação e a queda das taxas de juros permitirão uma redução do déficit nas contas sem impactar os investimentos.

Na agenda de indicadores, investidores ainda repercutiam novos dados de varejo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas varejistas brasileiras cresceram pelo quarto mês seguido em abril, renovando o maior patamar da série histórica.

Já no exterior, investidores continuam a repercutir a decisão de juros por parte do Fed. Na véspera, a instituição decidiu mais uma vez manter as taxas básicas dos Estados Unidos inalteradas na faixa entre 5,25% e 5,50%, ainda no maior patamar desde 2001.

Além disso, o BC norte-americano também sinalizou apenas um corte de juros em 2024.

A decisão veio mesmo após a inflação ao consumidor dos EUA ter vindo menor do que o previsto em maio. Segundo dados divulgados pelo Departamento do Trabalho norte-americano na quarta-feira, o índice de preços (CPI, na sigla em inglês) ficou inalterado no mês passado, após alta de 0,3% em abril.

A estimativa do mercado era de uma alta mensal de 0,1%. O número foi bem recebido pelo mercado, que elevou as apostas de que o Fed deve fazer o primeiro corte de juros ainda em setembro deste ano.

Entre os indicadores dos EUA, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego atingiu uma máxima em 10 meses na semana passada, indicando afrouxamento nas condições do mercado de trabalho.

Segundo dados do Departamento de Trabalho dos EUA, os pedidos iniciais de auxílio-desemprefo subiram 13 mil na semana encerrada em 8 de junho, para 242 mil — o nível mais alto desde agosto do ano passado.

Além disso, o órgão também divulgou os novos dados de preços ao produtor dos EUA, que caíram 0,2% no mês passado, após alta de 0,5% em abril. Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,1% para o indicador no mês.

*Com informações da agência de notícias Reuters

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