Apartamentos

Por Carol Scolforo | Estilo: Adriana Frattini | Fotos: Wesley Diego Emes


O living é composto por tapete marroquino, sofá Capadócia, do Arquivo Contemporâneo, mesa de estilo art nouveau, de Louis Majorelle, herdada da tia de Tite, esposa de Beto, poltrona dos anos 1950, que pertenceu à avó de Beto, cadeira de balanço na Casa Teo e escabelo (com veludo verde) no AD. Studio, de onde também é a escada de madeira – o aparador sob a TV, de pinho-de-riga, foi desenhado pelo escritório Ouriço Arquitetura e executado pela Oficina Brasileira, dupla que assina ainda a estante dos livros — Foto: Wesley Diego Emes
O living é composto por tapete marroquino, sofá Capadócia, do Arquivo Contemporâneo, mesa de estilo art nouveau, de Louis Majorelle, herdada da tia de Tite, esposa de Beto, poltrona dos anos 1950, que pertenceu à avó de Beto, cadeira de balanço na Casa Teo e escabelo (com veludo verde) no AD. Studio, de onde também é a escada de madeira – o aparador sob a TV, de pinho-de-riga, foi desenhado pelo escritório Ouriço Arquitetura e executado pela Oficina Brasileira, dupla que assina ainda a estante dos livros — Foto: Wesley Diego Emes

“Tudo neste lugar ainda é novo e, ao mesmo tempo, conhecido”, conta a proprietária, Tite Zobaran. Eis a força deste apartamento carioca, no Leblon: a quarta dimensão, o tempo, é parte fundamental da arquitetura. O novo lar criado por seu marido, o arquiteto Beto Figueiredo, para viver com ela, os filhos, Miguel e Maria Clara, e os cães, Lucky e Flor, se alimenta da história da família para relembrar sua essência.

Outro ângulo do living, de onde é possível admirar a paisagem arrebatadora, decorado com sofás Vogue, da Micasa, poltronas italianas vintage dos anos 1970, da Formanova, na Galeria Juliana Benfatti, reestofadas com veludo da Maiori Casa, na Espaço Multi, e cadeiras de Joaquim Tenreiro, tudo sobre tapete Hemp, da Isfahan – atuam como mesa de centro dois baús iranianos comprados em Londres, nos anos 1990. — Foto: Wesley Diego Emes
Outro ângulo do living, de onde é possível admirar a paisagem arrebatadora, decorado com sofás Vogue, da Micasa, poltronas italianas vintage dos anos 1970, da Formanova, na Galeria Juliana Benfatti, reestofadas com veludo da Maiori Casa, na Espaço Multi, e cadeiras de Joaquim Tenreiro, tudo sobre tapete Hemp, da Isfahan – atuam como mesa de centro dois baús iranianos comprados em Londres, nos anos 1990. — Foto: Wesley Diego Emes

Em 2022, assim que conheceu o imóvel de 200 m² erguido nos anos 1960, Beto percebeu o potencial. Na vista panorâmica estava o Morro Dois Irmãos, a praia, parte da Lagoa Rodrigo de Freitas e surpresas como o nascer do sol dourado, que depois eles descobririam juntos.

“Foi intenso projetar para mim mesmo, mas muito rápido. Em seis meses, entramos"
— Beto Figueiredo
A família posa no living: no sofá, Beto e Maria Clara com os cães Lucky e Flor, e, atrás, Tite e Miguel – sobre os baús, conjunto de chá de prata, herdado por Tite — Foto: Wesley Diego Emes
A família posa no living: no sofá, Beto e Maria Clara com os cães Lucky e Flor, e, atrás, Tite e Miguel – sobre os baús, conjunto de chá de prata, herdado por Tite — Foto: Wesley Diego Emes

A planta, compartimentada à primeira vista, logo se redesenhou na cabeça dele, tamanha foi a relação afetiva que ocorreu naquela primeira visita. Negócio fechado. Em um mês, as alterações estavam traçadas. “Foi intenso projetar para mim mesmo, mas muito rápido. Em seis meses, entramos. Não doeu colocar tudo abaixo. Estava bem detonado”, conta.

Detalhe da sala de jantar mostra o assoalho que no passado pertenceu à casa do pai de Beto e foi recuperado para o apartamento, onde recebeu paginação espinha de peixe – sobre ele, a “vitrine de memórias”, como chamam o aparador herdado da avó de Tite, hoje pintado de verde e com tampo de mármore Calacata Gold, na Realce Rio, que acomoda itens da infância do casal e de gerações anteriores — Foto: Wesley Diego Emes
Detalhe da sala de jantar mostra o assoalho que no passado pertenceu à casa do pai de Beto e foi recuperado para o apartamento, onde recebeu paginação espinha de peixe – sobre ele, a “vitrine de memórias”, como chamam o aparador herdado da avó de Tite, hoje pintado de verde e com tampo de mármore Calacata Gold, na Realce Rio, que acomoda itens da infância do casal e de gerações anteriores — Foto: Wesley Diego Emes

A reforma reposicionou ambientes, abriu um pequeno lavabo, rendeu três suítes, um closet e floreiras em algumas janelas. Um corredor com teto rebaixado ficou amplo após eliminar o gesso – afinal, de ideias de outros tempos, eles só querem as boas.

A sala de jantar recebeu luminária pendente Acítara, de Cris Bertolucci, sobre mesa de jantar da antiga loja Eurasienne, com cadeiras americanas dos anos 1950, presentes de uma tia-avó, além de ventilador de piso da Gervasoni, na Casual Móveis — Foto: Wesley Diego Emes
A sala de jantar recebeu luminária pendente Acítara, de Cris Bertolucci, sobre mesa de jantar da antiga loja Eurasienne, com cadeiras americanas dos anos 1950, presentes de uma tia-avó, além de ventilador de piso da Gervasoni, na Casual Móveis — Foto: Wesley Diego Emes

Se é complexo traduzir os desejos dos clientes de seu escritório, o Ouriço Arquitetura, para si mesmo foi uma catarse. Fez tudo por conta própria nas horas que quase nunca ficam vagas, já que comanda uma equipe de 14 pessoas.

Detalhe  da mesa de centro, presente de Arnaldo Danemberg – o carrinho de brinquedo de prata veio da avó de Tite, a caixinha Fiat Lux de seu avô e as caixas de prata, de sua mãe — Foto: Wesley Diego Emes
Detalhe da mesa de centro, presente de Arnaldo Danemberg – o carrinho de brinquedo de prata veio da avó de Tite, a caixinha Fiat Lux de seu avô e as caixas de prata, de sua mãe — Foto: Wesley Diego Emes

Feitas as mudanças estruturais, era o momento de se divertir. Beto é um talentoso contador de histórias e as exibe orgulhoso. “Há muito tempo gosto de garimpar. Tenho prazer em encontrar coisas diferentes. Em países como a França, nos mercados de antiguidades, eles apreciam quem se interessa pela história do objeto antes de perguntar o preço”, conta.

“Tento me cercar de coisas que me fazem bem. Itens da nossa infância, objetos do meu pai… há um pot-pourri da nossa vida aqui”
— Beto Figueiredo
O home office tem mesa e prateleiras desenhadas pelo Ouriço Arquitetura e produzidas pela Oficina Brasileira, sob lustre da fábrica da Philips, garimpado no Marché aux Puces, e escrivaninha japonesa, herdada da tia de Tite — Foto: Wesley Diego Emes
O home office tem mesa e prateleiras desenhadas pelo Ouriço Arquitetura e produzidas pela Oficina Brasileira, sob lustre da fábrica da Philips, garimpado no Marché aux Puces, e escrivaninha japonesa, herdada da tia de Tite — Foto: Wesley Diego Emes

Geralmente, após entender o perfil do morador e o que ele deseja para uma casa nova, Beto começa as buscas – e há algo intuitivo nelas, uma essência que atravessa os anos. “Tem uma parte do improviso final, uma desconstrução, em que nem tudo é muito pensado. É necessária a mistura de estilos, de cores, do engraçado, do antigo e do novo nesse jeito de fazer”, revela.

O quarto de Miguel tem pôsteres garimpados em viagens, luminária RL ‘67 Boom-Arm, da Ralph Lauren, comprada em Nova York, e almofadas da Linho 1 e do Marché aux Puces, mercado parisiense de antiguidades — Foto: Wesley Diego Emes
O quarto de Miguel tem pôsteres garimpados em viagens, luminária RL ‘67 Boom-Arm, da Ralph Lauren, comprada em Nova York, e almofadas da Linho 1 e do Marché aux Puces, mercado parisiense de antiguidades — Foto: Wesley Diego Emes

O conforto emocional é o que interessa nesse jogo: o jardim na sala, com jabuticabeira providenciada por Geralda Januário, da Semear Paisagismo, evoca a infância, assim como brinquedos que ele tinha quando menino são estrelas do décor, preservadíssimos. Vêm dos antepassados móveis que receberam nova chance de brilhar após restauro, como um carrinho de chá.

Na cozinha, a mesa de jantar foi presente de noivado que Beto e Tite ganharam do pai dele, enquanto os armários foram desenhados pelo Ouriço Arquitetura e produzidos pela Oficina Brasileira com bancada de mármore Branco Extra, na Realce Rio — Foto: Wesley Diego Emes
Na cozinha, a mesa de jantar foi presente de noivado que Beto e Tite ganharam do pai dele, enquanto os armários foram desenhados pelo Ouriço Arquitetura e produzidos pela Oficina Brasileira com bancada de mármore Branco Extra, na Realce Rio — Foto: Wesley Diego Emes

Também estão no lar muitos presentes recebidos ao longo dos anos, a exemplo da mesa da cozinha, dada pelo pai de Beto no noivado do casal. “Tento me cercar de coisas que me fazem bem”, afirma.

A ampla área de serviço tem armários desenhados pelo Ouriço Arquitetura e produzidos pela Oficina Brasileira, móvel com gavetinhas comprado nos anos 1990, no  antiquário Galo Vermelho, mesa Tolix francesa, pendentes trazidos da Ikea de Nova York e janelas reproduzidas como as originais do edifício.  — Foto: Wesley Diego Emes
A ampla área de serviço tem armários desenhados pelo Ouriço Arquitetura e produzidos pela Oficina Brasileira, móvel com gavetinhas comprado nos anos 1990, no antiquário Galo Vermelho, mesa Tolix francesa, pendentes trazidos da Ikea de Nova York e janelas reproduzidas como as originais do edifício. — Foto: Wesley Diego Emes

Na sala de jantar, o móvel herdado da avó de Tite foi ressignificado para conviver com os bisnetos, e se transformou em uma “vitrine de memórias”. “Máquinas fotográficas, itens da nossa infância, objetos do meu pai… há um pot-pourri da nossa vida aqui”, aponta Beto, que guarda inclusive o diploma do bisavô arquiteto, no escritório, datado de 1897.

O canto da sala exibe quadro de Marçal Athayde, na galeria Jean Boghici, luminária vintage dos anos 1950, da Jieldé, comprada no Marché aux Puces, sobre carrinho de chá (anos 1950), herdado da avó de Beto, com vaso de porcelana pintado por Rosinha Fernandes — Foto: Wesley Diego Emes
O canto da sala exibe quadro de Marçal Athayde, na galeria Jean Boghici, luminária vintage dos anos 1950, da Jieldé, comprada no Marché aux Puces, sobre carrinho de chá (anos 1950), herdado da avó de Beto, com vaso de porcelana pintado por Rosinha Fernandes — Foto: Wesley Diego Emes

Embora a maioria dos itens venha do passado, há espaço para o atual, desde que faça sentido no conjunto. “O desafio de misturar leva a um resultado diferente cada vez que a cena se refaz”, diz ele. Nesta moldura potente, a família reconhece o que os fisgou para o local. “Essa luz, o mar, a montanha, o verde… o Rio de Janeiro que adoro”, completa Tite.

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