Casas

Por Lúcia Gurovitz


O terreno em aclive em meio à Mata Atlântica preservada determinou a distribuição da planta em cinco andares: o living envidraçado ocupa o mais alto, no ponto ideal para a contemplação da paisagem, e, logo abaixo, resguardados por muxarabis de cumaru, produzidos pela Oficina de Marcenaria, ficam os pavimentos dos quartos e dos cômodos de serviço – a construção foi executada pela Mareô — Foto: Fran Parente
O terreno em aclive em meio à Mata Atlântica preservada determinou a distribuição da planta em cinco andares: o living envidraçado ocupa o mais alto, no ponto ideal para a contemplação da paisagem, e, logo abaixo, resguardados por muxarabis de cumaru, produzidos pela Oficina de Marcenaria, ficam os pavimentos dos quartos e dos cômodos de serviço – a construção foi executada pela Mareô — Foto: Fran Parente

A história deste refúgio começou há 15 anos: logo após o nascimento do terceiro filho, o casal de empresários Jacob e Verônica Cattan decidiu comprar um terreno na Praia de Iporanga, no Guarujá. “Já frequentávamos o condomínio e adorávamos a natureza da região”, conta Verônica. Para a família, na época com três crianças pequenas, o trajeto curto era uma vantagem – apenas 120 km separam o local e a capital paulista, onde moram.

No living, a transparência das esquadrias, fornecidas pela Mado, garante a conexão com a paisagem, enquanto as superfícies revestidas de madeira levam a linguagem utilizada na fachada para os interiores, a exemplo do forro ripado de freijó, produzido pela Plancus – o layout do mobiliário, voltado para o centro do ambiente, favorece os momentos de encontro e reúne sofás confeccionados pela Jocal, com capas de linho da JRJ, poltrona de ratã da Amazônia Móveis, aparador, baú, mesas lateral e de centro de perobinha de demolição, encomendados a um marceneiro de Tiradentes, MG, e, ao fundo, dupla de poltronas Gray 07, design Paola Navone para a Gervasoni, na Casual Móveis, repaginadas com lona da EcoSimple, tudo distribuído sobre tapete impermeável da Clatt — Foto: Fran Parente
No living, a transparência das esquadrias, fornecidas pela Mado, garante a conexão com a paisagem, enquanto as superfícies revestidas de madeira levam a linguagem utilizada na fachada para os interiores, a exemplo do forro ripado de freijó, produzido pela Plancus – o layout do mobiliário, voltado para o centro do ambiente, favorece os momentos de encontro e reúne sofás confeccionados pela Jocal, com capas de linho da JRJ, poltrona de ratã da Amazônia Móveis, aparador, baú, mesas lateral e de centro de perobinha de demolição, encomendados a um marceneiro de Tiradentes, MG, e, ao fundo, dupla de poltronas Gray 07, design Paola Navone para a Gervasoni, na Casual Móveis, repaginadas com lona da EcoSimple, tudo distribuído sobre tapete impermeável da Clatt — Foto: Fran Parente

O nome do arquiteto a quem desejavam entregar o projeto, porém, estava guardado em memórias de lugares mais distantes. “Viajamos para Trancoso, na Bahia, diversas vezes e sabíamos que nossas construções favoritas no vilarejo eram assinadas por David Bastos”, diz a empresária. “Queríamos uma casa de fim de semana que reproduzisse aquele clima, com muita madeira e espaços ao mesmo tempo sofisticados e descontraídos”, completa. Quando o casal resolveu procurá-lo, o profissional baiano estava prestes a abrir seu escritório em São Paulo, o que facilitou ainda mais a aproximação.

“Posicionei a área social no alto da casa, onde está a melhor vista, e trabalhei com grandes planos de vidro. Na minha arquitetura, o olhar vaza as paredes”
— David Bastos
Observado por este ângulo, o solário com vista para o mar parece flutuar graças ao caráter discreto dos elementos estruturais, enquanto, no andar de baixo, a integração do living com a piscina é total quando as portas de correr estão abertas — Foto: Fran Parente
Observado por este ângulo, o solário com vista para o mar parece flutuar graças ao caráter discreto dos elementos estruturais, enquanto, no andar de baixo, a integração do living com a piscina é total quando as portas de correr estão abertas — Foto: Fran Parente

David e os proprietários se entenderam bem logo de início, e essa harmonia foi fundamental para que todos encarassem com leveza e paciência o que viria a seguir: oito anos de espera até a aprovação do projeto na prefeitura. “Aconteceram mudanças de legislação no meio do caminho. David precisou refazer os desenhos em duas ou três ocasiões para atender a novas exigências que surgiram”, lembra Verônica. “Na hora em que finalmente obtivemos a licença para construir, ficamos muito felizes e a obra fluiu.”

O pilar de concreto foi deslocado da extremidade do pavimento, permitindo a criação de uma quina de vidro, o que torna o visual da fachada mais leve – o canto de jogos é composto por mesa Canela, design Fernando Prado para a Dpot, cadeiras da Amazônia Móveis com capas de lona da EcoSimple e luminária de piso da Lightworks — Foto: Fran Parente
O pilar de concreto foi deslocado da extremidade do pavimento, permitindo a criação de uma quina de vidro, o que torna o visual da fachada mais leve – o canto de jogos é composto por mesa Canela, design Fernando Prado para a Dpot, cadeiras da Amazônia Móveis com capas de lona da EcoSimple e luminária de piso da Lightworks — Foto: Fran Parente

A essa altura, a ideia de buscar inspiração em Trancoso já havia sido substituída por outra proposta, menos rústica e mais adequada ao aclive do terreno e às restrições ambientais, que permitem ocupar somente um pequeno trecho do solo. “Segui o conceito de uma casa na árvore, dividida em patamares e inserida na mata, na qual você sobe em direção à vista”, explica o arquiteto. De baixo para cima, o térreo abriga a garagem; depois, no primeiro andar, ficam os acessos à escada e ao elevador, e, no segundo, cozinha, lavanderia e home theater.

Na sala de jantar, o piso de granito Branco Itaúnas, da Mont Blanc Mármores, segue sem desníveis até a área gourmet, ressaltando a continuidade entre os espaços – no décor, cadeiras Gana, da Franccino Giardini, feitas de corda náutica e tecido resistente à umidade, e luminária Canoa, da Lightworks — Foto: Fran Parente
Na sala de jantar, o piso de granito Branco Itaúnas, da Mont Blanc Mármores, segue sem desníveis até a área gourmet, ressaltando a continuidade entre os espaços – no décor, cadeiras Gana, da Franccino Giardini, feitas de corda náutica e tecido resistente à umidade, e luminária Canoa, da Lightworks — Foto: Fran Parente

O pavimento seguinte engloba cinco suítes, quatro para a família (os filhos, hoje, têm 19, 18 e 15 anos) e uma para hóspedes, e, na sequência, vem a ala social, composta por living, piscina e cozinha gourmet externa, totalizando 660 m² de área construída. Um solário na cobertura arremata o projeto e oferece um lugar de contemplação. Mas não é necessário chegar até ele para se sentir em sintonia com a paisagem. “Como usei bastante vidro, a vegetação está presente na casa inteira”, pontua David.

A extensa área envidraçada da fachada possibilita apreciar o perfil escultural da escada metálica que concentra a circulação entre os andares, produzida pela Oficina de Marcenaria — Foto: Fran Parente
A extensa área envidraçada da fachada possibilita apreciar o perfil escultural da escada metálica que concentra a circulação entre os andares, produzida pela Oficina de Marcenaria — Foto: Fran Parente
No entorno da piscina, para preservar o visual clean e evitar o uso de grelhas de escoamento, o revestimento de granito está elevado do chão e a drenagem acontece por pequenas frestas entre as placas – as espreguiçadeiras vieram da casa dos proprietários em São Paulo e ganharam a companhia de sofá da Taúna com tecido da Sunbrella, na Regatta Tecidos, e de pufes da Nani Chinellato, ao fundo — Foto: Fran Parente
No entorno da piscina, para preservar o visual clean e evitar o uso de grelhas de escoamento, o revestimento de granito está elevado do chão e a drenagem acontece por pequenas frestas entre as placas – as espreguiçadeiras vieram da casa dos proprietários em São Paulo e ganharam a companhia de sofá da Taúna com tecido da Sunbrella, na Regatta Tecidos, e de pufes da Nani Chinellato, ao fundo — Foto: Fran Parente

Em alguns ambientes, a transparência é opcional, pois existe um jogo de esconde e revela proporcionado pelos muxarabis. “O andar dos quartos corria o risco de ficar devassado, uma vez que está visível para quem circula pelo condomínio”, diz o arquiteto. Nesse pavimento, assim como no de serviço, a estrutura instalada na fachada tem a parte inferior fixa, e a superior, retrátil, possibilitando abertura ampla. Além de trazer privacidade, esse elemento da arquitetura coloca a madeira em destaque – como sonhavam Jacob e Verônica. “Ele cria o efeito de camuflagem na mata e aumenta a sensação de que a casa está integrada à natureza”, descreve David.

“A proximidade com a natureza responde por grande parte do charme e da beleza da casa. Fora isso, realizamos o objetivo de ter espaços confortáveis, práticos e que usamos de verdade”
— Verônica Cattan
Na suíte do casal, a parte fixa do muxarabi funciona como guarda-corpo e assegura a privacidade, uma vez que os vãos entre as réguas só permitem a visão de dentro para fora – no décor do ambiente, poltrona Xangai, da Amazônia Móveis, almofada na Dpot Objeto, peseira e porta-travesseiros do Estúdio Avelós e cabeceira desenhada por David Bastos, que acomoda a arandela de cobre da Lightworks — Foto: Fran Parente
Na suíte do casal, a parte fixa do muxarabi funciona como guarda-corpo e assegura a privacidade, uma vez que os vãos entre as réguas só permitem a visão de dentro para fora – no décor do ambiente, poltrona Xangai, da Amazônia Móveis, almofada na Dpot Objeto, peseira e porta-travesseiros do Estúdio Avelós e cabeceira desenhada por David Bastos, que acomoda a arandela de cobre da Lightworks — Foto: Fran Parente
Detalhe do rack da sala de TV, também criação do arquiteto, acompanhado por tapete de algodão da Clatt e cesto na Dpot Objeto — Foto: Fran Parente
Detalhe do rack da sala de TV, também criação do arquiteto, acompanhado por tapete de algodão da Clatt e cesto na Dpot Objeto — Foto: Fran Parente
Um tronco da Tora Brasil deu origem à bancada do lavabo – a escultura de peixe no piso é da Divino’s Trancoso — Foto: Fran Parente
Um tronco da Tora Brasil deu origem à bancada do lavabo – a escultura de peixe no piso é da Divino’s Trancoso — Foto: Fran Parente

Quase no término da construção, que durou dois anos, a arquiteta Marina Salles entrou em cena para finalizar a decoração. “Escolhi um mobiliário que prioriza o conforto e a praticidade, feito de materiais resistentes e fáceis de manter”, afirma. Segundo ela, a intenção era deixar os proprietários à vontade para usar todos os espaços sem preocupação. “É uma família que gosta de estar junta e receber amigos, então distribuí os móveis de modo a favorecer o convívio”, explica. Verônica garante que deu certo. “A casa vive cheia”, comemora a proprietária.

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