• 21/03/2019
  • Por Paula Jacob | Fotos Netflix/Divulgação
Atualizado em
Coisa Mais Linda (Foto: Aline Arruda/Netflix)

Cores quentes, verão, praia e muita música: não poderíamos estar falando de outro lugar a não ser o Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa é palco de Coisa Mais Linda, nova série original da Netflix, que remonta o nascimento da Bossa Nova nos anos 1960. A protagonista é Maria Luiza (Maria Casadevall), uma jovem mulher paulista que muda para o Rio para abrir um restaurante com o marido, mas tudo muda ao descobrir a infidelidade dele. Em meio à inebriante atmosfera carioca, Malu resolve dar a volta por cima insistindo no novo negócio com um quê boêmio, dedicado à música ao vivo com os novos nomes que estão pipocando na cena musical.

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‘Coisa mais linda’, nova série da Netflix, remonta o Rio de Janeiro dos anos 1960 (Foto: Netflix/Divulgação)

Criada por Heather Roth, norte-americana apaixonada por Bossa Nova, e Giuliano Cedroni, roteirista e produtor brasileiro, Coisa Mais Linda tenta abocanhar discussões atuais dentro da trama de época, com quatro mulheres nos papéis principais. Todas buscam uma forma de liberdade dentro de um contexto político-social no qual as mulheres (muitas delas) não podiam trabalhar, não tinham direito de tocar negócios sem a autorização dos respectivos maridos e, para a personagem Adélia (Pathy Dejesus), as questões raciais se somam aos problemas de gênero na sociedade. Vale ressaltar que alguns dos pontos tocados pela série ainda existem até hoje - uma reflexão importante a se fazer.

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‘Coisa mais linda’, nova série da Netflix, remonta o Rio de Janeiro dos anos 1960 (Foto: Netflix/Divulgação)
‘Coisa mais linda’, nova série da Netflix, remonta o Rio de Janeiro dos anos 1960 (Foto: Netflix/Divulgação)

A introdução da música nesse contexto é permeada tanto do lado de Malu, com seu novo bar de música ao vivo, quanto na roda de amigos que lhe é apresentada em sua estadia no Rio de Janeiro. Personalidades reais inspiram os personagens da tela: Fernanda Vasconcellos é Lígia, uma esposa frustrada com o controle excessivo do marido, que busca uma carreira na música - seus traços de Nara Leão se misturam com o estilo de Maysa Matarazzo; Chico (Leandro Lima), por sua vez, é o precursor do movimento da Bossa Nova no Rio, e apresenta traços de João Gilberto e Chico Buarque.

Coisa Mais Linda (Foto: Aline Arruda/Netflix)
‘Coisa mais linda’, nova série da Netflix, remonta o Rio de Janeiro dos anos 1960 (Foto: Netflix/Divulgação)

Com uma paleta de cores à la Mad Men e uma atmosfera que lembra Marvelous Mrs. Maisel, Coisa Mais Linda se destaca pelas ambientações impressionantes e muito bem decoradas. A direção de arte é assinada por Fabio Goldfarb, que já trabalhou com o diretor da série em O Roubo da Taça. As cores da época são evidenciadas em decorações luxuosas dos apartamentos e escritórios - muitos dos cenários foram gravados em estúdio -, criando uma atmosfera vívida com um quê nostálgico. As cenas externas também ganham o charme da década. E nem o incrível Aeroporto Santos Dumont, projetado pelos irmãos Marcelo e Maurício Roberto, do MMM Roberto, fica de fora desse mood saudosista. Outros ícones do modernismo brasileiro surgem nas decorações dos cenários e nas locações usadas para as gravações - fiquei atento aos horizontes e às vistas da cidade.

‘Coisa mais linda’, nova série da Netflix, remonta o Rio de Janeiro dos anos 1960 (Foto: Netflix/Divulgação)
‘Coisa mais linda’, nova série da Netflix, remonta o Rio de Janeiro dos anos 1960 (Foto: Netflix/Divulgação)


Apesar dos belos cenários e figurinos mais do que desejáveis, Coisa Mais Linda deixa a desejar no quesito roteiro, com diálogos forçados e ações escrachadas. Falta sutileza para deixar a história harmoniosa em sua totalidade. Ainda assim, sua importância como produção nacional e com protagonistas femininas de diferentes origens com lutas muito particulares é inegável.  

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