Por Sarah Resende — São Paulo


Como funcionam os carros elétricos

Como funcionam os carros elétricos

O que parecia um futuro distante, agora é realidade. Ou pelo menos uma realidade que, apesar de cara, está um pouco mais palpável: carros 100% elétricos. A tendência é que, nos próximos anos, montadoras dividam cada vez mais seus portfólios entre veículos elétricos, híbridos e a combustão, para além daquelas focadas exclusivamente nos recarregáveis (e que já chegaram ao Brasil).

Além da promessa de economia por não dependerem do preço dos combustíveis fósseis, bem mais caros do que uma carga de luz no Brasil, os elétricos são vendidos como veículos mais modernos e que demandam menos manutenção. Mas ainda é uma realidade distante para a maioria dos brasileiros. No momento da publicação desta reportagem, o carro 100% elétrico mais barato vendido no Brasil custava R$ 136 mil.

Nesta reportagem, você vai entender:

⚠️É importante ler com atenção o manual de cada veículo e seguir as recomendações específicas para o modelo determinadas pela marca.

Como é carregado?

Estação de carregamento de um carro elétrico. — Foto: Divulgação

Os carros precisam ser carregados em uma tomada aterrada, em casa mesmo. Apesar de funcionarem com tomadas comuns, como a que se usa para ligar uma cafeteira ou air fryer, o ideal é sempre usar a chamada semi-industrial e ter em casa uma estação de carregamento do tipo wallbox (valores a partir de R$ 3,5 mil). Também é recomendado carregar o veículo durante a noite.

Mas, assim como não é qualquer residência, principalmente em prédios, que suporta a instalação de um ar-condicionado, por exemplo, o mesmo vale para o carregamento de um veículo. Antes de comprar um ou colocar na tomado, certifique-se sobre a situação elétrica da sua residência junto à companhia de que atende à sua região e também, se for o caso, junto à administração do condomínio

Em alguns lugares, principalmente nas grandes cidades, também há estações específicas de carregamento, vistas mais comumente em estacionamentos de shoppings e supermercados, por exemplo.

Em prédios, é possível contratar uma empresa para instalar uma estação de carregamento, se o condomínio permitir. Para os próximos anos, a tendência é que os novos empreendimentos (pelo menos os de alto padrão) sejam entregues com estações de carregamento nos estacionamentos.

Não se deve usar extensões nas tomadas comuns. O carregamento deve ser feito longe de líquidos inflamáveis e de outras fontes de calor. E é preciso sempre usar cabos e conectores originais, certificados e em boas condições físicas.

Quanto tempo demora?

A carga total em tomada semi-industrial leva 9 horas, em média.

Qual a autonomia média?

Para carros elétricos, autonomia quer dizer quantos quilômetros o carro consegue rodar com a bateria cheia. Um veículo elétrico com carga cheia consegue rodar de 300 a 500 km, dependendo do modelo.

Quanto custa a carga?

Aí depende do valor da luz na sua cidade e estado, do modelo do veículo e da autonomia que a bateria dele tem. Uma carga inteira (em um veículo com autonomia de 300km) em São Paulo, por exemplo, custa R$ 40, mais ou menos.

Pode ficar no carro enquanto ele carrega?

Sim, em tese, não há problema. Mas as montadoras não recomendam, em seus manuais, a permanência no veículo.

Precisa trocar a bateria?

Teoricamente, não. "O que as montadoras dizem é que a bateria é feita para superar a duração do veículo", explica Clemente Gauer, diretor de Infraestrutura da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

"O que a gente observa aqui é que não existe praticamente precedente de falha de bateria, são casos muito isolados", completa o especialista.

E se a bateria acabar no meio da estrada?

Procure uma tomada aterrada — por isso deve-se andar sempre com cabo carregador e adaptador. Mas é importante saber que, sem a tomada semi-industrial e sem a estação própria, o carregamento vai ser lento.

Nessas condições, é importante certificar-se que o terminal metálico da tomada não esteja enferrujado, corroído ou desgastado, bem como assegurar que não tenha água nem objetos estranhos na tomada.

Onde a bateria fica?

O padrão é que ela fique no assoalho do carro. "Como a bateria geralmente tem, mais ou menos, de um quarto a um terço do peso do veículo, ela fica na parte mais baixa do veículo de forma a manter o centro de gravidade do carro mais baixo possível", explica Gauer.

É isso que faz com que capotamentos de veículos elétricos sejam raros.

Como é a manutenção?

Segundo Gauer, "um motor elétrico tem uma vida útil indefinida".

"Ele tem uma parte móvel só lá dentro, não tem partes de fricção como você tem na parede dos cilindros do veículo a combustão, raspando uma contra outra. Na verdade, só tem um jogo de rolamentos lubrificado", explica.

"Mas você vai ter uma manutenção, por exemplo, nos componentes de suspensão, no filtro da cabine e também em um único fluido que geralmente o carro elétrico pede substituição, que é o fluido de freio."

Faz barulho?

Um carro elétrico é bem mais silencioso que um veículo a combustão, mas, sim, faz algum barulho.

Quanto custa um elétrico novo?

No Brasil, os modelos mais baratos custam entre R$ 135 mil (Jac ESJ1) e R$ 150 mil (BYD Dolphin). Para os mais caros, o céu é o limite. O Mercedes-Benz EQS 53 AMG, lançado em dezembro de 2022, curta R$ 1,35 milhão.

IPVA

Carros elétricos podem ser isentos de IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores) em alguns estados, caso do Rio Grande do Norte, ou ter o alíquota reduzida, caso do Rio de Janeiro.

Em outros, há a discussão sobre implantar benefícios do tipo, caso de São Paulo, onde um projeto de lei foi aprovado na Alesp em agosto, e na Bahia, onde o governo anunciou, em julho, que carros elétricos de até R$ 300 mil produzidos no estado serão isentos.

Quando o estado não possui legislação específica para o imposto de elétricos e híbridos, vale o mesmo que vale para outros tipos de veículos: a alíquota e o valor do veículo na tabela FIPE, se for usado, ou a alíquota e o valor do veículo na nota fiscal, se for novo.

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