Apartamentos

Por Lara Muniz


No living, da esq. para a dir., a escultura-tanque da série Aquilo Que Circula Emerge (2021), de Armarinhos Teixeira, faz companhia a obras de artistas representados pelo instituto Iadê, a começar pela tela de Andreia Falqueto e, na parede perpendicular, ilustração de Ana Abade, escultura de Sérgio Gurgel (acima do pórtico), dois quadros de Nelly Gutmacher – as esculturas de inox tubular, a obra pendurada no vão da porta e a escultura de aço inox e algodão da série Colônia e Escultura, sobre o carrinho de chá, têm a assinatura de Armarinhos — Foto: Filippo Bamberghi
No living, da esq. para a dir., a escultura-tanque da série Aquilo Que Circula Emerge (2021), de Armarinhos Teixeira, faz companhia a obras de artistas representados pelo instituto Iadê, a começar pela tela de Andreia Falqueto e, na parede perpendicular, ilustração de Ana Abade, escultura de Sérgio Gurgel (acima do pórtico), dois quadros de Nelly Gutmacher – as esculturas de inox tubular, a obra pendurada no vão da porta e a escultura de aço inox e algodão da série Colônia e Escultura, sobre o carrinho de chá, têm a assinatura de Armarinhos — Foto: Filippo Bamberghi

Coleções cultivadas com calma – de arte, de livros, de amigos – são as mais bonitas. Foram pensamentos assim que deram início à relação entre a arquiteta Juliana Lima Vasconcellos e o casal Adriana Bianchi e Armarinhos Teixeira. “Nem chego a dizer que fizemos um projeto para o apartamento, seria algo mais próximo de uma consultoria que se repete de tempos em tempos, porque as coisas lá estão sempre em processo de mudança”, revela Juliana. O impacto visual de um apartamento-galeria parece forte num primeiro momento, mas, dada a história dos moradores, fica difícil pensar em outra forma de viver. “Os dois têm um olhar maduro para a arte e o design e trabalhar em conjunto numa parceria dessas se torna algo muito satisfatório”, avalia a arquiteta.

Armarinhos e Adriana ocupam outra sala repleta de obras do morador e peças de mobiliário garimpadas pelo casal, entre as quais a luminária dourada de piso do Studio Dominici, a escultura de cervo Antes dos Hominídeos (sobre a mesa) e o quarteto de telas na parede à esq., tudo de Armarinhos Teixeira – na parede do fundo, quadros de Carlos Mélo e Renato Valle — Foto: Filippo Bamberghi
Armarinhos e Adriana ocupam outra sala repleta de obras do morador e peças de mobiliário garimpadas pelo casal, entre as quais a luminária dourada de piso do Studio Dominici, a escultura de cervo Antes dos Hominídeos (sobre a mesa) e o quarteto de telas na parede à esq., tudo de Armarinhos Teixeira – na parede do fundo, quadros de Carlos Mélo e Renato Valle — Foto: Filippo Bamberghi
Nossa casa é lugar de descanso e aconchego, mas também de pesquisa, investigação e produção
— Adriana Bianchi

Antes mesmo de fecharem a compra do apartamento de 250 m² no bairro de Higienópolis, em São Paulo, pelos idos de 2021, as pequenas mudanças necessárias – tratamento do piso original da sala e da cozinha, assim como pintura – já estavam listadas por Juliana. A demanda principal era criar uma base para a coleção de arte, mas que não fosse necessariamente branca, cinza ou bege – ninguém ali tem medo das cores. Montar a paleta e casar o acervo de mobiliário passou, então, de trabalho a passatempo, daqueles que se fazem com gosto. A cor do tapete surgiu a partir do vermelho das poltronas de Percival Lafer, por exemplo. E aqui fazemos um desvio rápido para uma história familiar.

O tapete Kilim Fields Degradê Green, da By Kamy, concentra os itens de mobiliário no estar, como o par de poltronas caramelo Marcel PP, de Kazuhide Takahama, no Apartamento 61 – mesma loja do lustre de latão no teto –, as poltronas vermelhas MP-19, de Percival Lafer, o sofá de Joaquim Tenreiro e a mesa de centro Kaeko, de Rafic Farah – a escultura Recordário de Adão, sob a peça iridescente da coleção Taxonomia (na parede), e os nós de poliéster da série Organismo Botânico (no piso, em primeiro plano) são todos criações de Armarinhos Teixeira, que dialogam com escultura de aço inox de Yutaka Toyota (na parede ao fundo), grande tela de Francisco Delalmeida, ilustração do próprio Armarinhos Teixeira e um par de telas de Binário Armada, abaixo do qual está a cadeira Iadê, de Italo Bianchi, em processo de reedição — Foto: Filippo Bamberghi
O tapete Kilim Fields Degradê Green, da By Kamy, concentra os itens de mobiliário no estar, como o par de poltronas caramelo Marcel PP, de Kazuhide Takahama, no Apartamento 61 – mesma loja do lustre de latão no teto –, as poltronas vermelhas MP-19, de Percival Lafer, o sofá de Joaquim Tenreiro e a mesa de centro Kaeko, de Rafic Farah – a escultura Recordário de Adão, sob a peça iridescente da coleção Taxonomia (na parede), e os nós de poliéster da série Organismo Botânico (no piso, em primeiro plano) são todos criações de Armarinhos Teixeira, que dialogam com escultura de aço inox de Yutaka Toyota (na parede ao fundo), grande tela de Francisco Delalmeida, ilustração do próprio Armarinhos Teixeira e um par de telas de Binário Armada, abaixo do qual está a cadeira Iadê, de Italo Bianchi, em processo de reedição — Foto: Filippo Bamberghi
A cadeira Red and Blue, de Gerrit Rietveld, ganha status de arte junto às esculturas de Armarinhos Teixeira, da esq. para a dir., Nebulares, Aquilo Que Circula Emerge e Sem Título, que têm a companhia da tela de Diego de Santos (abaixo do friso) e da máscara de Rodrigo Almeida (acima) – no piso, outra escultura da série Aquilo Que Circula Emerge, de Armarinhos Teixeira — Foto: Filippo Bamberghi
A cadeira Red and Blue, de Gerrit Rietveld, ganha status de arte junto às esculturas de Armarinhos Teixeira, da esq. para a dir., Nebulares, Aquilo Que Circula Emerge e Sem Título, que têm a companhia da tela de Diego de Santos (abaixo do friso) e da máscara de Rodrigo Almeida (acima) – no piso, outra escultura da série Aquilo Que Circula Emerge, de Armarinhos Teixeira — Foto: Filippo Bamberghi

Adriana é neta de Italo Bianchi, fundador do instituto Iadê, criado em 1959 – por lá passaram nomes como Ricardo e Ruy Ohtake e Nelson Leirner –, e desde criança está mergulhada no universo da arte e do design. Vem daí o gosto por móveis modernistas. “Eu cursei faculdade de Artes Plásticas e em algum momento cogitei ser artista. Mas retomar o projeto original do meu avô, com sua filosofia educacional, me trouxe mais satisfação. Acredito nos artistas que eu represento hoje a ponto de ter suas obras na minha casa”, conta Adriana.

Na cozinha, o par de quadros de Antônio Poteiro (à esq.) traz cor para o ambiente, que exibe mesa da Formica, cadeiras Myto (verde), design Konstantin Grcic para a Plank, e Masters, design Philippe Starck para a Kartell, além de luminária Cabeça de Mulher, design Marcelo Cipis para a La Lampe, e escultura de cerâmica azul e branca de Emmanuelle Bernard, e outras obras de Armarinhos Teixeira – sobre a mesa, escultura de bronze, de Adriana Bianchi, e cerâmica, de Tania Fraga — Foto: Filippo Bamberghi
Na cozinha, o par de quadros de Antônio Poteiro (à esq.) traz cor para o ambiente, que exibe mesa da Formica, cadeiras Myto (verde), design Konstantin Grcic para a Plank, e Masters, design Philippe Starck para a Kartell, além de luminária Cabeça de Mulher, design Marcelo Cipis para a La Lampe, e escultura de cerâmica azul e branca de Emmanuelle Bernard, e outras obras de Armarinhos Teixeira – sobre a mesa, escultura de bronze, de Adriana Bianchi, e cerâmica, de Tania Fraga — Foto: Filippo Bamberghi
As esculturas de madeira no piso e na parede são de Eudes Mota, ao passo que a escultura de casinha feita de mármore, cercada por utilitários domésticos, é a obra Me Visite por Dentro (1998), de Armarinhos Teixeira — Foto: Filippo Bamberghi
As esculturas de madeira no piso e na parede são de Eudes Mota, ao passo que a escultura de casinha feita de mármore, cercada por utilitários domésticos, é a obra Me Visite por Dentro (1998), de Armarinhos Teixeira — Foto: Filippo Bamberghi
O projeto partiu da distribuição das obras de arte no espaço. Depois que cada uma encontrou seu lugar, o restante se acomodou ao redor
— Juliana Lima Vasconcellos

Reside aqui muito do trabalho de Juliana como arquiteta: cabe a ela filtrar e encontrar o equilíbrio entre o que é gosto pessoal e o que de fato merece ocupar as paredes do apartamento. As obras de arte aparecem reunidas até na cozinha, local de pausa e contemplação, já que para o trio não existe lugar “certo” para pendurar nada. Todo espaço é nobre, especialmente aqueles nos quais se passa mais tempo.

Detalhe do escritório revela a poltrona Construtivista, de Rodrigo Almeida, na BS Galleria, sobre o tapete Kilim Dhurry Juta Natural, da Botteh — Foto: Filippo Bamberghi
Detalhe do escritório revela a poltrona Construtivista, de Rodrigo Almeida, na BS Galleria, sobre o tapete Kilim Dhurry Juta Natural, da Botteh — Foto: Filippo Bamberghi
Em outro ângulo do escritório, figuram tela de Carlos Mélo (ao fundo) e quadro de Italo Bianchi (à esq.), avô de Adriana, fundador do Iadê e autor, também, da mesa e da cadeira de jacarandá Giovenco, originais dos anos 1960 – esculturas de diferentes fases de Armarinhos Teixeira arrematam o cenário — Foto: Filippo Bamberghi
Em outro ângulo do escritório, figuram tela de Carlos Mélo (ao fundo) e quadro de Italo Bianchi (à esq.), avô de Adriana, fundador do Iadê e autor, também, da mesa e da cadeira de jacarandá Giovenco, originais dos anos 1960 – esculturas de diferentes fases de Armarinhos Teixeira arrematam o cenário — Foto: Filippo Bamberghi
A suíte do casal leva outros trabalhos do morador – a escultura Menina Adriana Bianchi (2013), a tela Pode Esta Pintura Consolar? (2012) e o quadro Menina (2006) – além de mesa de cabeceira de Jorge Zalszupin e bufê de Geraldo de Barros, sobre o qual apoia-se a luminária Easy Lamp, de Giorgio Bonaguro — Foto: Filippo Bamberghi
A suíte do casal leva outros trabalhos do morador – a escultura Menina Adriana Bianchi (2013), a tela Pode Esta Pintura Consolar? (2012) e o quadro Menina (2006) – além de mesa de cabeceira de Jorge Zalszupin e bufê de Geraldo de Barros, sobre o qual apoia-se a luminária Easy Lamp, de Giorgio Bonaguro — Foto: Filippo Bamberghi

Tempo, aliás, revela-se uma dimensão visível no endereço. Basta notar a produção de Armarinhos Teixeira do começo dos anos 2000 ou mesmo, sobre a mesa da cozinha, uma escultura de bronze da Adriana artista, de 1991. Se os móveis estacionaram entre 1950 e 60, a arte avançou décadas adiante e exibe-se contemporânea em sua maioria. “Quem olha com atenção percebe que o apartamento guarda uma espécie de linha do tempo tanto dos trabalhos do Armarinhos quanto da história do Iadê”, pontua Juliana. Cenário poético para uma história em constante evolução.

*Matéria originalmente publicada na edição de abril de 2024 da Casa Vogue (CV460), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual, e para assinantes no app Globo Mais.

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