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Infelizmente para mim e meus irmãos, nossos pais se foram cedo: ele com 58 e ela com 65 anos. Ele sofreu um ataque fulminante no coração e ela teve um câncer que a levou em três meses. Na maioria das famílias, porém, pais, tios e avós envelhecem e, quase sempre, vão precisar de cuidados especiais no fim da vida. A esse mecanismo, formal ou informal, remunerado ou não, envolvendo zelar pelo bem-estar de idosos, de crianças e de empregados (os benefícios) deu-se o nome de Economia do Cuidado. Somente nos Estados Unidos, ela movimenta US$ 648 bilhões por ano. O dado é do estudo The Future of the Care Economy, publicado no final do mês passado pelo Centre for the New Economy and Society do Fórum Econômico Mundial.
“O cuidado é um componente fundamental da vida social e econômica, graças ao qual podemos comparecer ao trabalho, à escola e participar plenamente da vida comunitária”, escreveu Kim Piaget em seu perfil do LinkedIn, especialista em diversidade, que liderou uma equipe de 20 pesquisadores de várias instituições na difícil tarefa de estimar o tamanho da economia do cuidado no mundo. Na América Latina, segundo o relatório, o valor econômico dos cuidados não remunerados é estimado entre 15,7% e 24,2% do PIB regional, rivalizando com o tamanho do setor industrial. Globalmente, representa 9% da soma do PIB de todas as nações.
A Economia do Cuidado, segundo os pesquisadores, ganhou visibilidade com a pandemia e estaria agora “no topo da agenda global”. Os pesquisadores lembram que, em 2022, o Fórum Econômico Mundial alertou que o investimento em empregos sociais, especialmente naqueles voltados aos cuidados remunerados, pode impulsionar o PIB, criar empregos de qualidade e promover a mobilidade social. Nos Estados Unidos, estimou-se que um investimento de US$ 1,3 bilhão na economia do cuidado seria capaz de gerar 10 milhões de empregos diretos e 1 milhão em outros setores.
Considerando o crescimento da população mundial (seremos 8,5 bilhões até 2030) e o envelhecimento generalizado dela (o percentual de pessoas com mais de 60 anos aumentará 40% até lá), a demanda por cuidados não vai parar de crescer. Na verdade, o documento calcula que 2,3 bilhões de pessoas precisarão de cuidados no final desta década. Haja profissionais para atender a todos. Atualmente, já são 249 milhões de mulheres e 132 milhões de homens - e a demanda deve crescer 80%. O Bureau of Labor Statistics dos EUA estima que, só em saúde domiciliar, serão criados um milhão de empregos até 2030. “Os benefícios que a economia do cuidado pode oferecer tanto ao crescimento econômico como ao bem-estar social fazem dela um catalisador para a prosperidade”, concluem os pesquisadores do Fórum Econômico Mundial. Se eu estivesse começando minha vida profissional agora, não teria dúvidas onde trabalhar.
*Maria Tereza Gomes é jornalista, mestre em administração de empresas pela FEA-USP, CEO da Jabuticaba Conteúdo e mediadora do podcast “Mulheres de 50”