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Por g1


Dólar — Foto: Karolina Grabowska/Pexels

O dólar engatou seu quarto dia seguido de valorização e fechou em alta nesta quarta-feira (12), com investidores repercutindo falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), sobre os juros do país.

A moeda norte-americana fechou cotada a R$ 5,40. Com isso, segue no nível mais alto desde 4 de janeiro de 2023, quando encerrou o dia em R$ 5,4523.

Em evento realizado hoje, no Rio de Janeiro, Lula disse que não consegue discutir economia sem "colocar a questão social na ordem do dia" e que o "mercado (financeiro) não é uma entidade abstrata, apartada da política e da sociedade".

Dólar comercial sobe pelo quarto pregão seguido e fecha a R$ 5,40

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Ele também afirmou que o governo está "arrumando a casa" e "colocando as contas públicas em ordem". No entanto, citou apenas o aumento de arrecadação e a redução de juros, sem abordar o controle de gastos.

"Estamos arrumando a casa e colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal. O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade de investimento público", declarou.

As declarações vieram em um momento em que investidores estão cautelosos com a questão fiscal brasileira e o governo vem sendo pressionado a reduzir gastos.

No exterior, o foco ficou com os novos dados de inflação dos Estados Unidos e com a decisão de política monetária do Fed, que sinalizou apenas um corte na taxa de juros do país até o final 2024.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em forte queda.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar

O dólar subiu 0,86%, cotado a R$ 5,4066. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,4286. Veja mais cotações.

Com o resultado de hoje, a moeda norte-americana continua no nível mais alto desde 4 de janeiro de 2023, quando fechou em R$ 5,4523.

Com o resultado, acumulou altas de:

  • 1,55% na semana;
  • 3% no mês;
  • 11,42% no ano.

Na terça-feira, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,07%, cotada a R$ 5,3605.

Ibovespa

O Ibovespa caiu 1,40%, aos 119.936 pontos.

Com o resultado, acumulou quedas de:

  • 0,69% na semana;
  • 1,77% no mês;
  • 10,62% no ano.

Na terça, o índice encerrou em alta de 0,73%, aos 121.635 pontos.

Entenda o que faz o dólar subir ou descer

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O que está mexendo com os mercados?

  • Estados Unidos

O mercado começou o dia com mais tranquilidade nesta quarta, depois que dados de inflação dos Estados Unidos mostraram que os preços na maior economia do mundo começam a arrefecer.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) não teve alteração em maio, enquanto o mercado esperava uma leve alta de 0,01%. No mês anterior, a inflação no país havia crescido 0,03%.

Sinais de arrefecimento na inflação aumentam as expectativas dos investidores de que o banco central norte-americano não promova novas altas em suas taxas de juros. Além disso, podem significar caminho aberto para um ciclo de cortes.

O Fed decidiu nesta quarta manter os juros do país inalterados em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A leitura mais importante, no entanto, ficou com a sinalização da autoridade monetária sobre o futuro dos juros norte-americanos.

Os responsáveis pela política monetária do país indicaram que pretendem cortar a taxa de juros apenas uma vez até o final 2024, conforme previsões atualizadas nesta quarta-feira. A estimativa é de apenas um corte de 0,25 p.p (pontos percentuais) este ano.

Os juros em níveis elevados nos Estados Unidos aumentam a rentabilidade dos Treasuries (títulos públicos norte-americanos) e devem continuar a refletir nos mercados de ações e no dólar, com a migração cada vez maior de investidores para o país, em busca de uma melhor remuneração.

No cenário macroeconômico, os efeitos dos juros altos nos Estados Unidos também se refletem no longo prazo, indicando uma tendência de desaceleração econômica global, já que empréstimos e investimentos também ficam mais caros.

  • Cenário doméstico

No Brasil, o mercado interno inverteu o sinal positivo da manhã após o presidente Lula discursar em um evento, defendendo que a economia não pode estar apartada do social.

"Todos os debates que se fazem se tratando de economia, a gente fala de um monte de coisa, mas me parece que os problemas sociais não existem. Eles existem. Estão nos nossos calcanhares, estão nas nossas portas, estão nas ruas", disse Lula.

Lula: estamos colocando as contas em ordem

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O presidente deu a declaração em um momento no qual o governo é pressionado pelo mercado a reduzir gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que apresentará a Lula uma proposta de mudança no formato dos pisos (gastos mínimos) em saúde e educação.

Em abril, a arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas somou R$ 228,9 bilhões, segundo a Receita Federal, o maior valor para o mês em 30 anos. No primeiro quadrimestre (janeiro a abril), a arrecadação cresceu acima da inflação.

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