Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília


Lula: estamos colocando as contas em ordem

Lula: estamos colocando as contas em ordem

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (12) que não consegue discutir economia sem "colocar a questão social na ordem do dia". A fala foi proferida no Rio de Janeiro, em evento com investidores sauditas.

"Todos os debates que se fazem se tratando de economia, a gente fala de um monte de coisa, mas me parece que os problemas sociais não existem. Eles existem. Estão nos nossos calcanhares, estão nas nossas portas, estão nas ruas", afirmou.

O presidente deu a declaração em um momento no qual o governo é pressionado pelo mercado a reduzir gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apresentará a Lula uma proposta de mudança no formato dos pisos (gastos mínimos) em saúde e educação.

O presidente declarou que o "mercado não é uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade" e destacou que a economia necessita estabilidade política e social.

Lula, cujo governo tem dificuldade para zerar o déficit das contas públicas, disse que trabalha para equilibrar contas sem comprometer investimento.

"Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público", declarou.

Em abril, a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas somou R$ 228,9 bilhões, segundo a Receita Federal, o maior valor para o mês em 30 anos. No primeiro quadrimestre (janeiro a abril), a arrecadação cresceu acima da inflação.

O presidente critica com frequência o Banco Central em razão do patamar da Selic, que está em 10,5% ao ano após sucessivas quedas. Lula considera lento o ritmo da redução.

O presidente Lula durante fórum sobre investimentos no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Canal Gov

Exploração de petróleo

Lula também voltou a defender a exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial, nas regiões Norte e Nordeste do país.

Essa iniciativa é alvo de críticas de ambientalistas, que veem na exploração possibilidade de risco à biodiversidade local, sobretudo, na região Amazônica.

Lula fez a defesa da exploração durante evento no Rio de Janeiro. Ele disse que o governo quer fazer prospecção de forma legal, "respeitando o meio ambiente".

"A hora que começarmos a explorar a chamada margem equatorial, eu acho que a gente vai dar um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo, mas nós não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer, de fazer com que esse país, junto com a Arábia Saudita nos Brics, possa criar uma nova forma de investimento, possa criar um novo sistema de tratamento das pessoas", afirmou Lula.

A margem equatorial se estende por mais de 2.200 km ao longo da costa entre o Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá. A região é considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas.

Em abril, a Petrobras informou que descobriu acumulação de petróleo em águas ultraprofundas da Bacia Potiguar, no poço exploratório Anhangá, na margem equatorial brasileira.

Para ambientalistas, no entanto, a atividade petrolífera na região pode resultar em prováveis tragédias ambientais, o que afetaria diretamente o território amazônico. Além da Bacia Potiguar, nela estão inseridas as bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, de Barreirinhas e do Ceará.

A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, defende explorar a região no Norte do Brasil e já declarou que pretender esclarecer os questionamentos do ministério do meio ambiente sobre os planos da empresa na região.

Em setembro de 2023, o Ministério de Minas e Energia anunciou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu uma licença para a Petrobras perfurar em duas áreas na Bacia de Potiguar

Exploração de petróleo na Margem Equatorial é debatida pela Comissão de Meio Ambiente

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Investimento verde

Lula voltou a afirmar, diante dos investidores, que o Brasil deseja receber investimento para transição energética. O país receberá em 2025, em Belém, a conferência das Nações Unidas sobre clima, a COP 30.

O presidente citou os carros elétricos entre os exemplos de investimentos alinhados ao combate às mudanças climáticas.

"Os veículos elétricos são o motor do atual crescimento da indústria automotiva brasileira. Não queremos simplesmente instalar maquinadoras. Somos perfeitamente capazes de produzir peças e componentes no nosso país", disse.

Em mais de um momento, Lula frisou que o Brasil pretende se desenvolver e que conta com o apoio da Arábia Saudita, uma das maiores produtoras de petróleo do mundo. O Brasil deseja, segundo o presidente, mais do que exportador de matéria-prima.

"Temos grandes reservas de minerais estratégicos, como nióbio, grafite, níquel e terras raras. Buscamos parceiros interessados em agregar valos a esses recursos em nosso território. Condição de mero exportador de matérias primas não nos interessa e não nos convém", afirmou Lula.

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