![O pesquisador Eliezer Yudkowsky assemelha o fim da humanidade pelas IAs ao cenário de um apocalipse — Foto: Bulgac/Getty Images](https://cdn.statically.io/img/s2-epocanegocios.glbimg.com/KFEQpSmthKcDfyhOi1O6GXnFTTs=/0x0:2190x1369/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_e536e40f1baf4c1a8bf1ed12d20577fd/internal_photos/bs/2024/D/r/da46vGRzCBDwZZ9pzQJg/epoca-ia-humanidade.jpeg)
Eliezer Yudkowsky, pesquisador norte-americano especialista em inteligência artificial e fundador do Machine Intelligence Research Institute em Berkley, na Califórnia, diz acreditar que a humanidade será destruída por inteligências artificiais autossuficientes. "Temos uma chance mínima de sobreviver", afirma ele em entrevista para o The Guardian.
Embora o acadêmico já tenha contribuído para o desenvolvimento de modelos de inteligência artificial, hoje ele crê que esses mesmos modelos que ajudou a criar poderão se tornar tecnologias super-inteligentes que a humanidade não conseguirá deter.
Elas poderão se tornar algo como “uma civilização alienígena que pensa milhares de vezes mais rápido do que nós”, disse Yudkowsky ao jornal inglês, e com uma "abrangência de pensamentos tão grande que vai ser difícil a humanidade desarmar ou parar, se um dia for preciso", acrescentou.
O fim da humanidade causado pelas IAs, segundo ele, está mais próximo do que imaginamos. “Tenho a sensação de que o nosso tempo de vida restante está mais próximo dos 5 anos do que dos 50. Pode ser daqui a dois anos, ou 10”. Em uma carta aberta publicada na revista Time, ele sugere destruir as fazendas de computadores onde as inteligências artificiais são desenvolvidas e treinadas e, inclusive, bombardear esses locais.
Yudkowsky é o mais pessimista dos pesquisadores e pensadores de inteligência artificial consultados pelo The Guardian na reportagem, que fala sobre as preocupações (não necessariamente existenciais) que personalidades têm em relação à IA.
Outros pensadores têm preocupações menos pessimistas
Recuperando o termo “ludista”, que denomina os ativistas ingleses que, no século 19, destruíam máquinas nas indústrias para demandar melhores direitos trabalhistas, Nick Hilton, apresentador do podcast “The Neo Ludd Radio Hour”, se identifica como ludista por temer as consequências da inserção das inteligências artificiais no mercado de trabalho.
Molly Crabapple, uma artista que compartilha desse pensamento de Hilton, também destaca as implicações socioeconômicas da IA. “A tecnologia não é algo que foi criado por um deus no céu, que tem os nossos interesses em mente. O desenvolvimento tecnológico é baseado em dinheiro, poder e geralmente voltado para os interesses de quem está no poder, e não para o benefício de quem não é poderoso”, ela disse ao Guardian.
Apesar de trabalhar diariamente usando tecnologias e computadores, Hilton percebe sofrer de uma ansiedade gerada pelo rápido desenvolvimento tecnológico. Esse sintoma do ludista foi identificado e concebido pela primeira vez pelo pesquisador Jathan Sadowski, especializado em economia política e nos impactos econômicos de sistemas digitais baseados em dados, em redes e em automações.
“[Essas tecnologias] não vão substituir o primeiro-ministro pelo ChatGPT ou o chefe do Banco da Inglaterra pelo Bard (...), mas irão cortar uma fatia de pessoas do mercado de trabalho”, afirmou Hilton em seu podcast.
*Sob supervisão de Louise Bragado.