![A Bottega Veneta homenageou Le Corbusier com uma instalação composta por edições especiais de seu banquinho LC14 Cabanon, para a Cassina; — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/RqhttNFD-bi95PIxYDu83yLHL5Y=/0x0:3254x2000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/s/a/GbKxgnSbGlA1teLFJWZQ/bv-pr-1920x1080px-7-divulgacao.jpg)
Se por décadas a indústria da moda foi presença discreta no Fuorisalone (com Armani, Versace e poucas outras grifes), já tem anos que as grandes maisons aparecem com exposições e instalações cada vez mais aguardadas.
Em 2024, um excesso de atenção (e postagens em redes sociais) foi dedicado às mostras de empresas como Gucci, Bottega Veneta, Saint Laurent e Loro Piana, todas elas focadas em reeditar ícones do design italiano, acrescentando alguma característica própria (por exemplo, na Gucci, acabamentos na atual paleta Rosso Ancora, para peças históricas; na Bottega, versões do banquinho LC14, de Le Corbusier para a Cassina).
![A Gucci celebrou ícones do design italiano – na foto, tapete Clessidra, design Nicolò Castellini Baldissera para a CC Tapis, baseado em um padrão de Piero Portaluppi – a partir de sua nova paleta cromática — Foto: Divulgação](https://cdn.statically.io/img/s2-casavogue.glbimg.com/Ewzmy4uoSWewmP04oLlNwmWHslI=/0x0:1333x2000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_d72fd4bf0af74c0c89d27a5a226dbbf8/internal_photos/bs/2024/y/D/r71xZqSG6xL1PvLreOUA/03-ps-gucci-design-ancora-clessidra-rug-portaluppi-pattern-project-by-cc-tapis-divulgacao.jpg)
Escolheram, assim, imprimir suas marcas em algo já consagrado, em vez de investir no avanço real do campo do design, como faz uma Louis Vuitton – por acaso ausente este ano – ao chamar os maiores designers da atualidade para conceber os seus Objets Nomades.
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Salvo as boas apostas em jovens talentos globais, testemunhadas na Dolce&Gabbana e na Loewe (e em nomes reconhecidos na Fendi), o que se viu foi uma subversão do caráter democrático da Semana de Design, conhecida por abrir a multidões locais normalmente não visitáveis, substituído por eventos difíceis de acessar (agendamentos obrigatórios, longuíssimas filas, cadastros burocráticos etc.), voltados a um reduzido círculo de convidados, como os desfiles das fashion weeks. E, dentro, produtos de luxo para cada vez menos consumidores, distanciando o design do que pregava Enzo Mari (1932-2020) sobre sua atividade: “Não pense no pequeno, no sofisticado. Seja humano, faça o pouco que puder. Mas faça para todos”.
*Matéria originalmente publicada na edição de junho/2024 da Casa Vogue (CV 462), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual, e para assinantes no app Globo Mais.