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Se você é usuário do Instagram ou Facebook, é capaz que já tenha visto ou publicado algum post com ajuda da inteligência artificial (IA); muitas vezes, sem saber. É que a tecnologia está presente em filtros e ferramentas de edição que alteram imagem e voz — mesmo que seja apenas um retoque na maquiagem em um vídeo com conteúdo autoral. Ou seja, ao lançar mão de um programa para editar foto pode ser que esteja usando um recurso de IA; e consequentemente, o post passa ter a tecnologia embarcada e é detectada pelas redes sociais.
Para identificar ao público o uso, a Meta, dona das duas plataformas, inseria um carimbo de “Feito com IA”. Mas a companhia “descobriu que seus rótulos baseados em indicadores nem sempre estavam alinhados com as expectativas das pessoas e nem sempre forneciam contexto suficiente”, diz, em nota. Por isso, decidiu trocar a comunicação em seus aplicativos para “Informações de IA”.
Atualmente, a Meta pode rotular imagens de empresas como Google, OpenAI, Microsoft, Adobe, Midjourney e Shutterstock, à medida que elas implementem seus planos de adicionar metadados às imagens produzidas por suas ferramentas. Metadados são dados estruturados para explicar as informações ali contidas.
Queixas de usuários e alerta da UE
Usuários das plataformas já tinham se queixado ao Valor sobre o "carimbo". É que, dependendo do contexto da postagem, o rótulo ‘Feito por IA’ pode diminuir o engajamento de seguidores que entenderem, erroneamente, que se trata de algo produzido por robôs de IA generativa, como ChatGPT. De qualquer forma, se houver erro na rotulagem, o usuário deve entrar em contato com a rede social para prestar uma queixa.
A mudança da Meta ocorre no mesmo dia em que a ‘big tech’ foi alertada pela União Europeia sobre o seu modelo de assinatura sem anúncios no Facebook e no Instagram, embora não seja clara a alternativa oferecida pelos reguladores para resolver esse impasse.
Lei dos Mercados Digitais
Segundo os reguladores, a política de “pagar ou consentir” entra em conflito com a Lei dos Mercados Digitais, pois “força os usuários a consentir a entrega dos seus dados pessoais”. Se a pessoa opta por usar os serviços sem pagar, significa que está dando permissão para a Meta usar os seus dados.
A ação da UE é um passo preliminar; eventuais multas por violações podem chegar a 10% da receita anual global ou 20% em casos de violações repetidas.
Este não foi o primeiro alerta da UE. Na semana passada, o regulador emitiu um comunicado semelhante contra a Apple, indicando que a fabricante do iPhone deve permitir que os desenvolvedores de aplicativos orientem os usuários para negócios e ofertas mais baratas fora da App Store, a fim de alinhar-se com as regras.
Outras plataformas
Desde o ano passado, o TikTok, rede social da gigante chinesa ByteDance, também insere rotulagem automática que indica uso de IA em posts.
Em maio, a plataforma expandiu o carimbo para IA criada em outras plataformas, lançando a capacidade de ler Content Credentials, uma tecnologia da Coalition for Content Provenance and Authenticity (C2PA).
Essas credenciais anexam “metadados” ao conteúdo — imagens e vídeos, e, em breve, chegará a áudios —, que podem ser usados para reconhecer e rotular instantaneamente o que for gerado por inteligência artificial.
O Kwai, por sua vez, indicou que está desenvolvendo um sistema de rotulagem de vídeos produzidos com IA veiculados no aplicativo, que será lançado em breve.
‘Ocupado, por favor, volte mais tarde’
“A empresa reforça que está comprometida em promover um ambiente digital seguro e que o investimento nesse novo sistema visa tornar mais ágeis os mecanismos de segurança e moderação da plataforma, que atuam 24 horas por dia, 7 dias por semana”, afirma a companhia, em nota.
Procurado por e-mail, o X, ex-Twitter, respondeu apenas: ‘ocupado, por favor, volte mais tarde’.
