• 17/08/2020
  • por Nádia Simonelli
Atualizado em
Jorge Zalszupin (Foto: Filippo Bamberghi)

Jorge Zalszupin em sua casa, em São Paulo

Inspiração para muitos designers da atualidade, o polonês, naturalizado brasileiro, Jorge Zalszupin se despediu desse mundo aos 98 anos, mas sua herança criativa continuará presente entre as principais criações do design brasileiro. Sua morte foi anunciada pela filha, Veronica Zalszupin, na manhã desta segunda-feira (17).

"Hoje faleceu meu pai adorado. Faleceu o Jorge, pai maravilhoso, generoso, que me ensinou tudo da vida. Descansa em paz, pai. Sua vida foi bonita. Vá encontrar mamãe que já está te esperando. Vai ser difícil sem vocês", escreveu Veronica.

Zalszupin nasceu em Varsóvia, em 1922, e fugiu para a Romênia a fim de terminar seus estudos quando a Polônia foi invadida pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Chegou ao Brasil no Carnaval de 1949, no cais do Rio de Janeiro. Na bagagem, havia apenas uma moto com placa de Paris, frascos de perfume francês para vender e fazer algum dinheiro, seu diploma e uma revista. Os perfumes nunca foram vendidos e a moto serviu como transporte para que ele pudesse ver de perto as obras cariocas mostradas na publicação que trazia nas mãos.

CONFIRA: Jorge Zalszupin abre sua casa em SP

Em pouco tempo, o arquiteto começou a trabalhar com o conterrâneo Lucjan Korngold, em São Paulo, e sua carreira deslanchou na capital paulista. Apesar de desenvolver projetos completos, não podia assiná-los, pois não era brasileiro. Mas tudo ficou resolvido quando se casou com Annette, uma bela moça que o atendia na Livraria Francesa, onde costumava comprar livros e revistas. Após o nascimento da primeira filha, pôde se naturalizar e abrir seu próprio escritório, em 1960. Foi nessa época que desenhou a icônica poltrona Dinamarquesa.

VEJA TAMBÉM: Zalszupin ganha livro e autobiografia

Jorge Zalszupin (Foto: Ricardo Labougle )

Poltronas Dinamarquesa, revestidas com píton

Assim, para cada projeto residencial que desenvolvia, criava também todo o mobiliário, pois na época não havia onde comprar peças modernistas. Daí, seu lado designer começou a aflorar e tornou-se mais forte que o de arquiteto. Em 1959, então, fundou a icônica marca L’Atelier.

Jorge Zalszupin (Foto: Ilana Bessler)

Aparador vintage (anos 1960), da L’Atelier

Ele alugou um espaço no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista para montar seu negócio. Logo as peças criadas por Zalszupin começaram a fazer sucesso e pedidos de todo o país não paravam de chegar. Até que nos anos 1970, a marca passou para as mãos do Grupo Forsa e o designer assumiu o núcleo de criação e pesquisa.

LEIA MAIS: Cadeira de Zalszupin homenageia sua neta

Jorge Zalszupin (Foto: divulga)

Poltrona Adriana (1962), que o designer projetou em homenagem à sua neta

Já nos anos 1980, a crise econômica que abalou o país causou o fim da L’Atelier e Zalszupin deixou de trabalhar com móveis. O designer voltou-se novamente para a arquitetura, em sociedade com o arquiteto José Gugliotta. Dessa união de talentos surgiram muitos prédios e casas hoje espalhados pela cidade de São Paulo. A parceria durou até 1986 e desde então, ele começou a reduzir seu ritmo de trabalho.

Jorge Zalszupin (Foto: Ruy Teixeira)

Mesa de Jantar Guarujá (1959-1965) e poltrona Senior (1959-1969)

Além da Dinamarquesa, outra peça bastante conhecida do designer é a poltrona Cubo, que já foi destaque em uma ala do Tribunal Superior (TSE). Muitos outros itens desenvolvidos por ele, além do desenho limpo e fluido, foram batizados com nomes de seus familiares. Em 2004, a empresária Etel Carmona passou a reeditar as peças de Zalszupin e o incluiu no catálogo de sua marca, que conta com nomes ilustres do design brasileiro. Em 2017, foi o grande homenageado na primeira edição do Prêmio Casa Vogue Design. O mestre se foi, mas sua obra será eterna e presente na casa de admiradores mundo afora.

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Escrivaninha Ambassador, de jacarandá da Bahia (década de 1960)

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Banco componível com três assentos, de jacarandá da Bahia, látex e curvim (1960)

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Bufê de jacarandá da Bahia (década de 1960)

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Banqueta Capri, de ferro e jacarandá da Bahia (década de 1970)

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Bar de ferro e jacarandá da Bahia (década de 1970)

Jorge Zalszupin (Foto: divulga)

Cadeira com encosto flexível, de couro e jacarandá da Bahia (década de 1960)

 (Foto:  )

Poltrona PO 801, de jacarandá da Bahia e látex revestido com tecido (década de 1960)

 (Foto:  )

Cadeira de palha, de jacarandá da Bahia (década de 1950)

 (Foto:  )

Poltrona Ina 01, de couro e jacarandá da Bahia (década de 1960)

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Mesa de centro Pétala, de jacarandá da Bahia (década de 1960)

Jorge Zalszupin (Foto: divulgação)

Carrinho de chá, de jacarandá da Bahia, ferro e latão (década de 1950)