Mercado

Por Thais Villaça

Os SUVs viraram objeto de desejo nos últimos anos, por isso a oferta de modelos no segmento não para de crescer. Mas em um mercado grande como o brasileiro, tornar-se preferência entre os consumidores não é tarefa fácil.

Apesar de existirem modelos que não saem das listas de mais vendidos, outros acabam sendo “esquecidos” por aqueles que procuram um carro novo, seja pela falta de informação e divulgação das próprias marcas, por terem preço mais salgado que o dos rivais ou simplesmente por não chamarem tanto a atenção do público.

Isso não significa que sejam carros ruins; pelo contrário! Alguns deles oferecem custo-benefício atraente, lista de equipamentos recheada, bom espaço ou ampla gama de versões. Mesmo assim, simplesmente não caíram no gosto dos consumidores.

Confira cinco exemplos de bons SUVs que se encaixam nessa categoria.

Ford Territory enfrentou vários problemas durante o período de lançamento no Brasil — Foto: Bruno Guerreiro
Ford Territory enfrentou vários problemas durante o período de lançamento no Brasil — Foto: Bruno Guerreiro

O lançamento do Territory no Brasil foi prejudicado por uma série de razões. Apresentado ao público com toda a pompa e circunstância durante o Rock in Rio 2019, o modelo gerou grande interesse antes da estreia e foi prometido para o ano seguinte. Mas no meio do caminho começou a pandemia, atrapalhando a vida (e as vendas) não só da Ford, como de todas as fabricantes.

O SUV finalmente chegou às lojas em agosto de 2020 em uma situação atípica e complicada para o mercado. Poucos meses depois, em janeiro de 2021, a Ford anunciou o fechamento de suas fábricas no país, causando desconfiança dos clientes da marca, apesar de manter suas operações por aqui. Além disso, sua origem chinesa também não foi muito bem recebida.

SUV é equipado com motor 1.5 turbo de 150 cv — Foto: Bruno Guerreiro
SUV é equipado com motor 1.5 turbo de 150 cv — Foto: Bruno Guerreiro

Essa conjunção de fatores foi o suficiente para que o Territory tivesse vendas tímidas no Brasil. Logo em seguida, o modelo 2022 já perdeu a versão de entrada SEL, restando apenas a Titanium, que continua no catálogo até hoje por R$ 219.390 - mais caro que seus principais rivais diretos, como o Jeep Compass Limited (R$ 206.990) ou o Volkswagen Taos Highline (R$ 209.190).

O SUV é equipado com motor 1.5 turbo a gasolina de 150 cv e 22,9 kgfm de torque, além de câmbio automático do tipo CVT que simula oito marchas. Apesar de beberrão, oferece ótimo espaço interno, acabamento luxuoso e boa dose de tecnologia. Mas não emplacou no coração dos brasileiros. Sua nova geração acaba de estrear na Argentina. Resta saber se ele continuará a ser importado para o Brasil, onde já foi flagrado em testes, ou se a Ford dará adeus a mais um modelo de sua linha.

Mitsubishi Eclipse Cross teve pouco mais de 700 emplacamentos neste ano — Foto: Divulgação
Mitsubishi Eclipse Cross teve pouco mais de 700 emplacamentos neste ano — Foto: Divulgação

A Mitsubishi nunca teve grande destaque no mercado brasileiro por ser uma empresa de operação bem mais restrita que a de fabricantes maiores e mais tradicionais. Aliás, nunca foi sua pretensão ser uma marca de altos volumes, mas sim construir uma base sólida, com vendas consistentes com suas restrições. E isso a japonesa fez bem ao longo dos anos.

Talvez por isso seus modelos não sejam tão lembrados por boa parte dos consumidores na hora de escolher um carro novo. Apesar de um bom número de concessionárias espalhadas pelo Brasil, não há muita divulgação envolvida e o interesse maior é fidelizar o cliente que já conhece a marca. Seu foco também é mais voltado para carros aventureiros, com tração 4x4, e em sua grande estrela, a picape L200.

Modelo é oferecido em quatro versões e tem preço inicial de R$ 195.990 — Foto: Divulgação
Modelo é oferecido em quatro versões e tem preço inicial de R$ 195.990 — Foto: Divulgação

Dessa forma, sobra pouco espaço para os carros de passeio mais urbanos, como é o caso do SUV Eclipse Cross. Apesar de ter diversas qualidades, ver um exemplar na rua é algo bem raro: até o fechamento de março, somente 707 unidades foram emplacadas, enquanto o Jeep Compass, líder da categoria e seu concorrente direto, já vendeu mais de 15.500 carros.

Nem a mudança no estilo no ano passado, que acabou com a traseira polêmica, empolgou os consumidores. Mas o Eclipse Cross merecia uma segunda chance. São quatro opções oferecidas, com preços que variam de R$ 195.990 a R$ 242.990. Todas são equipadas com motor 1.5 16V turbo de quatro cilindros a gasolina de 165 cv e 25,5 kgfm, câmbio automático CVT que simula oito marchas e duas opções de tração: 4x2 ou 4x4, dependendo da versão.

Peugeot 3008 GT é tabelado a R$ 257.990 — Foto: André Schaun
Peugeot 3008 GT é tabelado a R$ 257.990 — Foto: André Schaun

A Peugeot vem alçando novos voos desde que passou a integrar o guarda-chuva da Stellantis, formada após a fusão entre FCA e PSA. Impulsionadas especialmente pelo 208, as vendas voltaram a subir e hoje a marca ocupa a 11a posição no ranking das fabricantes.

Mas nem sempre foi assim. Por muitos anos a Peugeot teve uma fama não muito boa no mercado, de ter carros com manutenção cara e altos índices de desvalorização. Essa reputação não muda do dia para a noite, por isso alguns modelos ainda seguem como opções menos procuradas pelos consumidores.

Importado da França, o SUV acaba ficando mais caro que seus rivais diretos — Foto: André Schaun
Importado da França, o SUV acaba ficando mais caro que seus rivais diretos — Foto: André Schaun

O 3008, por exemplo, é um carro repleto de tecnologia, com um belo design, mas que tem vendas irrisórias. Outro fator que explica tal desempenho é seu preço, bem mais alto que o dos rivais por conta da importação francesa, se distanciando dos modelos de marcas tradicionais para ficar próximo até das versões de entrada dos SUVs premium. São duas opções disponíveis, a Griffe, por R$ 237.990, e a GT, por R$ 257.990.

O SUV é equipado com o conhecido motor 1.6 THP a gasolina de 165 cv de potência e 24,5 kgfm e câmbio automático de seis marchas com tração dianteira. Entre os itens de série, destaque para direção elétrica, seis airbags, teto solar panorâmico com abertura elétrica, alerta de ponto cego, ar-condicionado digital de duas zonas, carregamento do celular por indução, câmeras com visão 360 graus e rodas de liga leve de 19 polegadas.

Toyota RAV4 é o SUV mais vendido no mundo, mas não faz o mesmo sucesso no Brasil — Foto: Divulgação
Toyota RAV4 é o SUV mais vendido no mundo, mas não faz o mesmo sucesso no Brasil — Foto: Divulgação

Há alguns anos, o RAV4 fazia um relativo sucesso no Brasil, puxado pela boa fama da Toyota no país, consolidada pelo sucesso longevo do Corolla. Mas desde que se tornou híbrido, há cerca de quatro anos, o SUV acabou ficando caro e as vendas começaram a diminuir.

A situação foi agravada com o lançamento do Corolla Cross em 2021, um SUV também com opção de motorização híbrida, mas com a vantagem de ser flex e ter preço bem inferior: enquanto o RAV4 é vendido na versão única SX Connect Hybrid por R$ 329.390, o Corolla Cross tem duas versões híbridas, a XRV, por R$ 201.690, e a XRX, tabelada a R$ 209.890.

Híbrido é oferecido em versão única que custa quase R$ 330 mil — Foto: Divulgação
Híbrido é oferecido em versão única que custa quase R$ 330 mil — Foto: Divulgação

Independentemente disso, o modelo tem seus pontos fortes. Afinal, não é à toa que no ano passado ele tenha sido líder de mercado - pela sexta vez consecutiva - entre os SUVs mais vendidos no mundo, com mais de 870 mil unidades. Enquanto isso, no Brasil, os emplacamentos em 2022 somaram apenas 1.084 exemplares.

O RAV4 tem conjunto mecânico formado pelo motor 2.5 de quatro cilindros a gasolina de 178 cv e 22,5 kgfm que atua em conjunto com outros três propulsores elétricos para entregar uma potência de 222 cv e torque de 27,9 kgfm combinados. O câmbio é CVT que simula seis marchas e a tração, integral.

Chevrolet Trailblazer é derivado da picape S10 — Foto: Divulgação
Chevrolet Trailblazer é derivado da picape S10 — Foto: Divulgação

Quando pensamos em um carro da Chevrolet que leve sete passageiros, nossa mente nos leva imediatamente à Spin por ser um modelo urbano e mais em conta. Mas a marca tem outra opção com assentos extras no catálogo: o Trailblazer.

O dilema enfrentado pelo SUV grandalhão, porém, é sua vocação mais rústica, já que é um veículo derivado de uma picape (a S10), e não construído sobre uma plataforma de carro de passeio. Isso significa que ele é mais indicado para os consumidores que precisam de um modelo que enfrente qualquer parada, como trilhas pesadas, por exemplo. E por isso ele fica meio “esquecido” por aqueles que precisam de espaço para levar uma família grande, mas com intenção de rodar apenas na cidade. Nos três primeiros meses do ano, foram emplacadas somente 361 unidades.

SUV recebeu novos recursos de conectividade na linha 2023 — Foto: Divulgação
SUV recebeu novos recursos de conectividade na linha 2023 — Foto: Divulgação

Além disso, ele é caro por ter recursos off-road como tração 4x4 com reduzida e assistência em rampas, dispensáveis para quem não vai colocá-lo em estradas de terra. Oferecido apenas na versão única Premier, o Trailblazer custa R$ 393.430, mais caro que a versão de entrada de rivais mais tradicionais nesse segmento, como Toyota SW4 SRX de sete lugares, por R$ 381.190, e Mitsubishi Pajero Sport HPE, que parte de R$ 376.990.

Sob o capô está o motor 2.8 turbodiesel que entrega 200 cv de potência e 51 kgfm de torque. O câmbio é automático de seis marchas. Entre as atualizações mais recentes, o modelo recebeu novidades na área de conectividade, como serviço de streaming de música Spotify nativo, Wi-Fi a bordo e OnStar, o sistema de “assistente pessoal” da Chevrolet.

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