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Por Louise Bragado, Época NEGÓCIOS


Tijana Jankovic,  vice-presidente global de Negócios do Rappi — Foto: Divulgação
Tijana Jankovic, vice-presidente global de Negócios do Rappi — Foto: Divulgação

"A nossa estratégia se chama Brasil. É o nosso principal investimento, a nossa maior ambição e prioridade neste ano", diz Tijana Jankovic, Vice-Presidente Global de Negócios do Rappi, em entrevista a Época NEGÓCIOS. A executiva assumiu o cargo há cerca de duas semanas, depois de atuar durante dois anos como CEO da companhia no país. Na nova posição, Tijana passa a trabalhar diretamente com Sebastian Mejia, um dos fundadores do aplicativo de entregas — no momento, ela ainda atua como CEO local interina, até a chegada do profissional que vai assumir sua antiga vaga.

Presente também na Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Peru e Uruguai, o Rappi consolidou todos esses países em uma unidade de negócios hispânica, e, de forma estratégica, deixou o Brasil em outra, dada a relevância do país para a plataforma. Agora, prepara-se para consolidar alguns movimentos por aqui.

A compra da Box Delivery, anunciada em abril — maior aquisição da história do Rappi, de valor não divulgado — trouxe para a companhia um modelo de negócio complementar, já que a Box atua no "atacado" de entregas, no segmento B2B.

"A Box aproveitou um espaço que existia no mercado, que era fazer a intermediação da logística, principalmente para restaurantes, e vem executando sua missão com excelência e fidelidade dos clientes. Além disso, é uma marca muito amada pelos entregadores parceiros, o que é extremamente importante para a gente nesse momento. Traz valor para o Rappi como um todo", diz Tijana.

Não há planos imediatos de novas compras — a companhia não tem histórico de grandes aquisições —, mas estas não estão descartadas. "Não nos vejo comprando empresas simplesmente para adquirir market share. Seria um desvio cultural grande", diz a executiva. "Por outro lado, estamos num momento de mercado em que o M&A vai acelerar. E existem várias empresas no mercado que podem ser complementares à nossa. Estamos sempre de olho", completa.

Fidelizar o usuário

O Rappi pretende anunciar em breve novidades para os usuários Prime - programa de assinaturas que oferece descontos, bônus e outras vantagens. A executiva não deu detalhes, mas adiantou que os novos benefícios estão relacionados a viagens e acúmulo de milhas, além de parcerias com algumas operadoras de cartão de crédito. "O RappiPrime é a nossa proposta de valor central no Brasil. O usuário entende muito bem e gosta", diz Tijana.

O objetivo da companhia é fazer com que o programa seja reconhecido pelos consumidores como uma comunidade para pessoas com estilo de vida e interesses parecidos. "Desde o ano passado, a gente quer elevar o Prime para uma relação mais emocional com a marca. A própria identidade de marca do programa é um pouco diferente, preta com rosa, lembrando um cartão de crédito platinum", afirma. "Porque queremos agregar serviços que não têm exatamente a ver com o ecossistema Rappi, mas que nascem de interesses em comum", diz.

Ela cita como exemplo o acesso a serviços como academias, streaming, descontos no aluguel de carros e cashback em produtos como as cápsulas de Nespresso. De todos os usuários do Rappi, cerca de metade já assinam o serviço Prime, diz a empresa. Esses clientes são responsáveis por 75% do total de pedidos feitos na plataforma.

Expansão no segmento de restaurantes

A Rappi também quer expandir as entregas de restaurantes — segmento ainda liderado pelo iFood, que dominava 83% do mercado de delivery de refeições no Brasil em 2021, segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

Um acordo firmado entre o iFood e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em fevereiro deste ano, no entanto, deve abrir espaço para outras plataformas. O Rappi liderou a petição, da qual participaram outras 40 empresas, que resultou no acordo.

O acordo prevê, entre outros tópicos, que o iFood mantenha seu volume de vendas atrelado a parceiros exclusivos em 25%. Além disso, redes com mais de 30 restaurantes não poderão ter contrato de exclusividade. Contratos já feitos devem ser destituídos até o fim do mês de setembro.

"A decisão foi feita de uma forma bem técnica, com grande entendimento da dinâmica do mercado e detalhamento de diferentes aspectos. Estamos otimistas quanto aos resultados", diz Tijana.

Regulamentação dos serviços de entrega

"Muita gente acha que as empresas de delivery não querem ser reguladas, o que não é verdade", diz Tijana. "Ninguém está confortável com a ausência completa de regulação, ou com uma regulação que não tenha nada a ver com o negócio", diz.

Ela vê como positivo o movimento de regularização, mas com resslavas. "Acredito que a regulamentação precisa se adequar à natureza dos serviços que os entregadores parceiros fornecem, ao relacionamento com as diferentes empresas com as quais eles colaboram e às proteções e benefícios que o profissional mais preza no momento."

Ela cita como exemplo negativo a Espanha. "Naquele país, decidiram aplicar ao delivery as mesmas regras que se aplicam nos mercados tradicionais. Não deu certo para ninguém, nem para o governo, nem para os entregadores", afirma.

Sem pressa

Na plataforma que quer ser reconhecida como o aplicativo de entregas mais rápido do Brasil, criou-se também uma opção que vai na direção contrária. A alternativa "sem pressa" é direcionada àqueles usuários que não se importam de esperar, desde que consigam um melhor preço. Há descontos na compra dos produtos — em média de R$ 7 por pedido, informa Tijana.

"Penso que 2022 foi o ano da velocidade, e agora em 2023 vamos complementar isso com uma outra visão, a de encontrar o usuário exatamente no momento em que ele está. Em alguns momentos, você vai querer preço, em outros, rapidez", diz. Atualmente, o Rappi está presente em 100 cidades brasileiras.

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