Arquitetura

Por Marina Dias Teixeira — de Veneza, Itália


Ao lado de descarbonização, decolonização é uma das palavras-chaves por trás de The Laboratory of the Future (Laboratório do Futuro, em tradução livre), principal exposição da Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, cuja 18ª edição, sob a curadoria de Lesley Lokko, acontece até 26 de novembro. "Pela primeira vez, os holofotes recaíram sobre a África e a diáspora africana, aquela cultura fluida e emaranhada de descendentes de africanos que agora se espalha pelo globo", celebra a arquiteta ganense à Casa Vogue.

O Pavilhão dos Países Nórdicos é fruto de uma pesquisa de 15 anos conduzida pelo artista e arquiteto Joar Nango — Foto: Matteo de Mayda/Divulgação
O Pavilhão dos Países Nórdicos é fruto de uma pesquisa de 15 anos conduzida pelo artista e arquiteto Joar Nango — Foto: Matteo de Mayda/Divulgação

A curadoria perseguiu – e alcançou – o objetivo de apresentar uma história polifônica e, portanto, mais completa da arquitetura, campo no qual "a voz dominante tem sido historicamente singular e exclusiva, cujo alcance e poder ignoram grandes áreas da humanidade – financeiramente, criativamente, conceitualmente – como se estivéssemos ouvindo e falando apenas uma língua."

Além da mostra principal e do premiado Pavilhão do Brasil, diversas representações nacionais apresentam projetos que discutem a fundo a decolonização – um movimento que se faz cada vez mais urgente e necessário para imaginar e construir futuros possíveis. A seguir, confira as propostas que mais se destacaram:

Infraestruturas Utópicas: O Campo de Basquete Campesino (México)

O pavilhão mexicano idealizado pelos curadores Mariana Botey e APRDELESP — Foto: Marco Zorzanello/Divulgação
O pavilhão mexicano idealizado pelos curadores Mariana Botey e APRDELESP — Foto: Marco Zorzanello/Divulgação

O pavilhão mexicano toma a forma de um campo de basquete em escala real, "um espaço privilegiado para processos poli e plurivalentes de decolonização em comunidades indígenas do México". Os curadores Mariana Botey e APRDELESP pesquisam como os campos, criados durante as Reformas Agrárias dos anos 1930 como parte do desenvolvimento de comunidades agrícolas no país, se distanciaram de seu propósito original – lazer e esporte – tornando-se terreno fértil para a construção de processos políticos, sociais e culturais. Adaptado em palco para festivais, danças, shows, assembleias, centros médicos e mercados, o campo é a "unidade de construção sobre a qual as utopias indígenas constroem culturas de resistência".

Girjegumpi: A Biblioteca de Arquitetura Sámi (Países Nórdicos – Finlândia, Noruega e Suécia)

Pavilhão dos Países Nórdicos, curado por Joar Nango — Foto: Matteo de Mayda/Divulgação
Pavilhão dos Países Nórdicos, curado por Joar Nango — Foto: Matteo de Mayda/Divulgação

O projeto dos Países Nórdicos é fruto de uma pesquisa de 15 anos conduzida pelo artista e arquiteto Joar Nango, a fim de compor um arquivo de mais de 500 livros focados em temáticas relevantes para a arquitetura indígena. Nesse contexto, o pavilhão oferece um lugar de encontro para discutir as práticas de arquitetura e design ancestrais do povo Sámi, originário da região nórdica. "A importância da colaboração, das técnicas de construção e a utilização de recursos em condições climáticas em rápida evolução, o aproveitamento circular e de aspecto local na escolha dos materiais, assim como abordagens sensíveis em respeito à paisagem e a natureza" são alguns dos valores indígenas resgatados por Girjegumpi – "biblioteca", na língua Sámi.

Dancing Before the Moon (Reino Unido)

Pavilhão do Reino Unido, com curadoria de Jayden Ali, Joseph Henry, Meneesha Kellay e Sumitra Upham — Foto: Marco Zorzanello/Divulgação
Pavilhão do Reino Unido, com curadoria de Jayden Ali, Joseph Henry, Meneesha Kellay e Sumitra Upham — Foto: Marco Zorzanello/Divulgação

Com curadoria de Jayden Ali, Joseph Henry, Meneesha Kellay e Sumitra Upham, Dancing Before the Moon mostra como os rituais comunitários, práticas culturais e tradições das diásporas da Ásia do Sul, África e Caribe – entre outras presentes no Reino Unido – têm impacto sobre as áreas construídas, e como podem moldar o futuro da arquitetura britânica. Com obras de Yussef Agbo-Ola, Mac Collins, Shawanda Corbett, Madhav Kidao, Sandra Poulson, Oscar Worldpeace e Fredwave, o pavilhão recebeu uma menção especial do júri "pela estratégia curatorial e pelas propostas de design que celebram a potência dos rituais cotidianos como formas de resistência e práticas espaciais em comunidades diaspóricas".

Unsettling Queenstown (Austrália)

Pavilhão da Austrália idealizado por Anthony Coupe, Julian Worral, Emily Paech, Ali Gumillya e Sarah Rhodes — Foto: Matteo de Mayda/Divulgação
Pavilhão da Austrália idealizado por Anthony Coupe, Julian Worral, Emily Paech, Ali Gumillya e Sarah Rhodes — Foto: Matteo de Mayda/Divulgação

Já o projeto assinado pelos diretores criativos Anthony Coupe, Julian Worral, Emily Paech, Ali Gumillya e Sarah Rhodes reflete sobre colonialismo e extrativismo por meio das Queenstown – cidades coloniais espalhadas por todo o ex-império britânico. Unsettling Queenstown reúne teoria e práxis decoloniais, entrelaçando elementos de lugares reais e contornos da inteligência arquitetônica atual à pesquisa para contribuir para o Laboratório do Futuro de Veneza. No meio do pavilhão uma instalação multissensorial incorpora o fantasma da arquitetura colonial, enquanto as paredes do espaço expositivo traçam exercícios de "demapeamento" que visam enfrentar o apagamento da Nação Aborígene pelos processos de colonização.

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