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Por Redação


Casa da Hera: a história da mansão do século 19 que congelou no tempo — Foto: Wikimedia Commons
Casa da Hera: a história da mansão do século 19 que congelou no tempo — Foto: Wikimedia Commons

Testemunha das riquezas geradas pelo Ciclo do Café no Brasil, a Casa da Hera é uma relíquia parada no tempo. Construída no século 19, a residência abrigou a aristocracia carioca e, hoje, funciona como o Museu Casa da Hera, mantido pelo Governo Federal.

Os primeiros registros da mansão datam de 1836, em uma planta baixa da cidade de Vassouras, no Rio de Janeiro, onde foi erguida. O município fica no Vale do Paraíba, que se tornou a maior região produtora de café do mundo a partir de 1850 – para se ter ideia, Vassouras chegou a ganhar o apelido de “Princesinha do Café”.

A residência possui 948 m², 22 cômodos e 69 janelas — Foto: Wikimedia Commons
A residência possui 948 m², 22 cômodos e 69 janelas — Foto: Wikimedia Commons

A Casa da Hera pertenceu ao Dr. Joaquim Teixeira Leite (1812-1872), negociante de café e irmão do Barão de Vassouras. Com 948 m², 22 cômodos e 69 janelas, a mansão possui mobiliário, porcelanas, prataria, quadros e objetos de uso pessoal e doméstico, preservando o modo de viver da aristocracia cafeeira do século 19. Além disso, o museu conta com uma biblioteca com cerca de mil volumes e três mil periódicos e um piano francês Henri Herz (que ainda funciona).

Este piano francês Henri Herz, do século 19, é um dos únicos exemplares em funcionamento no mundo — Foto: Divulgação/Museu Casa da Hera
Este piano francês Henri Herz, do século 19, é um dos únicos exemplares em funcionamento no mundo — Foto: Divulgação/Museu Casa da Hera

Ainda, o Museu Casa da Hera possui uma coleção de indumentárias assinada por mestres da alta costura internacional, como Charles Worth. Constituído por 44 peças, o acervo apresenta roupas e acessórios muito variados, como trajes para passeio, montaria, festas e roupas para dormir, além de sapatos, sombrinhas, chapéus e leques.

Hobby em filó preto e aplicações de renda — Foto: Divulgação/Museu Casa da Hera
Hobby em filó preto e aplicações de renda — Foto: Divulgação/Museu Casa da Hera

A Casa da Hera também possui móveis originais que foram conservados, como o cofre que pertenceu ao Dr. Joaquim. A peça conta com uma estrutura de madeira repleta de gavetas e compartimentos onde, por trás de um fundo falso, o proprietário guardava seu dinheiro. A propriedade também conta com parte do papel de parede original da época, um conjunto de sofás e cadeiras austríacos e diversos quadros.

A mansão era dividida entre área comercial e íntima: a primeira era destinada aos negócios cafeeiros, onde o dono da casa recebia comerciantes, fazendeiros, políticos e outros interessados, enquanto a área íntima era restrita, destinada aos familiares e amigos. A Casa da Hera também possui áreas sociais, marcadas pelo luxo e riqueza, e de serviço, destinadas aos afazeres domésticos diários – como a copa e a cozinha.

O túnel de bambus da chácara que abriga o Museu Casa da Hera é conhecido como "túnel do amor" — Foto: Wikimedia Commons
O túnel de bambus da chácara que abriga o Museu Casa da Hera é conhecido como "túnel do amor" — Foto: Wikimedia Commons

Para completar, a residência fica em um terreno de 33 mil m², rodeado por plantas nativas da região e árvores frutíferas, como jabuticabeiras. A chácara, que inclusive faz parte do circuito de visitação do museu, abriga um jardim histórico, roseiras, uma horta mandala, que conta com canteiros concêntricos que respeitam a agricultura ecológica, e um extenso túnel de bambus, também chamado de “túnel do amor”.

Túnel de Bouganville — Foto: Divulgação/Museu Casa da Hera
Túnel de Bouganville — Foto: Divulgação/Museu Casa da Hera

A fachada da casa se destaca com as heras envolvendo suas paredes. Porém, você sabia que ela nem sempre foi assim? Na verdade, a mansão não era 'abraçada' por esta planta pendente até 1887, quando o caseiro responsável pelo local resolveu plantar a espécie. Sua aparência é tão marcante que, inclusive, dá nome à residência.

A Família Teixeira Leite

Eufrásia Teixeira Leite (em pé) ao lado de sua prima e sua irmã, Francisca Bernardina Teixeira Leite — Foto: Wikimedia Commons
Eufrásia Teixeira Leite (em pé) ao lado de sua prima e sua irmã, Francisca Bernardina Teixeira Leite — Foto: Wikimedia Commons

Segundo vídeo do historiador Paulo Rezzuti publicado no Youtube, Dr. Joaquim Teixeira Leite, que comprou a residência por volta de 1840, era filho de mineiros e financista, sendo responsável por intermediar a relação entre fazendeiros e exportadores. Joaquim se casou com Ana Esméria Teixeira Leite (1827-1871), que era a filha de um dos principais barões de café da região, com quem teve duas filhas: Francisca Bernardina Teixeira Leite (1845-1899) e Eufrásia Teixeira Leite (1850-1930).

“Tanto o Joaquim quanto a Ana faleceram no começo da década de 1870, deixando Eufrásia e Francisca órfãs e herdeiras de uma imensa fortuna. A família queria casá-las com parentes, para que o dinheiro permanecesse entre eles, mas as irmãs tinham outros planos. Elas fecharam a firma do pai e se mudaram para Paris. Eufrásia quadruplicou o dinheiro das duas investindo na Bolsa de Valores”, conta Paulo Rezzutti. Confira o vídeo completo:

Pintura de Eufrásia Teixeira Leite — Foto: Wikimedia Commons
Pintura de Eufrásia Teixeira Leite — Foto: Wikimedia Commons

Eufrásia Teixeira Leite é considerada a primeira mulher brasileira a operar no mercado financeiro – é dito que a carioca teria aprendido matemática financeira em sua juventude, sendo muito habilidosa com dinheiro. Foi ela a responsável pela preservação da Casa da Hera, já que deixou registrado em seu testamento o desejo de que a residência fosse conservada, além de destinar sua fortuna para a cidade de Vassouras. Eufrásia faleceu aos 80 anos, no Rio de Janeiro, e nunca se casou ou teve filhos.

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