Diversidade, arquitetura e senso de comunidade atraem designers para o Centro de São Paulo

No primeiro dia do Casa Vogue Experiencie 2023, um grupo de profissionais contou como a região da República, especialmente, se tornou um novo hub criativo na cidade

Por Nádia Simonelli


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Designers formam coletivo que ocupa o centro de São Paulo — Foto: Wesley Diego Emes

O charme da arquitetura modernista de São Paulo é o cenário para um movimento criativo que vem surgindo há alguns anos no Centro de São Paulo. Primeiro, o designer Paulo Alves decidiu sair da Vila Madalena para montar sua loja na Galeria Zarvos, em plena Avenida São Luís. Depois, Bruno Niz, morador da região, decidiu que iria apostar em uma loja na Galeria Metrópole, em frente à Zarvos. Os dois puxaram a fila de mais de uma dezena de profissionais que decidiram montar seus estúdios e showrooms por ali.

Paulo e Bruno fizeram parte de um grupo de designers, que incluiu André Carvalho, Gabriel de La Cruz, Luisa Attab e Pedro Luna, em uma roda de conversa no primeiro dia do Casa Vogue Experience 2023.

Por que o centro?

“O centro da cidade é onde tudo acontece, tudo ocorre a partir do centro”, começa Paulo, que comprou um apartamento na Avenida São Luís para, depois, decidir mudar seu endereço comercial na região. O prédio da Galeria Zarvos, projetado por Jorge Zalszupin, o encantou. ”Ficava meio escondido e, como era uma galeria dedicada à agências de viagens e isso quase não existe mais, estava meio abandonada”, conta. Ele explica que começou uma reforma no lugar durante a pandemia e estar lá deu tão certo, que depois de dois anos, resolveu alugar um espaço maior para ter uma vitrine voltada para a avenida. “Naquele pedaço da cidade temos vários prédios importantes do movimento moderno e temos que estar ali”, diz.

André conta que foi convidado por Pedro e Luisa para dividir um espaço da Galeria Metrópole e, vendo o movimento de outros designers seguirem para o mesmo endereço, resolveu topar. Já Bruno revelou que Paulo foi um grande incentivador desse movimento. “Como eu moro no centro, fazia muito sentido ter um espaço de trabalho na região”, diz. Ele chegou na Galeria Metrópole ainda durante a pandemia e estava tudo vazio. Então, levou alguns amigos, inclusive Gabriel, e, ao mesmo tempo, aconteceu a Semana de Design, o que estimulou ainda mais a ocupação.

Público assiste à mesa sobre desafios de fomentar o design nacional na região central de São Paulo — Foto: David Mazzo

A Semana de Design, aliás, foi o evento que levou Luisa até ao centro. “Num primeiro momento, não havia espaço na Galeria Metrópole para alugar, mas Bruno conseguiu articular e nos ajudou a encontrar um”, conta. Ela também explicou que foi importante alugar um espaço coletivo, em um primeiro momento, para entender o movimento das pessoas que passavam por lá.

Gabriel destaca que a ocupação do centro é um movimento coletivo, onde todo mundo trabalha um pouco em prol de algo maior. Morador da região, ele também queria estar lá profissionalmente e aproveitou a oportunidade de que os imóveis para alugar por lá tem um custo mais baixo.

Pedro, por sua vez, conta que já frequentava o centro a lazer e conhecia Gabriel e Bruno, mas ficou deslumbrado com a Semana de Design de 2023. Então, teve a felicidade de dividir o espaço com Gabriel e Luisa. “É um coletivo que agrega muito no dia a dia”, diz.

Sobre os desafios de ocupar o centro de São Paulo, Gabriel afirma que o principal deles é quebrar o estigma de que é o lugar mais perigoso da cidade. “A cidade toda tem seus perigos”. E a solução para isso está no que eles mesmos estão fazendo. “A ocupação ajuda nessa questão da segurança, eu acho que quanto mais o movimento cresce, tudo melhora ao redor”, aponta Luisa.

Em paralelo a isso, Bruno conta que eles fazem um trabalho com a subprefeitura da Sé para conseguir um efetivo maior da polícia na região. “Estamos fazendo o que dá, da nossa forma, para garantir uma experiência bacana para quem nos visita e transmitir a ideia de que o centro está vivo”, finaliza.

Casa Vogue Experience 2023
Quando: de 21 a 26 de novembro
Onde: Avenida Rebouças, 3084, Pinheiros, São Paulo/SP
Quanto: R$ 100 reais por dia ou R$ 400 o passaporte para todos os dias de evento.
Confira a programação completa aqui.

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